O Presidente do Tajiquistão, Emomali Rakhmon decidiu o cessar de fogo total na cidade de Khorog, capital da região autónoma de Gorno-Badakhchanski, onde as autoridades tinham anunciado uma operação especial com “grupos de criminosos”.
“Essa decisão foi tomada devido ao facto de haver feridos e nas ruas puderem existir cadáveres”, explicou Kodiri Kossim, dirigente da região, citado pela agência Ásia-Plus.
As autoridades anunciaram ter hoje inciado conversações com os representantes de “grupos de bandidos”. O ministro da Defesa, Cherali Khairulloev, exigiu dos “bandidos” a entrega de quatro habitantes de Gorno-Badakhchanski, alegadamente envolvidos no assassinato de um general dos serviços secretos tajiques.
Além disso, o ministro promete perdoar “todos aqueles que entregarem voluntariamente as armas”.
O Comité da Segurança Nacional e o Ministro do Interior do Tajiquistão anunciaram que, na operação especial, foram mortos 30 “bandidos”, 40 detidos, confiscadas 100 armas. As forças governais perderam 12 homens e 23 ficaram feridos.
Porém, órgãos de informação independentes falam de centenas de mortos.
Os analistas consideram que este conflito não é um mero confronto entre forças governamentais e “bandidos”, mas uma luta política de maiores dimensões.
“Penso que seria incorrecto reduzir a situação a algo puramente criminal, apenas ligado ao assassinato do general dos serviços secretos do Tajiquistão. A situação é claramente política”, considera Alexandre Kniazev, analista do Instituto de Estudos Orientais da Academia das Ciências da Rússia.
“Trata-se de uma região (Gorno-Badakhchanski) muito pobre, a mais pobre do Tajiquistão, à qual o centro presta muito pouca atenção. E aí são muito fortes os protestos em relação ao governo de Duchambé. Os comandantes da guerrilha que hoje tenta oferecer resistência refletem significativamente o estado de espírito dominante na região”, acrescentou.
O Tajiquistão, país da Ásia Central que faz fronteira com o Afeganistão, foi palco de uma sangrenta guerra entre clãs nos anos 90. O cessar de fogo foi conseguido com a intermediação da Rússia, que mantém nesse país uma base militar, mas, periodicamente, ocorrem confrontos entre as forças governamentais e grupos armados.
Os analistas explicam os confrontos com o facto de o clã do presidente Rakhmon ter tomado conta dos setores fundamentais da economia tajique, bem como do contrabando através desse país, nomeadamente de narcóticos do Afeganistão.
P.S. Segundo as últimas notícias, o cessar de fogo deve terminar durante a noite e os combates deverão recomeçar. Mais um perigoso foco de tensão na Ásia Central.
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