quinta-feira, setembro 08, 2011

Blogo do leitor (Ucrânia aos olhos americanos)



Texto enviado pelo leitor Jest:
 
"Recentemente, nos EUA saiu terceiro guia turístico dedicado a Ucrânia. O seu autor, americano Andrew Evans viveu na Ucrânia durante alguns anos, visitando a maioria das regiões do país. Eis as partes mais interessantes das suas observações sobre Ucrânia e ucranianos.

Sobrevivência está no sangue dos cidadãos da Ucrânia. Eles conheceram muitas desgraças, talhadas à humanidade, mas conseguiram sobreviver. A crise financeira mundial é a confirmação disso. O sentimento da certeza está enraizado na compreensão de uma verdade simples: se por acaso acontecer algo, os ucranianos vão pegar pás, enxadinhas e ancinhos para cultivar nas suas dachas a batata e sobreviver o Inverno mais rigoroso.

A sociedade ucraniana tem muitas mulheres idosas. Parece que elas estão em todo o lado e sempre estão ocupadas com algo: varem as ruas, carregam os sacos muitíssimo grandes, vendem alguma coisa. Porquê Ucrânia tem tantas babushkas? Durante a II G.M., URSS perdeu 20 milhões de pessoas (26,6 para ser mais preciso), maioritariamente homens jovens. As suas esposas, irmãs e mães sobreviveram e agora representam a maioria da população. Elas são velhinhas, mas fibrosas, se reformaram durante a Independência e sobreviveram as dificuldades.

Os ucranianos tratam todas as senhoras idosas com respeito – babushka, babulya ou babusya. A maioria das crianças ucranianas foi educada por elas. Para os turistas estrangeiros elas são testemunhas vivas dos acontecimentos históricos: guerra, Holodomor. Comprando das velhotas as flores ou sementes de girassol, você, dessa maneira as apoia a ajuda financeiramente. Será justo dizer que agora, os ucranianos vivem melhor, do que em qualquer outra época da sua história.

O passado incerto e a insegurança sobre o dia de amanha criaram nos ucranianos a resistência superior. As suas decisões dependem sempre daquilo que realmente importa – mudança das estações, família e a capacidade de sobreviver. Hoje eles conhecem o seu papel na história e com grande orgulho olham para o seu passado nada simples. Pela primeira vez eles têm acesso à verdade histórica.

Na Ucrânia vocês são avaliados pela roupa. Saindo para o público, os ucranianos vestem-se de melhor, independentemente do seu estatuto social. Se você venha no tempo frio, conseguirá ver com próprios olhos como as mulheres conseguem não cair no gelo de salto alto e os homens ter as calças limpas durante todo o dia, apesar de lama.

Ucranianos gostam da conversa à mesa – bebem, comem, cantam, contam histórias e anedotas. Eles são bons filósofos. São hospitaleiros e com muito gosto abrem as portas para qualquer forasteiro, quem conhecem não mais que um minuto. Ao visitante vão oferecer chá e quase certo que uma boa refeição.

As forças ocultas para os ucranianos são a razão de todas os males e desgraças. O tipo mais comum é o mau olhado. Ele pode provocar cansaço, depressão, dor dos dentes, discussões na família, problemas no serviço, evacuação aguada.

Ucranianos adoram ler. Os livros são símbolo estatutário. Por isso mesmo na província mais longínqua você encontra grandes livrarias da literatura ucraniana e russa. O regime soviético permitiu a leitura de alguns escritores estrangeiros. Aqui as pessoas conhecem Hemingway, Jack London, John Steinbeck e Arthur Conan Doyle. As canções populares ucranianas são sobre o amor, vodka ou amor à vodka. As vezes ainda o toucinho. Algumas são brincalhonas, mas maioria – cheias de tristeza. O instrumento tradicional para o acompanhamento é a bandura em forma de lágrima. Mas hoje cantam mais com a guitarra. O folclore soviético também faz parte do repertório.

Os estrangeiros ficam chocados com a convicção dos ucranianos do que a própria vítima é culpada do crime. Eles nunca abrem a porta sem perguntar “Hto tam?” ou sem olhar para o buraquinho de vigia. No mercado não lhe venderão os produtos estragados e lhe dirão elogios de todo o coração e sem nenhuma ironia.

Ucranianos sabem ficar na fila. Ao mesmo tempo não respeitam os restantes pessoas nela. Pode acontecer que você está nela uns 20 minutos ou mais, até que à sua frente se meterá, sem nenhuma desculpa, algum descarado. Com estes melhor não se meter. Se em frente do guiché você procura o dinheiro ou bilhetes, então ucranianos acham que isso lhes dá o direito de ocupar o seu lugar. Cuidado! Podem ficar no fim da fila... Quando aparece eléctrico, autocarro ou metro, se esquecem da fila. Todos tentam entrar no transporte mais depressa e primeiros, empurrando todos os outros. Se serão vagarosos, correm o risco de não entrar dentro.

Ucranianos gostam de fotografias. Cada família tem em casa um tesouro com os álbuns. Os desconhecidos nas ruas também não se oponham se os fotografam. Se um adulto repara que é fotografado, ele deixa de sorrir e faz uma cara séria como “para passaporte”. Se o pedir para sorrir, ele mais certamente responderá “vsyo/use” (basta) e irá embora. Os deficientes das cadeiras de rodas são possíveis de encontrar apenas junto à igreja onde eles pedem a esmola. Na Ucrânia essas pessoas não têm nenhuma infra-estrutura.

Nos autocarros e outros transportes no Inverno por vezes é muito frio, e você, vai rezar para que entre uma grande babushka e sente ao seu lado. Os comboios são melhores meios para se mover no país, pois custam muito barato. E ali você irá ver uma Ucrânia genuína. Se você quer voltar da Ucrânia vivo, não beba a água da torneira. Ela é terrível no sabor e provoca uma diarreia horrível. Beba a água mineral ou então fervida. Chá e bebidas nos restaurantes são seguros.

Se você quer uma verdadeira comida ucraniana – faça tudo que é possível para aparecer num jantar familiar. Nenhum restaurante conseguirá alcançar uma mestria culinária como babushka ucraniana. Viajar sem comida na Ucrânia é tido como pecado. As pessoas que você conheceu agora mesmo podem lhe oferecer grandes cestos de alimentos “para o caminho”. Mesmo se isso é uma viagem de duas horas de autocarro. Ucranianos gostam do sorvete durante todo o ano. Ele é vendido e comido nas ruas, mesmo nos dias mais frios de Janeiro. Se o sorvete não se derrete na boca, ele é mastigado.

Se viajar com as crianças então uma boa ideia é comprar o assento para a sanita e sempre o ter consigo. Isso pode facilitar as visitas às terríveis casas de banho do tipo “buraco na terra”. Ou os retretes nos comboios. As fraldas podem ser compradas em qualquer grande supermercado. Apenas digam “pampers” com a pronúncia russa.

Comprando a roupa para visitar Ucrânia, levem consigo o estojo de costura e um considerável stock de botões, pois na Ucrânia eles são frequentemente arrancados. Dependendo da parte do país que você irá visitar, levem o dicionário de bolso russo ou ucraniano, melhor ambos.

Permitir que um homem lhe compra as bebidas e também aceitar o convite para ir à sua casa são ideias péssimas. Aos mais insistentes é possível dizer que você é uma mulher profundamente religiosa: “Ya verushaya / Ya viruyucha”. E eles a deixarão em paz.

Coloquem os seus pertences em uma mala simples, nada mercante, para não chamar a atenção desnecessária. Para os passeios pela cidade não levem as carteiras “brilhantes” – coloquem as coisas no saco plástico de compras, que é usado pela maioria dos ucranianos. Os ladrões nunca pensarão de o roubar.

No museu você será imediatamente e sem nenhum apelo informado para onde ir e o que ver. Passeios livres pelas salas – isso “ni-ni”, e se você terá a coragem de deixar passar uma sala ou ir na direcção oposta, irá experimentar em si a irra da babushka. Por causa da falta de financiamento, os museus raramente ficam quentes, e os vigias não ligam a luz na sala, até que você entre nela. No entanto, o efeito de ligar e desligar a luz, dependendo da direcção do seu movimento mais certamente dá a sensação da sua própria omnipotência.

Ucrânia se prepara cada vez mais para o turismo organizado em grupos. Se você quer ver algo definido é melhor escolher essa possibilidade. Mas ai você não saberá o que significa a Ucrânia genuína. As mulheres extremamente brutas em capacetes, comboios nocturnos e escapadelas à natureza ficam fora do autocarro turístico. Mas por vontade própria você terá uma oportunidade óptima de comunicar com as pessoas locais e isso é o mais valioso e mais interessante na viagem a Ucrânia.

Fonte:

19 comentários:

Jest nas Wielu disse...

Bónus

Sugestões sobre o tursimo na Ucrânia:
http://www.traveltoukraine.org

5 lugares à visitar na Ucrânia, sugestão do Andrew Evans (YouTube):
http://www.youtube.com/watch?v=
TVgMa-H0IkY

Gilberto disse...

Infelizmente o visto de turismo para brasileiros na Ucrânia é MUITO caro... :/

HAVOC disse...

Tem que ser muito corajoso fazer turismo na Ucrania... Gastar dinheiro em um país quebrado, que não tem nenhuma atração pública, só pobreza... Eu preferia conhecer Belarus do que a Ucrania!!!

Jest nas Wielu disse...

2 Gilberto Mucio 09:54
“MUITO caro” é exactamente quanto? USD/ Real?

Presidentes Lula e Viktor Yuschenko assinaram um acordo que prevê abolição dos vistos, agora é só o Senado do Brasil aprovar a medida (Ucrânia já aprovou) e poderá viajar sem o visto. Assim fizeram em Agosto mais de 180 brasileiros (maioria do Paraná) que visitaram várias cidades ucranianas...

Gilberto disse...

MUITO caro, Jest.

Não lembro exatamente o valor, mas algo como uns 300 Euros, algo do tipo.

Por isso que por esse preço não compensa. Além das despesas de viagem, 300 euros só de visto é demais.

Se não fosse o visto por esse preço, iria com frequência à Ucrânia.

Em junho não fui à Kiev com um grupo de amigos russos porque não tenho visto.

É uma mer** isso. hehe

Se você souber algo a respeito da isenção de visto, avise-nos, por favor.

Anónimo disse...

O Oeste da Ucrânia é muito interessante, principalmente na Região de Lviv que é batante européia! A cidade tem restaurantes, cafés, teatros e muitas heranças aqrquitetonicas da época que fazia parte do Império Austro-hungaro. Lviv é patirmonio histórico da Unesco. Decerto que é bem melhor do que visitar Belarus, aquela Disneylandia totalitária. O realismo soviético da fachada dos prédios é muito monótona! Sem contar que ele não devem permitir tão facilmente a entrada de estraneiros no país, a KGB deles eu estou falando...

Anónimo disse...

Daqui a pouco a Ucrânia estará no tratado Shengen e logo não se precisará mais de visto algum para viajar pra lá.

Anónimo disse...

Boas
Neste momento um Europeu pode entrar na Ucrânia sem qualquer visto.
E recomendo vivamente uma visita à Ucrânia, por motivos variados, é uma país muito bonito e um um povo que sabe receber e por qual sinto bastante apreço.
Jorge

anónimo_russo disse...

Anónimo disse...
Boas
Neste momento um Europeu pode entrar na Ucrânia sem qualquer visto.
E recomendo vivamente uma visita à Ucrânia, por motivos variados, é uma país muito bonito e um um povo que sabe receber e por qual sinto bastante apreço.
Jorge



Эх, Жора, Жора! Ещё бы ты не "sentia bastante apreço". Ты же, поди, сам хохол.

Jest nas Wielu disse...

2 Gilberto Mucio

Gilberto, Gilberto, eu sabia que os preços de vistos não eram altos, mas agora já tenho a certeza, vejamos os dados na página da Embaixada da Ucrânia no Brasil:

Será estabelecida única taxa consular para todos os tipos de visto diferenciada pelo número de entradas permitidas (http://www.mfa.gov.ua/brazil/port/31699.htm)

- visto de uma entrada – 85,00 dólares americanos;
- visto de duas entradas – 130,00 dólares americanos;
- visto de múltiplas entradas – 200,00 dólares americanos.

Como pode ver, nenhum valor se aproxima aos 300 Euros que V. Excia menciona. Não quero dar nenhum adjectivo à sua acção (desinformação?), deixo isso ao critério dos demais leitores....

p.s.
Sim, os cidadãos da UE não precisam de visto, nas visitas menores que 90 dias.

Jest nas Wielu disse...

2 anónimo_russo 16:07
Anónimo russo, como um verdadeiro russo não pode comentar nada sem usar clichés chauvinistas e discriminatórios, cidadão do 3˚ Roma, sem duvida alguma...

anónimo_russo disse...

Jest nas Wielu disse...
"2 anónimo_russo 16:07
Anónimo russo, como um verdadeiro russo não pode comentar nada sem usar clichés chauvinistas e discriminatórios, cidadão do 3˚ Roma, sem duvida alguma...

16:26"



Nós, aqui, no 3ºRoma, somos assim, tem razão.

kauskas disse...

Amigo urso quer comparar a Belarus com a Ucrânia, se visse só Kiev ficaria já um bocado mais inteligente que é uma coisa que me parece que lhe faz falta, a Crimeia os Cárpatos e suas cidades e vem com a sua perspicácia falar na Belarus tenha dó de si homem.

Gilberto disse...

«- visto de múltiplas entradas – 200,00 dólares americanos.»

200 dólares não são 300 euros, é verdade. Mas ainda assim é caro.

(e já foi mais caro)

Anónimo disse...

Eu admiro o povo ucraniano, um povo que já sofreu nas mãos dos 2 piores regimes políticos de toda a história da humanidade, regimes esses que tentaram extermina-lo. É um povo muito guerreiro, firme, forte e resistente. Com todo o bloqueio, boicote e interferências de Moscou na sua política esse país se mantém de pé! O povo ucraniao é orgulhoso de si e não se ajoelha nem se rebaixa as contínuas agressões e determinação de Moscou. Coragem! A Ucrania um dia será livre e membro da UE!

Gilberto disse...

A União Européia - que já nasceu fadada ao fracasso - não vai querer, ainda mais agora, 45 milhões de esfomiados. Eles não querem a Ucrânia.

Gilberto disse...

*esfomeados.

Jest nas Wielu disse...

2 Gilberto Mucio 12:08
Gilberto ainda não se desculpou por mentir e já anda a julgar os outros, onde está a sua ética, caro Gilberto?...

jorge otavio disse...

20.09.11- vota-se hoje no senado a isenção dos vistos.

OBS: 1- Qq país que proponha visto no mudo globalizado perde com turismo...fato
2- Julguem o povo e não o governo da BELARUS.
3- UCRANIA e BELARUS são países periféricos e pobres comparadas a europa ocidental, coloco-as como uma Hungria e Bulgária ,respectivamente na visão ds europeus.
4- interessa aos europeus ocidentais a matéria-prima e capacidade nuclear da ucrânia, bem como o mercado consumidor.
5- na crise atual impensável pensar na entrada da Ucrânia na UE , nem o pleito croata progrediu em 2011... ou seja, as antigas ex-repúblicas estão caminhando, cada quaal em seu ritmo, a entrar nesta roda capitalista no momento em que esta mesma roda rediscute seu papel...