Quando era mais jovem, desde que comecei a assistir aos Jogos Olímpicos pela televisão, tentavam não deixar passar as provas de atletismo, basquetebol, andebol, etc., etc.
Mas, agora, para mim, esses jogos perderam praticamente todo o seu brilho e não passam de mais uma máquina de fazer dinheiro, tendo muito pouco a ver com o desporto.
Acho que tudo começou quando os atletas passaram a ser pagos para conquistarem medalhas, transformando o desporto olímpico de amador em profissional. Não tenho em vista o apoio financeiro que é dado aos atletas para que se preparem para as competições, mas os milhares de euros, dólares, rublos, yuans prometidos pelas medalhas.
Claro que isso faz parte da politização dos Jogos Olímpicos que começou na era da guerra fria, ou, mais precisamente, era uma das formas dessa guerra.
Todos os meios eram bons para provar a supremacia do socialismo sobre o capitalismo ou vice-versa também no campo do desporto, nomeadamente o doping, onde a República Democrática Alemã parece ter batido “grandes recordes”.
Esta polítização teve o seu ponto auge nos Jogos Olímpicos de Moscovo de 1980. Como resposta à invasão do Afeganistão pelas tropas russas, um número considerável de país boicotaram esse acontecimento, o que não foi a melhor ideia. Num regime fechado como era o soviético, talvez fosse mais inteligente a participação de todos os atletas, surgindo assim formas de protestar contra esse crime da política externa soviética.
Não obstante as autoridades soviéticas se terem esforçado e terem gasto fortunas na organização dos jogos, nomeadamente a pôr o urso Micha a voar com uma lágrima no canto do olho, os efeitos não foram famosos.
Eu, pelo menos, não fiquei muito contente com a decisão das autoridades soviéticas de terem antecipadamente “limpo” Moscovo de prostitutas, dissidentes, alcoólicos e... estudantes estrangeiros. Eu vi os JO de Moscovo a partir de Portugal.
Quatro anos depois, o “campo socialista”, ou seja, URSS e países satélites, respondeu com a mesma moeda e, à excepção da Roménia (se não me engano), boicotaram os JO nos Estados Unidos.
Alguns disseram que, nos finais dos anos 80 do séc. XX, terminou a “guerra fria”, mas parece que não, pode ter é mudado de formas. No campo do desporto, ela continua. Sinto isso na Rússia, mas este não deve ser o único caso.
Por estes lados, escândalo atrás de escândalo. Os comités olímpicos da Ucrânia e da Geórgia queixam-se de que no sítio electrónico do Comité Olímpico Internacional os locais de nascimento de alguns atletas da selecção russa não estão correctos e exigem que sejam emendados. Esses atletas nasceram na Ucrânia e na Geórgia, mas aparecem como se tivessem nascido na Federação da Rússia.
Além disso, o governo da Grã-Bretanha não autoriza Alexandre Lukachenko, Presidente da Bielorrússia, a assistir aos Jogos Olímpicos, decisão que parece não estar muito de acordo com o espírito olímpico. Se Lukachenko fosse a Londres, talvez ouvisse um valente par de assobiadelas pela sua política totalitária e ditatorial.
P.S. No meio disto tudo, desejo muita sorte e vitórias à nossa judoca Telma Monteiro. Ela merece, trabalha para isso.
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