Como é sabido, Lisboa foi um dos principais centros europeus de espionagem durante a 2ª Guerra Mundial. Os soviéticos estavam muito atentos às movimentações na capital portuguesa e muito bem informados. Mais um documento dos Arquivos da Espionagem Externa Soviética:
"Comunicação sobre a actividade da espionagem polaca em Lisboa
Fonte: “Zenhen”
15.VI-43
Nº
Sobre a acrividade da espionagem polaca em Lisboa.
Goztinitsa [Hotel] controla o correio diplomático dos polacos de Lisboa para a Inglaterra, Z. tem agora todos os materiais do correio diplomático polaco desde Março até ao presente. Esses materiais dão um quadro total do trabalho da organização de KOWALEVSKI em Lisboa. Esta organização está sujeita ao Ministério do Interior da Polónia, antes dirigido por KOT. A maioria dos relatórios de KOWALEVSKI para Londres é dirigida a Jan LIBRACH.
KOWALEVSKI e a sua organização cumprem diversas funções, mais precisamente: actividade de espionagem, prestação de ajuda aos polacos que se encontram no território do inimigo, mantendo ligações com eles, enviando ajuda material e prestando apoio aos refugiados de países ocupados da Europa. Nos materiais, KOWALEVSKI há a menção do envio de “gramofones” para França. Talvez os “gramofones” sejam emissores de rádio. Mas Z. assinala que nos materiais de KOWALEVSKI não há qualquer menção a que KOWALEVSKI receba informações dos seus agentes via rádio.
Z. comunica que os materiais de KOWALEVSKI têm interesse duplo, mais precisamente: as ligações de KOWALEVSKI e o carácter da sua actividade. Z. comunica o seguinte sobre essas duas questões:
1. Linha de ligação e contactos de KOWALEVSKI.
Numa das informações da espionagem alemã de Lisboa, captada por Kurort, escrevia-se que o francês Jean Charles Alexandr ALEXANDER, que vive em Lisboa, transmitiu aos alemães as ligação abaixo citadas dos polacos: KUPFERMAN (Gostinitza ainda não determinou quem ele é), ZILBERSHTEIN (trabalha com emigrantes-judeus polacos, que vive em Genebra, na missão polaca em Berna, um endereço qualquer em Vichi) e ZALESKI (vivia em Grenoble).
Depois de terem obtido informação de ALEXANDER, os alemães interceptaram toda a correspondência enviada para esses endereços e enviavam através de homens seus. Mas, em Fevereiro de 43, eles decidiram pôr fim a isso. Em Março, a fim de encobrir ALEXANDER, eles detiveram ZALESKI, que foi intensamente interrogado sobre os polacos. Os materiais do correio mostram que todas essas linhas de comunicação partiam de KOWALEVSKI.
KOWALEVSKI tinha ligações com França e Suíça através:
a) do correio argentino que, em Fevereiro de 43, esteve em Vichi, Grenoble, Berna e Roma;
b) do correio português, que viaja entre Lisboa e Berna, possivelmente, e França;
c) da organização (Czarny). A alcunha de “Czarny) pertence ao segundo tenente PALLUTZ, que, juntamente com outros polacos (espiões) em Janeiro de 43, partiu para França e Espanha.
Gostinitza não conseguiu ainda estabelecer os nomes dos correios português e argentino.
As cartas endereçadas a ZILBERSHTEIN e à missão polaca em Berna eram levadas pelo correio português. Para ZALESKI as cartar eram levadas pelo correio do “Czarny”."
4 comentários:
I think this is one of the most important information for me. And i am glad reading your article. But should remark on few general things, The website style is perfect, the articles is really nice
Doutor Milhazes, assunto para novo livro?
Em caso afirmativo, sugestão para título:
"A espionagem soviética em Portugal durante a 2ª guerra mundial"
Caro Jorge, não sou muito forte neste campo. Vamos ver
Pressuponho que se trata dos serviços secretos polacos afectos ao governo polaco em Londres, o governo que a esquerda que posta neste blogue classificou de “insignificante” lol
Enviar um comentário