O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, chega na terça-feira à China
para uma visita de três dias com vista a reforçar os laços com esse seu aliado
fulcral e participar na Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai.
Putin e o seu
homólogo chinês, Hu Jintao, deverão coordenar a sua posição face à situação na
Síria e ao programa nuclear iraniano.
Rússia e China
dispõem do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, que têm ameaçado
utilizar para bloquear resoluções que condenam a repressão na Síria.
Além de questões
internacionais, a visita será também uma ocasião para reforçar a cooperação
económica, muito significativa no domínio energético.
Há vários anos que
Moscovo e Pequim negoceiam a assinatura de um contrato que prevê fornecimentos
de gás à China na ordem dos 70 mil milhões de metros cúbicos por ano nos
próximos 30 anos.
A assinatura do
contrato tem sido dificultada pelas discussões sobre o preço do gás russo e,
segundo Arkadi Dvorkovitch, vice-primeiro-ministro russo, esse documento também
não deverá ser assinado desta vez.
Segundo os órgãos
de informação russos, os dois países poderão juntar forças com vista à
construção de aviões de longo curso para concorrer com os Airbus e Boeing.
A Rússia também
está interessada em aproveitar o potencial chinês para desenvolver a Sibéria e
o Extremo Oriente, regiões ricas em recursos, mas com graves problemas demográficos.
Prevê-se a criação de um fundo comum de 4 mil milhões de dólares para o
desenvolvimento da agricultura e dos transportes.
Após as
conversações russo-chinesas, no dia 7 de junho realiza-se em Pequim a Cimeira
dos chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai. Constituída pela
Rússia, China, Uzbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão e Kirguistão, essa
organização visa ser um contrapeso à influência norte-americana na Ásia
Central.
O Irão, Mongólia,
Índia e Paquistão são países com o estatuto de observadores, sendo o Sri Lanka
e a Bielorrússia “parceiros de diálogo” dessa organização.
Entre os
documentos a assinar, destaca-se o “Plano estratégico de desenvolvimento da
organização nos próximos dez anos” e a “Declaração sobre a construção de uma
região de paz e prosperidade duradouras”.
Segundo o centro
de imprensa do Kremlin, Putin irá encontrar-se, à margem da cimeira, com os
presidentes do Afeganistão, Hamid Karzai, e do Irão, Mahmud Ahmadinedjad. Com
este último, o Presidente russo pretende abordar o plano nuclear iraniano.
Depois da recusa
de participar na reunião do G-8, nos Estados Unidos, a decisão de Putin de
participar na reunião da Organização de Cooperação de Xangai é vista como um
sinal de que o dirigente russo pretende alterar o vetor da sua política
externa.
4 comentários:
...os dois países poderão juntar forças com vista à construção de aviões de longo curso para concorrer com os Airbus e Boeing...
Isto pode ser interessante, porque o mercado chinês é grande e está em expansão.
A participação chinesa neste tipo de aviões iria permitir à Rússia, um volume de vendas considerável.
Resta saber qual seria a participação chinesa no avião...
Relativamente a motores os chineses continuam com dificuldades em criar um motor para os seus aviões militares e as encomendas estão a ser feitas aos russos a um ritmo considerável.
Este ano a China já fez contractos no valor de 700 milhões de dólares e nos últimos dois anos e meio já gastaram 4 mil milhões de dólares em motores russos.
O fabricante tem encomendas asseguradas até 2015, o que é muito bom, existe trabalho e dinheiro para investir na modernização dos motores que estão em curso.
Também temos o interesse dos chineses no SU-35 e que é possível de ser falado neste encontro, que pode dar origem a uma importante venda, com somas consideráveis. O problema é o gosto dos chineses em copiar as coisas...
A concretizar-se seria uma injecção de dinheiro importante na Sukhoi, que está bastante ocupada no nova caça de 5ª geração e no seu primeiro avião civil o superjet.
"O problema é o gosto dos chineses em copiar as coisas".
Pois é meu caro.
Os amarelos querem comprar meia dúzia de SU-35´s para depois fazerem um J-xpto, dizendo que é tecnologia amarela.
Cuidado com os amarelos.
Eles de mansinho vão-se posicionando fortemente na economia mundial. E Acho que eles tanto-lhes lhes faz serem parceiros dos americanos ou dos Russos, desde que seja benéfico para eles.
A Rùssia tem que decidir politicamente de uma vez por todas quem é o seu principal aliado estratégico na Ásia: China ou Índia?
Não dá pra ficar do lado dos dois, fornecendo caças SU-30 e PAK-FA para a Índia e caças Su-30 e SU-35BM para a China... Qual é o país mais importante para a Rùssia: Eu diria que é a China, porque é seu vizinho rico, á quem pode vender o seu precioso gás e depender menos da Europa.
Pois eu penso que a Rússia está numa posição de apoiar os dois países, Índia e China, sem quaisquer complexos de culpa.
Se a China se apresenta como uma parceira privilegiada no campo do consumo energético e do investimento na Sibéria, também é, devido à sua proximidade geográfica, demografia, crescimento militar e desavergonhada política de "reverse engeneering" tecnológico, uma ameaça política e económica a ter em conta.
Por essa razão, faz todo o sentido que Moscovo aposte numa sólida relação com Nova Deli, duplicando assim a sua oferta de produtos de valor acrescentado, obtendo influência no Índico e tornando-se, desta forma, ainda mais relevante na cena internacional.
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