Os 22 finalistas guineenses que ocuparam a embaixada do
seu país na capital russa lançaram hoje um apelo às chefias militares
do seu país para que os ajudem a receber o bilhete de regresso à
Guiné-Bissau.
"Lançamos um apelo a António Indjai, chefe do
Estado-Maior General das Forças Armadas, para que obrigue as autoridades
civis a cumprir a promessa de enviar os bilhetes de avião para
regressarmos a casa. Ele é a nossa última esperança", declarou à Lusa
Vicente Soares Borges, finalista guineense.
O chefe das Forças
Armadas da Guiné-Bissau financiou, no início de setembro, o regresso ao
país de 37 crianças que estavam retidas na Costa do Marfim, onde foram
para jogar futebol, mas não conseguiram regressar por falta de dinheiro
para as passagens.
Segundo Roberto Metcha, representante dos pais
cujos filhos estavam retidos em Abidjan desde o início de agosto,
António Indjai, informado da situação, "pagou do próprio bolso" quatro
milhões de francos CFA (6.106 euros) e ainda disponibilizou um autocarro
militar para levar as crianças a casa.
Os estudantes guineenses
encontram-se no edifício da embaixada da Guiné-Bissau em Moscovo desde
17 de agosto e, não obstante as promessas dos ministérios da Educação e
das Finanças de enviarem os bilhetes de regresso ao país, continuam à
espera de resposta.
"Os ministros da Educação e das Finanças já
nem sequer atendem as chamadas telefónicas do nosso embaixador. Por
isso, só nos resta apelar aos nossos militares para nos livrarem desta
situação cada vez mais desesperada", afirmou Carfa Mané, porta-voz dos
estudantes.
"O apartamento da embaixada é minúsculo, não temos
condições para dormir. Já temos dois finalistas doentes e este número
poderá aumentar pois o frio já se faz sentir em Moscovo", acrescentou.
Mané
chama a atenção para o facto de os finalistas se verem obrigados a
vender os seus parcos haveres para conseguirem dinheiro para comer.
"Alguns
de nós tinham comprado computadores e outros objetos para levar para o
país depois de terminado o curso, mas estamos a vender tudo, pois
falta-nos dinheiro para comer", precisou.
"Já não sabemos mais o
que fazer, estamos desesperados e, por isso, os militares guineenses são
a nossa última esperança. Talvez o comando militar do nosso país
consiga chegar a um acordo sobre os militares russos para que nos tirem
daqui", acrescentou Vicente Soares Borges.
Os finalistas
guineenses lançaram também um apelo aos seus parentes e amigos em Bissau
para que se manifestem a fim de chamarem a atenção para a sua situação.
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