A
Duma Estatal, câmara baixa do Parlamento russo, privou o mandato de
deputado de Guennadi Gudkov, um dos dirigentes da oposição ao Presidente
Vladimir Putin.
Esta decisão, explicada pelo facto de Gudkov
alegadamente continuar a dirigir empresas paralelamente à sua atividade
parlamentar, o que é proibido pela lei russa, recebeu o apoio de 291
deputados, tendo-se registado 153 votos contra e 3 abstenções.
Os
votos a favor vieram dos Partidos Rússia Unida, controlado pelo
Kremlin, e Liberal Democrático, ultranacionalista. Os deputados do
Partido Comunista e do Partido Rússia Justa, em que Gudkov milita,
votaram contra.
"Antes de ser eleito deputado, Guennadi Gudkov
tinha negócios, que não abandonou depois de ter sido eleito. Mais, ele
continua a dirigi-los. Por isso, proponho que se analise a questão da
privação do seu mandato de deputado", declarou Vladimir Malinovski,
vice-procurador-geral da Rússia, antes de se realizar a votação.
Gudkov
pediu a palavra para desmentir as essas informações e acusar a maioria
de estar a realizar um "linchamento puramente político".
"Trata-se
de uma vingança pela greve italiana, pelas manifestações na
Bolotnaia... Isto não é um julgamento, mas um linchamento. E o que tem
lugar aqui é uma vergonha para o país", declarou da tribuna do
parlamento.
Os deputados do Partido Rússia Justa organizaram, no
mês de Julho, uma "greve italiana" no parlamento a fim de evitar a
aprovação de leis que, segundo eles, "limitam as liberdades no país".
Essa forma de greve consiste em apresentar o maior número de emendas ao
decreto-lei para adiar a sua votação final.
Além disso, Guennadi
Gudkov esteve entre os organizadores das grandes manifestações de
dezembro do ano passado e de março passado em Moscovo a fim de
contestarem os resultados das eleições parlamentares e presidenciais da
Rússia.
Gudkov, tal como Vladimir Putin, é um dos políticos russos
saídos dos serviços secretos soviéticos/russos KGB/FSB, mas começou a
ser alvo de fortes ataques por parte da maioria parlamentar depois de
começar a criticar a política do Presidente russo e a dirigir a
oposição.
"Não foi por acaso que Gudkov foi hoje expulso do
Parlamento. Trata-se de mais uma forma de assustar a oposição que se
prepara para amanhã [sábado] realizar mais uma grande manifestação em
Moscovo", declarou à Lusa um porta-voz da oposição.
A oposição
convocou para sábado a realização de uma "Marcha dos Milhões" em
Moscovo, pretendendo assim mobilizar os descontentes com a política de
Putin.
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