A Rússia criticou hoje a decisão do Conselho da União Europeia ter confirmado o mandado da Comissão Europeia para as conversações com Turquemenistão e Azerbaijão com vista à assinatura de um acordo de realização do projeto do Gasoduto Transcaspiano.
“O Ministério dos Negócios da Rússia lamenta a decisão do Conselho da UE. A julgar por tudo, ela foi tomada sem ter em conta a situação jurídica e geopolítica realmente hoje existente na bacia do Cáspio”, considera Alexandre Lukachevitch, porta-voz da diplomacia russa.
Lukachevitch recorda, num comunicado publicado em Moscovo, que “os Estados do “quinteto do Cáspio” (Rússia, Cazaquistão, Turquemenistão, Azerbaijão e Irão) acordaram que todas os problemas na região serão exclusivamente solucionados pelos Estados ribeirinhos. Sem dúvida que entre essas questões estão os planos de construção de um Gasoduto Transcaspiano em águas fechadas e com grande atividade sísmica”.
“Semelhante gasoduto é uma qualidade completamente nova, pela envergadura e riscos potenciais, incomparavelmente maiores do que os necessários quando da extração de recursos minerais no fundo com oleodutos tecnológicos do jazigo até à costa, que existem no Mar Cáspio. Pelo que sabemos, esta é a primeira experiência da União Europeia e ficamos espantados ao saber que haja intenção de o instalar no Cáspio, em cuja costa não há Estados da UE”, justificou Lukachevitch.
Segundo ele, “as tentativas de ingerência externa nos assuntos do Cáspio, tanto mais sobre questões sensíveis para os membros do “quinteto do Cáspio”, são capazes de complicar seriamente a situação nessa região, refletir-se negativamente nas conversações entre os cinco Estados sobre o novo estatuto jurídico do Cáspio”.
“Decisões sobre projetos de tal envergadura devem ser aprovados por todos os Estados do Cáspio”, frisou.
“Esperamos que o Conselho da União Europeia olhe com a devida atenção para a posição da Rússia e dos outros Estados do “quinteto do Cáspio” e se abstenha de ações não acordadas nesse formato”, concluiu o diplomata.
O Gasoduto Transcaspiano deve ser parte integrante do chamado “Corredor do Sul”, projeto da UE com vista a reduzir a dependência europeia dos fornecimentos de gás russo.
Segundo ele, o gás do Turquemenistão será transportado através do Azerbaijão, Geórgia e Turquia para a Europa, através do gasoduto Nabucco.
As autoridades turcomenas calculam poder fornecer à Europa até 40 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano.
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