sexta-feira, março 02, 2012

Oposição russa receia que escrutínio não seja limpo e transparente

             ***José Milhazes, Agência Lusa***
Moscovo,  mar (Lusa) – A oposição russa receia que as eleições eleitorais não serão limpas e transparentes, como não foi limpa a campanha eleitoral, e prometem onda de protestos com início na próxima segunda-feira.
Esta posição é partilhada não só pela oposição que não está representada no Parlamento Russo e que tem organizado uma forte onda de protestos contra o primeiro-ministro e candidato a Presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas também pelos outros quatro candidatos ao Kremlin.
“O processo eleitoral é rigidamente controlado pelo poder. Putin nomeia os seus próprios concorrentes e, com a ajuda de mecanismos administrativos, afasta os mais perigosos adversários”, declarou à Lusa Ylia Iachin, um dos dirigentes da oposição não representada no Parlamento.
Os opositores chamam também a atenção para o facto de na campanha eleitoral não terem sido criadas condições iguais para todos os candidatos. O candidato comunista Guennadi Ziuganov revelou dados que mostram que Putin teve direito a 70 por cento do tempo de antena nos principais canais de televisão russos.
“A campanha eleitoral foi boa, mas só a favor de Putin. Ele violou numerosas leis, teve todas as prioridades nos órgãos de informação. Por isso, será difícil esperar eleições livres”, declarou à Lusa, Olga Romanova, uma das dirigentes da Liga dos Eleitores da Rússia.
Em documentários exibidos nos principais canais de televisão russos, nenhum dos adversários de Putin foi poupado, bem como organizações não-governamentais, Estados Unidos, NATO e União Europeia.
A conclusão era uma: a Rússia é uma fortaleza cercada por inimigos e Putin é o único candidato capaz de a salvar do inimigo e manter a estabilidade.
Isto leva a oposição a recear que o escrutínio de domingo não será mais limpo do que a campanha eleitoral. Isto não obstante o Kremlin ter equipado mais de 90 mil mesas de voto com urnas transparentes e câmaras de vigilância.
“O resultado está predeterminado. O sistema político, hoje, está organizado de tal forma que será Putin a resolver com que resultado e em que volta vai vencer. Este sistema chama-se regime de poder pessoal ou ditadura”, sublinha Iachin.
“Organizamos uma grande campanha para acompanhar o escrutínio. Não duvido que iremos apanhar os falsificadores em flagrante. Apresentaremos provas das vigarices do poder e traremos os nossos apoiantes para a rua a fim de exigir eleições limpas”, acrescentou.

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