O partido Rússia Unida, do primeiro-ministro Vladimir Putin, propôs na Duma Estatal (câmara baixa) do parlamento russo nova legislação para reduzir o número de abortos no país, anunciou hoje o deputado Valeri Draganov.
“O número de abortos no nosso país é de seis a oito milhões por ano. Na Rússia realizam-se dois abortos por minuto. Devido a abortos mal-sucedidos, 20 por cento das famílias deixam de poder ser pais”, declarou Draganov.
Segundo o deputado, “um quinto das mulheres grávidas que morrem, falecem como resultado de abortos. Trata-se de números catastróficos. É preciso resolver este problema também no campo legislativo”.
Segundo o novo projeto-lei, o aborto será permitido até às 12 semanas. Se a gravidez se dever a violação, o prazo sobe para 22 semanas ou mais, se existirem indicações médicas nesse sentido.
O Rússia Unida propõe também o pagamento de um subsídio de gravidez entre a 13ª semana e o nascimento da criança.
“Para que se trate de uma decisão consciente, propõe-se a proibição do aborto nas 48 horas depois de a mulher se dirigir a um médico. Se a gravidez for inferior a 11 semanas, esse período aumenta até sete dias”, adianta o texto do projeto-lei.
Além disso, uma mulher que pretenda abortar terá de consultar obrigatoriamente um psicólogo.
O projeto-lei dá aos médicos o direito de recusarem a realização de abortos por razões éticas ou religiosas. Os médicos deverão ainda explicar à mulher as consequências do aborto e ela deverá assinar um documento em como aceita abortar.
18 comentários:
Acho justas essas normas.
Não sou simpático ao aborto após a 12ª semana de gravidez.
Abortos na Rússia são realizados, muitas vezes, de forma pouco humana. O médico faz o procedimento como quem tira uma verruga.
Não deve ser assim, deve ser uma coisa mais humana, ter acompanhamento psicológico.
E outra...
Sabem o por quê de o país ter milhões de abortos?
Simplesmente porque - principalmente nas grandes cidades - casar-se e constituir uma família com o mínimo de dignidade virou uma coisa caríssima, proibitiva para a maior parte da população. A compmeçar pelo preço de uma vivenda, que de 2 cômodos não sai por menos de 35 mil rublos(quase 900 Euros).
Qual trabalhador mias humilde tem condições de criar um filho, se o preço do aluguel beira 1000 euros?
Sem falar que mulher tem que ficar uns 3 anos sem trabalhar - logo, sem renda - até a criança entrar num Jardim de Infância(cada vez mais difícil encontrar uma vaga)...
Qual a a porcentagem da população que tem condições de assumir tais despesas?
Depois muitos cinicamente reclamam do alto número de abortos.
Ps.: A Rússia tem um seríssimo problema com moradia. Seríssimo! Isso ainda vai gerar problemas sociais gravíssimos num futuro não tão distante, que pode ser um gatilho a disparar algum tipo de ebulição social violenta.
Caro milhazes,
esse número de 6 a 8 milhões é absolutamente fantasioso.
É inverdade desse Valeryi Draganov.
O número de abortos na Federação Russa jamais chegou a 2 milhões/ano.
O recorde foi em 2001, com 1,8 milhão nesse ano.
A média é na faixa de 1,5 milhão/ano -- o que é altíssima, diga-se de passagem.
Esse parece ser uima verdadeiro provlemas para a Russia que ve sua população diminuir á pelo menos 20 anos.....
Gilberto, a discrepância não será devida aos abortos registados e não registados. Draganov é um influente deputado da Rússia Unida e não estou a ver o que o levou a exagerar.
retrocesso!
isso leverá a um aumento do número de abortos clandestinos o que resulta numa quantidade maior de mortes causadas por aborto mal praticado, é o que acontece aqui no Brasil. Tb é comum o abondono de criança recém-nascidas, muitas vezes até em latas de lixo. O que leva ao crescimento populacional não são medidas tolas como essas mas sim prosperidade economica.
Caro Milhazes, abortos clandestinos da Rússia são poucos, hja vista que é legalizado.
E mesmo assim, não está a ocorrer uma "epidemia" de abortos.
o número está estável(na verdade até a baixo dos anos anteriores).
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Anônimo,
Não haverá "febre" de abortos clandestinos, pelo contrário. Se o procedimento for mais humanizado, a tendência é que esses abortos(proporcionalmente pequenos em número), diminuam ainda mais.
Conheço moça que fez aborto. Não era nenhuma "vagabunda" ou "promíscua". Mas moça estudiosa e trabalhadora, com parceiro fixo. Que foi levada a essa triste decisão, simplesmente por não ter NENHUMA condição financeira de constituir uma família. E falo da classe-média.
Gravidez inesperada em uma pessoa de classe média no Brasil, creio que em Portugal mais ainda, dá-se um jeito.
Aluga-se bom apartamento ou casa por um preço mais razoável, o seguro maternidade dura cerca de uma ano, com a mãe recebendo salário integral; as famílias são mais unidas, sempre tem avós, tios, tias, irmãos... que ajudam, etc... Algo mais no sentido de "clã". Na Rússia não tem isso, é o casal e só...
De modo que é muito mais propício o aborto na Rússia, nessas condições.
Blogger Gilberto Mucio disse...
"Simplesmente porque - principalmente nas grandes cidades - casar-se e constituir uma família com o mínimo de dignidade virou uma coisa caríssima, proibitiva para a maior parte da população. A compmeçar pelo preço de uma vivenda, que de 2 cômodos não sai por menos de 35 mil rublos(quase 900 Euros)."
Você está a falar de Moscovo. Mas o Moscovo aínda não é a Rússia (e os salários lá tambem são maiores que no resto do país). Na minha cidade qualquer um pode facilmente encontrar uma morada de 10 mil rublos (250 euros) por mes, nalgum dos subúrbios - duas vezes mais barato.
Alem disso, na Rússia muitos podem continuar a viver com os pais, ou já os pais ajudam muitas vezes a comprar um apartamento ou ajudam financeiramente a família jovem se esta não tem meios suficientes para resolver o problema de morada. Não acho que é por não ter onde viver que se faz muitos abortos. Provavelmente uma das razões é a falta de responsabilidade, pouca vontade de dedicar o seu tempo aos filhos etc. Eu conheço algumas pessoas que, tendo os seus próprios apartamentos, não querem ter filhos. Inventam razões diferentes, mas no fundo está o egoismo deles próprios.
Como dizia em 2006 ex-rockeiro russo Pyotr Mamonov “as gajas não querem parir”...
(no cerimónio da recepção do prémio Nika).
" Jest nas Wielu disse...
Como dizia em 2006 ex-rockeiro russo Pyotr Mamonov “as gajas não querem parir”...
(no cerimónio da recepção do prémio Nika)."
Se eu fosse um ucraniano, ficaria calado. Acho que entende porque.
"as famílias são mais unidas, sempre tem avós, tios, tias, irmãos... que ajudam, etc... Algo mais no sentido de "clã". Na Rússia não tem isso, é o casal e só..."
Provavelmente não conhece aínda o país. Moscovo é Moscovo. Mas, mesmo a falar de Moscovo, eu tenho algumas dúvidas quanto às suas palavras. Um conhecido meu, que pertence à classe média, pode facilmente alugar um apartamento decente (mas já não precisa, porque já conseguiu comprar a credito (ou como se chama isso) um apartamento, conseguiu comprar a tempo, porque agora o apartamento dele custa um valor astronómico (uns 500 mil dólares, ou mais até, não me lembro). Em Moscovo os preços são altos, mas os salários tambem.
Desconfio que a moça que menciona seja alguma estudante da provincia, e, provavelmente, não quis voltar para provincia criar um filho na casa dos seus pais (uma coisa habitual na Rússia).
Dr Milhazes,
Tal numero de abortos é muito exagerado e sem lógica.
7-8 milhões de abortos por ano, pense num acumulado por 10 anos de abortos... Daria mais de um aborto por mulher.
A actual taxa de fertilidade no país é de 1,5 filhos e uma estrutura populacional envelhecida, é impossível haver tais numeros de abortos.
Cpmts
Nuno
Que notícia boa!
Caro Anonimo Russo,
A maioria dos amigos, casais que conheço, e que tiveram uma gravidez inesperada, tiveram o filho, pois tinham suporte da família e/ou condições financeiras de criar, mesmo na dificuldade.
A moça que citei não era de província, mas morava com os pais e avó em um apartamento. Estudante e empregada. Porém sem a mínima condição de casar-se e/ou ter o filho.
Não foi "egoísmo".
Não é por "egoísmo" que a maioria das mulheres recorrem ao aborto.
Ps.: Ainda bem que as russas têm consciência e não saem fazendo filhos sem que tenham nenhuma estrutura para criá-lo.
Notícia ótima!
Quanto menos ASSASSINATOS de crianças inocentes, melhor.
O aborto primeiro que tudo é um problema com origem nas condições sociais (existem outras razões).
O anónimo Russo como sempre está a tentar defender o indefensável. Como já lhe disse em tempos, quer mostrar a realidade Russa partir da sua janela.
Desperte dessa fantasia que o alucina e compreenderá que as coisas são muito diferentes daquilo que julga.
Ao estado a que o seu país chegou é a sua própria existência que já está a ficar em risco.
As proporções alarmantes a que chegou o numero de abortos reflete a degradação das condições de vida da população Russa.
Se o país não se desenvolve, a distribuição da riqueza é das mais injustas do mundo, o desnivelamento social outro tanto, criaram-se polos de concentração de riqueza só para iludir as estatisticas, por outro lado existem extensas regiões onde a pobreza gera miséria terceiro mundista. Tanto uma situação como outra contribuem para esse estado de coisas. Os ricos não querem filhos para fazer a vida a seu modo, e os pobres não têm condições para suportar esses encargos. O que esperar de uma sociedade deste tipo?
2 anónimo_russo 19:20
Se eu fosse um anónimo_russo não mandava calar os leitores dos blogues alheios. Acho que entende porque.
Gilberto Mucio disse...
"Não é por "egoísmo" que a maioria das mulheres recorrem ao aborto."
È muito provavel que vc não tem razão. Basta lembrar que todos esses broblemas relacionados à taxa de fecundidade (ou como se chama isso) dependem das "condições sociais", mas num sentido contrário, oposto: quanto mais pobre é o país, mais crianças nascem lá, mais depressa cresce a população deste país. Isto é óbvio para todos, eu acho.
Por isso, o problema mencionado tem mais a ver com problemas da "civilização branca" do que com algumas "condições sociais" da Rússia.
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