O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, manifestou-se convicto de que o renovado Teatro Bolshoi está “impecável” e “tecnicamente moderno”, mas que, ao mesmo tempo, conservou a sua alma e tradições seculares.
“Vi que tudo foi feito segundo a última palavra da técnica, da tecnologia teatral, segundo a última palavra das abordagens deste tipo de edifícios complexos. Estou convencido de que, neste sentido, o teatro será impecável, mas o principal é que nele se conservou o espírito do Teatro Bolshoi. Neste sentido, certamente iremos convencer-nos disso dentro de alguns segundos”, declarou ele na cerimónia de reabertura do mais importante teatro russo.
O Teatro Bolshoi de Moscovo reabriu as suas portas hoje, depois de obras de restauro que duraram seis anos e custaram cerca de 500 milhões de euros.
“O nosso país encontrou sempre dinheiro para que o Bolshoi estivesse em bom estado. Isso aconteceu há 150 anos atrás e hoje. Estou absolutamente convencido que tudo o que foi feito irá servir, ainda muitos anos, gerações dos cidadãos, todos os que gostam do Teatro Bolshoi”, acrescentou.
“Está tudo maravilhoso!”, concluiu Medvedev ao comentar os seis anos de trabalho de centenas de construtores, restauradores e pintores.
Na rua, dois ecrãs gigantes, montados junto da estátua de Karl Marx, um dos criadores da ideologia comunista, que se encontra em frente ao Bolshoi, transmitiam em direto a cerimónia.
Dezenas de pessoas tentavam adquirir bilhetes de ingresso na cerimónia, pois sem êxito, dado que as autoridades adotaram por distribuir apenas convites por altas individualidades do mundo da política, negócios e cultura. Entre os convidados viam-se antigas glórias do teatro como a bailarina Maia Plissetskaia ou a cantora de ópera Galina Vichnevskaia, bem como Mikhail Gorbatchov, antigo Presidente da União Soviética, Naína Ieltsina, viúva do ex-presidente russo Boris Ieltsin, ministros do Governo russo e dirigentes dos partidos representados no Parlamento Russo.
A cerimónia de reabertura continuou com um concerto de gala, que começou com a entrada de um camião no palco principal, símbolo do início das obras de restauração. “Operários” interpretaram a ária “Glória!” da ópera russa “Ivan Sussanin” de Mikhail Glinka.
Depois, durante cerca de 90 minutos, bailarinos e cantores interpretaram episódios de conhecidos bailados e óperas russos e estrangeiros, entre os quais as óperas Joana d’Arc de Giusseppe Verdi, Dama de Espadas de Piotr Tchaikovski, Príncipe Igor de Alexandre Borodin e Chamas de Paris de Boris Assafiev e dos bailados Gata Borralheira de Serguei Prokofiev, Século de Ouro de Dmitri Schostakovitch e Lago dos Cisnes de Piotr Tchaikovski.
As surpresas da noite foram três cantoras de ópera estrangeiras: as sopranos romena Ângela Gheorghiu, a francesa Natalie Dessay, a lituana Violeta, bem como o barítono russo Dmitri Khvorostovski.
Um espetáculo monumental, pomposo, à altura do Teatro Bolshoi.
As obras de restauração permitiram dar ao exterior e interior do edifício o aspeto original, que tinha antes da revolução comunista de outubro de 1917. Foram retirados da fachada do teatro e do palco principal símbolos soviéticos como a foice e o martelo, tendo substituído pela águia bicéfala, símbolo da Rússia czarista reabilitado depois da queda do comunismo no país.
Além disso, os construtores utilizaram a oportunidade para reforçar os alicerces do edifício e construir uma garagem subterrânea de vários andares.
O primeiro edifício do Teatro Bolshoi (Grande, em russo) foi construído em 1780 e deve o seu nome ao facto de se encontrar na mesma praça do Teatro Malii (Pequeno, em russo). Depois de dois fortes incêndios que o destruíram quase completamente, um deles quando das invasões napoleónicas de 1821, adquiriu o aspeto que possui atualmente.
Durante a segunda guerra mundial (1939-1941), o edifício foi atingido por uma bomba da aviação nazi, mas os danos foram rapidamente reparados.
Sem comentários:
Enviar um comentário