quarta-feira, maio 30, 2012

Até onde irá a frieza de Moscovo face à situação na Síria?


Todos aqueles que esperavam que a posição de Moscovo face ao regime de Bashar Assad iria sofrer alterações depois do massacre de Houla, apanharam hoje una valentes baldes de água fria. O Kremlin há muito de deixou claro que irá defender Assada até ao extremo.
A Rússia anunciou hoje que está contra a convocação de uma nova reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU sobre a Síria nos tempos mais próximos e contra a aprovação de medidas suplementares de pressão sobre Damasco.
"A declaração do presidente do CS da ONU à imprensa sobre os acontecimentos trágicos em Houla, aprovada e publicada após a reunião extraordinbária do CS da ONU sobre a Síria, foi um sinal suficientemente forte para as partes do confronto sírio e é uma reação suficiente face aos últimos acontecimentos no país", declarou hoje o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Guennadi Gatílov.
"Por isso consideramos que seria precipitado analisar no CS quaisquer medidas novas de ação", frisou o governante russo, ao comentar as declarações de Guido Westerwelle, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão.
Antes, reagindo à posição do Presidente francês, François Hollande, Gatilov declarou que a Rússia vai vetar qualquer iniciativa sobre uma intervenção militar estrangeira na Síria, que seja levada ao Conselho de Segurança da ONU. 
Andrei Denissov, outro vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, considerou que declarações sobre a possibilidade de uma ingerência militar externa na Síria são manifestações de emoções políticas.
“Colocar a questão da ingerência externa é mais uma manifestação de emoções políticas do que cálculo, análise e abordagem ponderada. Nestes casos, deve-se perguntar sempre: o que fazer depois?”, declarou ele ao comentar as declarações de François Hollande, que não exluiu a ingerência militar externa na Síria.
“A posição russa não se forma sob a influência de emoções, o que, infelizmente, não evitaram os respeitados parceiros franceses quando da elaboração da sua posição”, frisou.
O que será necessário acontecer na Síria para que Moscovo altere a sua posição? Não sei, pois para os dirigentes russos a vida humana não tem alta cotação. Veja-se o que aconteceu e está a acontecer no Cáucaso do Norte.
O Kremlin não quer perder parceiros e aliados, mas não seria mau pensar bem ao escolhê-los.

26 comentários:

PEDRO LOPES disse...

Sr Milhazes,

Permita-me discordar da sua analise e observações sobre este tema tão delicado.

No meu entender a Rússia tem estado irrepreensível no assunto da Síria(E esteve mal no caso da Líbia).

A Tão propalada propaganda dos média ocidentais contra o terrorismo islâmico confirma-se mais uma vez que é uma grande manobra de manipulação.
A Síria ao contrário dos países apoiados por Washington e Bruxelas, com a arábia saudita, é uma sociedade moderna, onde não não vemos mulheres de Burka, existe liberdade religiosa. É uam sociedade moderada e não fundamentalista como alguns países do golfo amiguinhos do Dólar.

E os que estão a lutar pelo derrube que são eles?
Al-quedas, Irmandades Muçulmanas e afins.
É isto que o Ocidente apoia e fornece armamentos?

Em relação ao massacres por favor, poupem-nos.
A BBC até publicou fotos tiradas no Iraque em 2003 para relatar estes massacres na Síria. Podem confirmar aqui -> http://www.telegraph.co.uk/culture/tvandradio/bbc/9293620/BBC-News-uses-Iraq-photo-to-illustrate-Syrian-massacre.html.

E não acham estranho que um dias após um massacre horrendo, tenha vindo logo esse Hollande a falar em intervenção militar.
Já foi feita uma investigação rigorosa para apurar se foram mesmo as forças do exercito Sírio?

Se quiserem vejam aqui como se fabricam algumas noticias sobre massacres.
http://www.youtube.com/watch?v=FlJxqlNEtbA


Isto para não falar em inúmeras evidências que apontam para massacres cometidos pelos islamistas, e pelo apoio militar que tem recebido de países árabes e ocidentais, algumas delas interceptadas no libano.

Para mim isto é bastante claro. O Ocidente pretende colocar na Síria um regime fantoche que lhes permita controlar oleodutos, gazodutos e ainda uma posição estratégica importante para de seguida invadir outro pais, neste caso o Irão.

Já sei o exactamente o que alguns por aqui irão dizer. Rotúlos e mais rótulos tipo "A Rússia apoia ditadores bla bla bla"

PortugueseMan disse...

O que será necessário acontecer na Síria para que Moscovo altere a sua posição? Não sei, pois para os dirigentes russos a vida humana não tem alta cotação. Veja-se o que aconteceu e está a acontecer no Cáucaso do Norte.

O Kremlin não quer perder parceiros e aliados, mas não seria mau pensar bem ao escolhê-los.


Meu caro,

Uma intervenção armada, vai custar vidas humanas, e não se sabe quanto tempo a situação se irá arrastar com o conflito. Muitas vidas humadas se vão perder.

A Rússia perde um aliado.

A Rússia perde um cliente.

A Rússia perde influência nesta zona.

Olhando para os últimos conflitos, não se pode dizer que a intervenção armada tenha resolvido o quer que seja. Estão todos com problemas e em todos as vidas humanas continuam a perder-se.

A decisão russa é assim tão má? não creio.

Qual a melhor solução para uma guerra civil? não existe uma boa solução, para coisas destas.

Acho estranho a sua afirmação sobre o que está a acontecer no Cáucaso do Norte e a cotação da vida humana por parte de dirigentes russos. Isto quer dizer exactamente o quê?

Wandard disse...

"Não sei, pois para os dirigentes russos a vida humana não tem alta cotação. Veja-se o que aconteceu e está a acontecer no Cáucaso do Norte."

Sr. Milhazes,

Os dirigentes europeus e dos EUA tem a vida humana em alta cotação? Veja-se o que aconteceu e está a acontecer na Líbia, Afeganistão e Iraque.

Acho que a poderosa OTAN, deve tomar alguma providência, vamos ver se perante a Rússia e China ela mantém a mesma determinação e desenvoltura que mostrou recentemente contra o PODEROSO EXÉRCITO LÍBIO.

Até quando a mídia ocidental vai se manter como relações públicas da política de Washington e até quando a Europa vai se comportar como uma rêmora atrás das migalhas do Tio Sam, ou pior, tentando reaver o seu outrora império colonial à custa de vidas inocentes.

Wandard disse...

A Rússia pretende bloquear todas as iniciativas de intervenção militar estrangeira na Síria no Conselho de Segurança da ONU, sendo que estas ações apenas agravarão a situação, levando a consequências imprevisíveis para a Síria, bem como para toda a região, declarou o vice-ministro do MRE da Rússia, Guennadi Gatilov, comentando as declarações do presidente francês, François Hollande, de uma possível intervenção militar para resolver o problema sírio.

Wandard disse...

A China se opõe a qualquer intervenção militar na Síria e a uma mudança de regime pelo uso da força, delarou o MRE chinês Liu Weimin em entrevista coletiva.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caros leitores, eu não defendi a intervenção militar na Síria. pois ela irá ter graves consequências para todos. A Rússia pode e deve ter os seus interesses, tanto mais quando crises como a da Síria se podem refletir junto das suas próprias fronteiras. Eu fico surpreendido com o facto de a Rússia defender regimes que não cumprem os seus compromissos internacionais, colocando assim Moscovo em posições complicadas.

PEDRO LOPES disse...

"Eu fico surpreendido com o facto de a Rússia defender regimes que não cumprem os seus compromissos internacionais, colocando assim Moscovo em posições complicadas."

Estes certamente vão cumprir as obrigações internacionais, não haja dúvidas.

http://visao.sapo.pt/al-qaeda-apoia-rebeldes-anti-assad-na-siria=f646135

http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2012/02/lider-da-al-qaeda-manifesta-apoio-rebeldes-anti-assad-na-siria.html

http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?video=irmandade-muculmana-convoca-guerra-santa-contra-siria-0402CC9A3160C4A92326


São estes os aliados do Ocidente. Que bonito.
Mas julgam que somos todos uns parolos ou quê?

E se a Rússia simplesmente deixar de apoiar Assad, não vetando resoluções do CS da ONU, alguém acha que a NATO não os vai invadir?
É claro vão começar com a lenga-lenga de um espaço de exclusão aéreo para proteger os cidadãos.

Alguém no Ocidente ligou ás eleições que se realizaram em Maio em que o partido que apoia Assad teve uma maioria considerável? Não, não querem saber de nada. Portanto não há qualquer negociação.
O Assad só se safa se se for embora e deixar o pais entrega aos bandalhos da Al-Quaeda.

E alguém e importa com estes?

http://worldundercontrol.com/2012/03/15/pro-assad-rallies-held-across-syria-ignored-by-media/

http://02varvara.wordpress.com/2011/12/19/india-may-back-russian-resolution-on-syria/00-pro-assad-demonstrators-syria-12-11/

http://www.usatoday.com/news/world/story/2011-10-12/syria-rally/50741316/1

Só os outros é que merecem preocupação da "comunidade internacional"?

Pippo disse...

JM, desculpe lá mas acho que você voltou a falhar na sua análise.

A Rússia, tal como a RP da China, costuma ser contra as intervenções – ou ingerências – estrangeiras por “dá cá aquela palha”. A Rússia é uma realista nas relações internacionais, ou seja, para Moscovo, os agentes privilegiados nas RI devem ser os Estados, e como tal encara este tipo de aventureirismos como uma forma dos Estados modificarem, a seu favor, a geopolítica de uma dada região.

No caso em apreço, concordo plenamente com a posição russa, não por achar que o que está a acontecer é uma “fabricação Ocidental”, mas porque a uma intervenção seguir-se-á, ou uma substituição de Regime (para qual, pode-se saber? Vide a Líbia) ou então para a fragmentação da Síria em pólos centrífugos e rivais (vide Iraque), o que aumentará ainda mais a instabilidade na região, para gáudio de extremistas religiosos, estatais (Irão) ou não (al-Qaida).

Uma vez que, de momento, não há alternativas viáveis ao Bashar al-Assad, Moscovo não pode "escolher parceiros" e muito menos pode autorizar que os mesmos do costume façam as suas guerrinhas no quintal das traseiras dos outros.

Europeísta disse...

"A Tão propalada propaganda dos média ocidentais contra o terrorismo islâmico confirma-se mais uma vez que é uma grande manobra de manipulação.
A Síria ao contrário dos países apoiados por Washington e Bruxelas, com a arábia saudita, é uma sociedade moderna, onde não não vemos mulheres de Burka, existe liberdade religiosa. É uam sociedade moderada e não fundamentalista como alguns países do golfo amiguinhos do Dólar."

Isso é uma grande mentira! Países como Brasil, EUA tem uma enorme comunidade síria-libanesa cristã. Esses países Síria e Líbano tinham uma grande comunidade cristã que remonta a época das cruzadas. Muitos deles doram duramente perseguidos e fugiram para Brail, EUA, entre outros...

"
E os que estão a lutar pelo derrube que são eles?
Al-quedas, Irmandades Muçulmanas e afins.
É isto que o Ocidente apoia e fornece armamentos?"

A Alquaeda nem existe mais! Já acabou! Gozado, quando ela ataca os EUA e a Europa elá é ótima mas qd faz isso com os inimigos do Ocidente aí ele se torna perversa... curioso, né?!

"A Rússia perde um aliado.

A Rússia perde um cliente.

A Rússia perde influência nesta zona."

Vc só está preocupado com isso? Só é ruim essa intervenção pq aí então a Rússia perde um "cliente"? Perde nada, a Líbia manteve contratos de compras de armas da Rússia e com empresas petrolíferas russas mesmo após a queda do ditador de lá. E tem mais, a Síria semrpe foi área de influência da França! Não acontecerá nada além do que é natural, a Síria voltando para sua antiga esfera política. A França é que deveria estar a reclamar pq isso vai trazer mais uma leva de imigrantes para lá...


"A Rússia pretende bloquear todas as iniciativas de intervenção militar estrangeira na Síria no Conselho de Segurança da ONU, sendo que estas ações apenas agravarão a situação, levando a consequências imprevisíveis para a Síria, bem como para toda a região, declarou o vice-ministro do MRE da Rússia, Guennadi Gatilov, comentando as declarações do presidente francês, François Hollande, de uma possível intervenção militar para resolver o problema sírio."

Meu caro, apesar da intervenção militar na Líbia o regime caiu, não caiu? Hoje o país está se reconstruindo.

"Os dirigentes europeus e dos EUA tem a vida humana em alta cotação? Veja-se o que aconteceu e está a acontecer na Líbia, Afeganistão e Iraque."

E quem a tem em alta cotação? O ditador sírio???

Europeísta disse...

PEDRO LOPES,

É verdade tudo o que diz! O ditador sírio é um santo homem na terra! Um humanista e grande respeitador dos direitos humanos. Todas as críticas feitas a elas não passam de pura propaganda da mídia ocidental. É lavagem cerebral!

Assim deve ser o seu "pensar inteligente"...

"A Rússia, tal como a RP da China, costuma ser contra as intervenções – ou ingerências – estrangeiras por “dá cá aquela palha”."

Sim, claro, a história tá aí para compravar o quanto a Rússia tem horror a intervençoes. Ainda que vc diga que as intervençoes do passado foram feitas pela URSS e nao pela Rússia ainda tem a invasão do Leste da Modalvia e da Georgia. Ah, mas sim, ela os invadiu em defesa das minorias russas que havia nesse países. Claro! Touché! Esse negócio de invadir países para proteger minorias que estão sendo massacrados só serve para aliados, os inimigos quando o fazem é por puro imperialismo mesmo.

Pippo disse...

"Europoeísta", tem toda a razão, durante o séc. XX as intervenções foram efectuadas pela URSS.

Quanto às mais recentes, também tem razão, foram feitas para defender cidadãos russos, no caso da Transdnístria, de serem absorvidos pela Moldávia, e no caso da Ossétia, de serem atacados e suprimidos por um ditador louco e belicista.

A última vez que os russos intervieram para defender minorias não russas foi em 1877-78, na Bulgária.

Wandard disse...

"Meu caro, apesar da intervenção militar na Líbia o regime caiu, não caiu? Hoje o país está se reconstruindo."

O regime caiu por causa da intervenção militar(desculpe, ajuda humanitária ou zona de exclusão aérea :o))

LONDRES – A Otan não investigou adequadamente as mortes de civis causadas por seus sete meses de bombardeio sobre a Líbia no ano passado, nem pagou indenizações pelas vítimas, disse a Anistia Internacional nesta segunda-feira.

Ecoando críticas semelhantes feitas neste mês pela Rússia, a Anistia disse que muitos líbios que não estavam envolvidos na guerra civil acabaram sendo mortos ou feridos por bombardeios da Otan, e que apesar disso não houve uma investigação adequada.

Os bombardeios da aliança militar ocidental, autorizados pela ONU sob a justificativa de proteger populações civis, foram cruciais para que os rebeldes líbios derrubassem o regime de Muammar Gaddafi, numa sangrenta revolução que foi parte da chamada Primavera Árabe.

"As autoridades da Otan salientaram repetidamente seu compromisso de proteger os civis", disse nota assinada pela consultora da Anistia Donatella Rovera. "Eles não podem agora varrer para o lado a morte de vários civis, com alguma vaga declaração de pesar, sem investigar adequadamente esses incidentes letais."

A Anistia disse que era preciso investigar se alguma morte de civis resultou de violações do direito internacional, e que eventuais responsáveis por isso deveriam ser levados à Justiça.

BOMBARDEIOS

A Otan realizou cerca de 26 mil missões aéreas durante a ação militar, incluindo cerca de 9.600 bombardeios que destruíram 5.900 alvos, entre o final de março e o final de outubro do ano passado.

Sobreviventes e parentes de mortos nos bombardeios disseram à Anistia que nunca foram procurados pela Otan.

De acordo com a Anistia, a própria Otan documentou 55 casos de civis sendo mortos por bombardeios em Trípoli, Zlitan, Majer, Sirte e Brega, muitas vezes em casas particulares sem evidências claras de atividade militar. A contagem inclui pelo menos 16 mulheres e 14 crianças.

A Anistia citou ainda o caso de 34 pessoas – sendo 8 crianças – mortas em três bombardeios contra duas casas de Majer, sem que o motivo do ataque fosse explicado.

Na sua mais recente resposta à Anistia, a Otan disse que "lamenta profundamente qualquer dano" causado a civis por seus bombardeios, mas salientou que não possui mais mandato para realizar qualquer atividade na Líbia, incluindo a de investigação.


Reuters

Nota da Redação: Sejamos honestos, a Líbia é um país que tem bastante liquidez (rica em petróleo), ou seja, jamais se tornaria uma devedora, então nada mais prático para os países 'libertadores' de bombardeá-la à vontade em suas mais de 26 mil missões e assim, depois do país totalmente destruído, nada melhor que dar emprego para as dezenas de empresas de engenharia dos países libertadores, para a reconstrução de 'um país livre'…

Com relação aos bombardeios da OTAN 'para proteger civis' e da mesma pagar indenizações às vítimas, alguém acredita nessas histórias, que a mídia tanto alardeou? Nós também não, apenas lamentamos muito!

Wandard disse...

" Hoje o país está se reconstruindo" E sendo roubado pelos humanistas.

Wandard disse...

Assim como Itália, Inglaterra e Estados Unidos, a França apressa-se em realizar uma série de suculentos negócios com os rebeldes que tiraram Muammar Kadhafi do poder com a ajuda das mesmas potências que antes estendiam o tapete vermelho ante os pés do líder líbio.

Roma e Paris saem na frente da competição pelos negócios da reconstrução do país. No mesmo dia em que se iniciava na capital francesa uma conferência internacional com 60 países e organizações internacionais para discutir sobre a ajuda de emergência e a reconstrução da Líbia, a imprensa francesa revelava detalhes sobre os bastidores da ajuda militar fornecida por Paris à insurgência líbia. Segundo o matutino Libération, o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão que agrupa a insurgência, prometeu a França 35% do petróleo líbio em troca do apoio de Paris à campanha contra Kadhafi.

A França ocupa uma posição de vanguarda na intervenção da NATO. Paris elaborou, juntamente com Londres, a resolução 1973 da ONU que abriu o espaço aéreo para os aviões da Aliança Atlântica e depois usou a sua influência para aprová-la no Conselho de Segurança. A França foi também o primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional de Transição como o “representante legítimo” do povo líbio. A hora da recompensa parece ter chegado para as companhias petroleiras francesas. O Libération publicou uma carta enviada pelo CNT, onde a organização política dos rebeldes evoca claramente “a assinatura de um acordo atribuindo 35% do petróleo bruto aos franceses em troca do apoio total e permanente a nosso Conselho”. O ministro francês de Relações Exteriores, Alain Juppé, disse que não sabia da existência da carta mas lembrou que, desde o início, o CNT havia dito “muito oficialmente” que, quando chegasse a fase da reconstrução, se dirigiria “preferencialmente aos países que o apoiaram”. Segundo Alain Juppé, isso é “bastante lógico e justo”.

Wandard disse...

França e Itália competem hoje pelos futuros contratos com as novas autoridades de Tripoli. Antes da queda de Kadhafi, a Líbia produzia 1,55 milhões de barris de petróleo por dia. Isso equivale a 2% da produção mundial e fez o país figurar na 17ª posição do ranking dos países produtores de petróleo. Durante o reinado do coronel Kadhafi, Roma importava 306.000 barris de petróleo por dia contra 205.000 da França.

No entanto, ao contrário de Paris, até a queda do coronel, Roma foi o primeiro sócio comercial da líbia com mais de 180 empresas italianas instaladas no país. A produção petroleira líbia caiu actualmente para 50.000 barris de petróleo por dia e serão necessários vários anos para que o sistema recupere altos níveis de produtividade. No entanto, o ouro negro não é a única meta das grandes potências. Estradas e infra-estrutura também aparecem no cardápio. Alguns países, como a Itália, já estão presentes de maneira sólida. O Tratado da Amizade, firmado em 2008 entre Kadhafi e o presidente do Conselho Italiano, Silvio Berlusconi, permitiu a grupos italianos obter contratos consideráveis. Na lista, figura Finmeccanica (ferrovias e estradas) e a empresa de trabalhos públicos Impregilo (BTP).

A corrida entre Roma e Paris está aberta. O primeiro é um antagonista e sócio histórico, Itália, e o segundo um recém-chegado como Nicolas Sarkozy que soube tirar proveito da situação e localizar-se na linha de frente. Paris ocupou o lugar mais destacado da cena militar durante as operações da NATO na Líbia, enquanto Roma permaneceu entre as sombras.

As potências ocidentais desempenharão um papel central na reconstrução da Líbia. A sua influência será tão fundamental como foi nos anos Kadhafi. O Ocidente nunca se privou de pactuar com o astuto coronel, nem sequer nos campos que tinham a ver com a liberdade ou os direitos humanos. Esta semana, soube-se que a empresa francesa Amesys instalou na Líbia de Kadafi o sistema Eagle. Esse dispositivo permitiu que o regime espionasse todos os correios electrónicos e as conexões de internet da população. As potências ocidentais movem-se com duas chaves nas mãos: a dos valores da liberdade e da justiça e a chave dos negócios obscuros com as piores tiranias da história.

Pippo disse...

Wandard, o que está para aí a dizer é políticamente incorrecto e contrário à "verdade" que se deseja.

Lembre-se que este é o blog "Da Rússia" e aqui só se pode falar mal da Rússia. Enfim, vá, abrem-se excepções para a Bielorrúsia, mas não para outros países, sobretudo para aqueles onde se desejam ver os russos pelas costas. Não ouse falar mal deles!

Jest nas Wielu disse...

Moscovo vai pedir presidente Assad para não usar os canhões de grande calibre nos fim-de-semana...

PEDRO LOPES disse...

Caro Wandard,

Isso que você disse é obsceno.
Justificar posições usando argumentos? Isso é feio. E principalmente se eles vão contra o "establishman" e o politicamente correcto sistema monolítico de pensamento Ocidental. Tal como por cá nos enfiam todos os dias com a máxima "Não há alternativas á austeridade".

Não volte a fazer isso aqui.
O ideal é arranjar um conjunto de frases chave terminadas em "ista" , "istas" ou "ismo", e aplicá-las consoante as necessidades tipo um programa de computador.

No caso da Síria o assunto não pode ser abordado de outra forma a não ser como "O Ditador horrendo que mata o seu povo" ou "O Regime Sírio que nega a liberdade ao seu povo" ou "Continuam os massacres de crianças pelo regime Sírio".

Se escreverem coisas deste tipo, os vossos comentários são aceites em todos os fóruns dos jornais nacionais(e estrangeiros).

Eu já algumas vezes tentei escrever coisas parecidas com o que você aqui expôs nos sites de noticias, mas raramente publicam, e nunca, mas nunca usei expressões agressivas.

Bem agora voltando ao tema, já circulam por ai afirmações de uma eventual intervenção militar na Síria mesmo sem a aprovação do CS da ONU.
Se a situação da Líbia foi um acto medieval e obsceno, aqui as coisas serão certamente piores.
E mais tarde ou mais cedo ela irá acontecer.
OS poderes ocidentais não aceitam governos que não estejam sob o seu domínio.No entanto julgo que não haverá uma intervenção antes das eleições na América.


A Síria oferecerá mais resistência, pois tem armamento Russo mais recente, enquanto que na Líbia era tudo coisas de fabrico soviético dos anos 60.
A Síria terá apoio do Irão e da Rússia. Não um apoio militar directo com tropas no terreno, mas sim em termos de armamento e informações.
E esse apoio será muito importante, e que certamente levará ao caos total na região.

PEDRO LOPES disse...

Já agora sobre os últimos massacres, e a sua responsabilidade

http://en.rian.ru/world/20120531/173777569.html

ah, já me esquecia, esta fonte não é fidedigna, pois é um uma agência Russa a reportar uma noticia do Governo Sírio. Logo é propaganda falsa.
Só conta a informação que é veiculada pelos rebeldes, que fazem telefonemas para Londres a informar alguém e logo de seguida aparecem bombasticamente na BBC e outros como sendo verdades irrefutáveis.

Pippo disse...

"A Síria terá apoio do Irão e da Rússia. Não um apoio militar directo com tropas no terreno, mas sim em termos de armamento e informações."

Tem a certeza, Pedro Lopes? Os iranianos não terão qualquer problema em mandar uns camaradas Pazdaran para ajudar a "resolver o problema". Aliás, consta que até já lá estão. E os pazdaran não são os bostas das milícias ba'athistas do Iraque...

Wandard disse...

"A Síria terá apoio do Irão e da Rússia. Não um apoio militar directo com tropas no terreno, mas sim em termos de armamento e informações.
E esse apoio será muito importante, e que certamente levará ao caos total na região."

Caro Pedro,

A concentração de forças navais russas próximas ao litoral sírio se mantém de forma crescente desde novembro do ano passado assim como belonaves da frota chinesa encontram-se posicionadas no Mediterrâneo, além da potência oriental ter realizado acordos com o Paquistão para a utilização de rodovias paquistanesas que atravessam o país até o Irã.

Duvido que pela importância estratégica da Síria Rússia ficará impassível diante de uma intervenção da Otan, apenas com apoio logístico e de armas.

Nada aconteceu ainda devido ao fato das duas superpotências terem colocado o "pé na parede" esta é a verdade.

Jest nas Wielu disse...

Parece que os "camaradas Pazdaran" realmente "não são os bostas", conduzem as massacres que até os russos se assustam...

PEDRO LOPES disse...

Wandard e Pippo,

Eu acho que a Rússia não se envolverá num conflito militar de larga escala com a NATO e EUA por causa da Síria.

E também não acredito que a NAZO(!!) intervenha antes das pseudo-eleições Americanas. Onde já toda a gente sabe que o Obongo vai ganhar. O grunho do Mit Rommey é só para enfeitar. E o Ron Paul nunca o deixariam sequer concorrer quanto mais ganhar.


Até lá, a Rússia e eventualmente com alguma coordenação com o Irão e China, vão preparar as forças Sírias para se defenderem de uma força ofensiva de larga escala da NAZO.
Vão instalar novos sistemas e verificar o estado dos sistemas anti-missil Sírios. Vão fornecer informações de satélites espiões russos ao comando militar sírio.
Vão treinar forças de resistências para uma eventual ocupação pela NAZO do país.

Mas botas no terreno não. Alguma vez os Russos fizeram isso no passado? Não, nem mesmo nos tempos da velha URSS.
No Vietname havia lá russos a combater os americanos?
E na Coreia? E nos conflitos na América Central? Nunca.

Podem dar armas e apoio logístico.

Os Russos só se levantam a sério se entrarem forças hostis no seu território. Pelo menos é o que diz a história.

Wandard disse...

"Os Russos só se levantam a sério se entrarem forças hostis no seu território. Pelo menos é o que diz a história."

Caro Pedro,

Seu raciocínio segue corretamente a análise do contexto histórico, e o posicionamento adotado pela Rússia realmente foi este até então. Só que após a desintegração da URSS e o alargamento da OTAN, os anos 1990 de crisem e falência, a Rússia dedicou-se nos últimos anos a se recuperar da bagunça deixada por Ieltsin e Gorbatchev e empurrar a horda para fora do seu território. Com pretensos aliados americanos na região do Mar Negro como Azerbaijão e Geórgia, além do gargalo que repesenta o Estreito de Dardanelos e a posição sempre instável da Turquia, os portos Sírios representam um ponto estratégico que não pode ser perdid de forma alguma, portanto a Rússia não pode se dar ao luxo de permitir que a OTAN, ponha os pés na única base do Mediterrâneo que eles possuem a Síria é muito mais estratégica do que a Líbia se os americanos atacarem vão iniciar uma guerra em larga escala. Os Russos vão manter a pressão com a presença militar na região e seu acordo alinhavado com a China, pois esta também tem seus interesses com o Irã, suas diferenças com a Índia e seus acordos com o Paquistão que hoje recebe menos ajuda financeira amaericana e uma crescente ajuda financeira chinesa com jutos de pai para filho.

Pippo disse...

Pedro,

A URSS colocou centenas de conselheiros militares em Angola, e se não me engano também na Etiópia durante o governo do Derg, no Vietname, no Afeganistão (antes da intervenção em larga escala), Egipto e Síria.

A Rússia poderá perfeitamente fazer o mesmo.

Relativamente ao Irão, é como disse: há relatos de assistência militar iraniana (mormente via o Corpo dos Guardiões da Revolução, aka Pasdaran), que já têm provas dadas em vários campos, da espionagem e sabotagem à guerra convencional (vide Guerra Israelo-libanesa de 2006).

Este é um vídeo sobre alegados membros dos Pasradan capturados na Síria (não sei árabe mas os nomes em caracteres latinos são persas)

http://islamiccounterterrorism.org/category/tags/irgc

Anónimo disse...

Mr Shannon told MPs:" david cameron We the people have a say on Europe. The Chartered Society of Physiotherapy CSP, another opponent of the bill, though the equalities minister Maria Miller said the Labour amendment would make little difference. Other MPs who told the BBC News Channel there was" no chance" of finding a job to do and that's the best feeling in the david cameron world.

Here is my webpage incompetence (https://www.gov.uk/government/people/david-cameron)