domingo, agosto 19, 2012

As maravilhas da culinária soviética


Texto traduzido e enviado pelo leitor Jest:

"Aproxima-se mais um aniversário do desaparecimento da União Soviética. Neste dia memorável é sempre instrutivo recordar as coisas e os processos que morreram juntamente com o “país de operários e camponeses”.

A União Soviética foi um dos líderes mundiais em destruição da culinária como uma arte. O défice permanente de produtos mais elementares, os roubos cósmicos nos locais de “alimentação comum” (eufemismo soviético para as locais de venda de alimentos confecionados, situados nas empresas, nos estabelecimentos de ensino, diversas cantinas e afins), ajudaram a cimentar essa posição pouco honrosa. A falta da ordem, consequência da ausência do proprietário, arrumou o assunto.

Frutas e legumes frescos praticamente não se vendiam nas lojas fora da sua época. No outono, inverno e primavera, nas lojas especializadas em venda de legumes era possível comprar a batata, cenoura, beterraba, repolho, na sua maioria sujos, cheios da terra, no parcial estado ligeiro de decomposição. Por vezes as mesmas lojas vendiam o repolho picado, melões inteiros conservados em tambores de madeira e maças, frescas ou também conservadas. Nas capitais das repúblicas soviéticas, de vez em quando, se vendiam as laranjas gregas ou marroquinas. As bananas apareceram em venda livre só na década de 1990.

Esparguete e macarrão muitas vezes tinham a cor cinzenta, situando-se à anos-luz da original pasta italiana. “Pelmeni” (ravioli) eram vendidos em caixas de cartolina, as peças facilmente se “colavam”, transformando-se em massa única e pegajosa, para as separar era preciso usar uma faca. Chamavam-se “Russos” e eram produzidos com um único sabor em toda a URSS.

Leite e nata eram vendidos em garrafas ou em pacotes triangulares que costumavam rebentar pelas costuras ou pelo menos pingar, sujando a roupa ou outros produtos que a dona de casa soviética teve a sorte de “apanhar” (eufemismo que significava comprar).

Peixe podia ser congelado, era a carpa viva ou em conserva. O conceito de peixe fresco era totalmente desconhecido, assim como as ostras, búzios, caranguejos, camarões ou polvo. A lula era vendida de vez em quando.

Especiarias e temperos: pimenta preta e malagueta, cravinho. Mais nada.

Chá e café: quase lixo, os restos que sobravam após o melhor chá georgiano era exportado ao Ocidente, pois o país precisava das divisas (que depois eram usadas para financiar os partidos e organizações comunistas ou pelo menos anti – Ocidentais). Café instantâneo soviético era simplesmente mau…

Almôndegas nas cantinas eram feitas de pão, alho e mais pão. As nojentas sopas de leite com aletria. Fígado que os cozinheiros sabiam transformar em pedra. Cerveja aguada.

Carne nas lojas tinha mais ossos do que a própria carne. Numa grande parte do território da Rússia Soviética (região de Volga, Rússia Central), a carne não aparecia no comércio estatal, as pessoas viajavam até Moscovo para comprar a mortadela. O único tipo de mortadela vendido naquelas regiões e mesmo assim, muitíssimo raramente, custava 1,60 copeque por quilo e era conhecida na Ucrânia como “felicidade de cão” (ucranianos a usavam para alimentar os seus cães e gatos).

Frangos: as pessoas contavam as anedotas sobre os frangos azuis. Uma anedota típica descrevia o ocidental crédulo que ficava deslumbrado com a suposta superioridade socialista ao ver uma fila enorme que esperava pelos “frangos deitados fora” (calão soviético que significava “em venda livre”). Depois de ver os frangos de perto ele dizia: “No meu país também deitamos fora os frangos desta qualidade”.

Queijo se vendia apenas dois, no máximo quatro tipos diferentes. A existência de Parmesão só era conhecida através do cinema e da literatura.

Vinhos: mixórdia de 0,5 que custava 0,92 copeque e se chamava “vinho de frutos e bagos”. Portveine “777”. Ninguém adivinhava que o verdadeiro Vinho de Porto é um vinho espirituoso saboroso e nobre.

Pela felicidade dos cozinheiros e adeptos de alimentos saborosos, este mal nos deixou para sempre!

Bónus

O blogueiro inbelousov, farmeiro e dono de uma rede de supermercados recorda a sua própria juventude.

Cresci na província de Kurgan. Pela primeira vez provei o chouriço em 1977 no Palácio dos Desportos na cidade de Chelyabinsk, quando foi ver o circo de Moscovo. Até agora me lembro os pedaços finíssimos colocados no pão. Bananas uma vez o pai trouxe de Leninegrado, em 1976. Tangerinas só apareciam nas prendas do Ano Novo. 

Em 1984 após a graduação na escola militar foi servir no Extremo Oriente russo, na província de Amur, aldeia Srednebelaya-2. A carne era vendida apenas aos portadores de talões, cada pessoa tinha direito aos 500 gramas mensais. Eu e a minha esposa tivemos o direito de 1 kg de carne. Na loja da guarnição se vendia a farinha, ovos, pasta de tomate e “salada Jager”. Mais nada. Essa era a Rússia onde eu vivia, este era o poder soviético para mim.

Fonte:

Blogueiro

Imagino que vão aparecer alguns comunistas não arrependidos que irão dizer que tudo isso é mentira e uma propaganda “foscista”. Pois, quando eles visitavam Moscovo na década de 1970 e viviam nas instalações da Escola Superior do Partido, se alimentavam bem e não sentiam falta de absolutamente nada.

Pois é verdade, naquela época, o povo soviético era tratado como os animais da fábula do George Orwell para que os comunistas estrangeiros não sentirem falta do absolutamente nada. Estou muito feliz por este tempo desaparecer para sempre.

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FIM"

10 comentários:

João Nobre disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno disse...

Memorável foi o aparecimento e a instauração da União Soviética, o seu desaparecimento foi a maior desgraça que poderia ter acontecido às classes laboriosas não só da URSS, mas também de todo o Mundo.

Jest nas Wielu disse...

2 João Nobre

Pode fazer, agradeço antecipadamente por mencionar a minha tradução e arranjos do artigo.

A TV soviética sobre o golpe do estado em 1991:
http://www.istpravda.com.ua/videos/2012/08/19/91800/

Jest nas Wielu disse...

agosto de 1991 Foros e Gorbachov
http://ed-glezin.livejournal.com/516036.html

Europeísta disse...

Eu queria ver o pippo, o portugueseman e o Pedro Lopes comendo as "iguarias" soviéticas! ahahahaha! Só quem defende aquele inferno é gente que se esqueceu como era horrível a vida naqueles países. Ainda dizem que nestes países a qualidade de vida era boa. Dúvido! Mal tinham o que comer. Aqueles governos autoritários não apresentavam dados confiáveis de qualidade de vida, tudo para passar a imagem de que o comunismo proporcionava padrao de vida satisfatório. Quem defede isso nao está interessado em defender o padrao de vida de ninguém, mas sim o sistema.

Pippo disse...

"Europeista", pelo seu nível de verborreia, parece que você viveu esses tempos, eheheh!

marco disse...

Agora existe o que comer e os europeistas do velho continente continuam a destilar odio pela russia.

Jesus Cristo laico disse...

Eis o tipo de vida que os petizes do PCP pretendem para Portugal! Se o nazismo é proibido em todos os paises democráticos porque se continua a tolerar os comunistas cujo objectivo é estabelecer os mesmos tipos de ditaduras de Stalin, PolPot, Mao, Ceausescu, Fidel de Castro. etc.

Anónimo disse...

Quem morre por conta própria
morre sempre com razão.

Mais vale ser pardal na rua
do que rouxinol na prisão.

(José Afonso)

Roman disse...

Este nazi ucraniano galicista é realmente um mentiroso desonesto e cobarde. Eu não entendo porque é o Dr. Milhazes publica os "artigos" dele. Deve ser é para criar o ar de escandalismo neste blog, assim chamando a atenção a ele. Está bom, sim senhor, cada um age à sua maneira.
Falta referir um pequeno pormenor. O blogueiro que escreveu o texto inicial queria dizer uma coisa um bocadinho diferente. Resumindo as suas experiências dos tempos da época soviética ele diz (tradução google):

Então ... Eu posso estar vivendo em uma Rússia diferente, mas para mim que o poder soviético era tal.

Estou feliz que agora tenho a oportunidade de ter o que você quer.
Azeitonas caseiros e de óleo do mosteiro de Israel - e extravagância gosto.
Espanhol jamon. Queijo "Camembert". Massas italianas a partir de trigo duro, na verdade não, este McFee .....
E tudo o que você quer de legumes e frutas ....


Pois ... não está fácil a vida na Rússia putinista... he... muito melhor é na Ucrânia (e na Geórgia, claro), que são os faróis de democracia no todo espaço pós-soviético e a última esperança de todos os liberastas, liberóides e manifestantes político-sexuais.

Apesar de tal pureza e incontestabilidade evidente dos factos expostos nem toda a gente tem a mesma visão para a nossa história comum (ver comentários):
Tradução Google