sábado, junho 15, 2013

As asas vermelhas de Luftwaffe


Texto enviado pelo leitor Jest:
 
"Se a pergunta preferida dos diversos estalinistas é a seguinte: “Será que sem Estaline a URSS ganhava a II G.M.”? Já a interrogação correta deveria ser simples: “Será que sem estalinismo nasceria o 3º Reich”?
Derrotada na I G.M., e de acordo com o Tratado de Versalhes, a Alemanha (República de Weimar) foi proibida de possuir a aviação militar e todos os aparelhos que poderiam servir à este propósito deveriam ser entregues aos aliados. O país também foi proibido de construir ou desenvolver os aviões militares.
Para anular essa proibição internacional, em 15 de abril de 1925, em Moscovo, o chefe da Força Aérea do Exército Vermelho, Pjotr Baranow e representante do “Sondergruppe R” na URSS, coronel alemão Hermann von der Lieth-Thomsen, assinaram o acordo secreto sobre a criação da escola e armazéns de aviação na cidade soviética de Lipetsk.
Na época, Alemanha gastava anualmente 10 milhões de marcos para a preparação da sua força aérea (violando claramente o Tratado de Versalhes). Deste valor, em média 2 milhões por ano eram gastos na escola de Lipetsk (em 1929 – 3,9 milhões; em 1930 – 3,1 milhões), onde foi construída a diversa infraestrutura (hangares, oficinas de produção e de reparação, laboratório de testes dos motores, posto médico, oficina de rádio, ligações ferroviárias, etc.).
Já no verão de 1925 a escola começou formar os pilotos e instrutores; em 1928-1930 especializou-se em preparação dos pilotes-observadores (corretores dos bombardeamentos). Na escola lecionavam o futuro tenente-general da Luftwaffe Werner Junck, futuro major-general Carl-August von Schoenebeck, o futuro general e marechal de campo Hugo Sperrle (comandante da Legião Condor na guerra civil espanhola). Hugo Sperrle também foi um dos primeiros inspetores da escola.
Desde os meados de 1927 no polígono de Lipetsk os pilotos alemães treinavam combates aéreos e diversos tipos de bombardeamentos, testavam aviões e equipamentos militares: canhões e metralhadoras, equipamento ótico e bombas…
A escola de Lipetsk recebia os fornecimentos das diversas fábricas soviéticas, situadas em Moscovo, Leninegrado, Odessa, Kazan, Kyiv, Kharkiv, no Cáucaso, na Crimeia, tinha ligações com cerca de 20 esquadras aéreas soviéticas.
Os alemães possuíam na escola cerca de 60 pilotos-instrutores e técnicos permanentemente, anualmente recebiam cerca de 50 pilotos e 70-100 técnicos para os testes de material bélico. Deste modo, nos meses de verão a escola abrigava 180-200 “colonos”, à partir de 1929 este número aumentou para 300. Para os trabalhos mecânicos a escola também empregava os cidadãos soviéticos.
Lipetsk não foi escolhido pelos alemães ao acaso, aqui se situava a “2ª Escola superior dos pilotos militares vermelhos”, que possuía boas oficinas e aeródromo. Além disso, a cidade provinciana de Lipetsk situava-se bem longe dos olhares indiscretos ocidentais (à 500 km de Moscovo), mas à uma distância de apenas duas horas de avião.
Nos rios locais eram testados os hidroaviões e se treinavam os pilotos da aviação da marinha de guerra, os pilotos alemães até participaram nas manobras conjuntas com o Exército Vermelho, decorridas nos arredores da cidade de Voronezh (deste grupo 17 oficiais se tornaram generais da Luftwaffe).
Em 1928 na URSS receberam a formação profissional 48 pilotos alemães da I G.M., a futura liderança de Luftwaffe. Em 1929 foram testados os novos detonadores de bombas, aparelhos e mirras de bombardeamentos. No mesmo ano foram efetuados 1200 testes de bombardeamentos dos diversos objetos no solo, foram treinadas as novas táticas dos combates aéreos. Entre 1929 e 1932 em Lipetsk eram formados os cadetes e testadas as últimas criações de fabricantes alemães. Até 1933 na escola foram testados cerca de 800 componentes técnicos da aviação militar alemã.
Durante a existência da “Estação de pesquisa científica de testes dos aparelhos voadores”, alemães testaram na URSS mais de 25 modelos de diversos aviões de combate, nomeadamente, os bombardeiros “Heinkel He 45”, “Heinkel He 46”, “Heinkel He 50”, “Heinkel He 59”, “Arado Ar 64”, “Arado Ar 65”, “Dornier Do 11”. Os modelos “Arado Ar 65” e todos do grupo “Heinkel” após 1935 foram incorporados na Luftwaffe. O hidroavião “Heinkel He 59” participou nas batalhas pela Inglaterra, da Noruega, no Mar Negro.
Os aviões e equipamentos militares alemães eram transportados como “carga civil” pela, especialmente criada para o efeito, empresa de acionistas “Metakhim”. Os pilotos viajavam à URSS na qualidade dos funcionários das empresas privadas ou turistas, trajados à civil, usando os nomes falsos. Em Lipetsk eles vestiam as roupas civis ou trajavam os fardamentos de Exército Vermelho sem insígnias militares. Nos casos em que algum piloto alemão morria nos treinos, o seu corpo era enviado à Alemanha numa caixa com inscrição: “Carga técnica”.
A escola alemã se chamava nos documentos soviéticos de “4º destacamento de aviação da 38ª esquadra da Força Aérea do Exército Vermelho dos Operários e Camponeses”. O pessoal alemão era chamado de “amigos”…"

2 comentários:

Pippo disse...

Finalmente um artigo realmente interessante traduzido pelo Dmytro Yatsyuk!

Depois de ter sido ostracizada pela "comunidade internacional", a URSS enveredou por alianças bastante curiosas, antes e durante a época estalinista.

Por exemplo, um dos primeiros acordos firmados pela URSS foi com o movimento nacionalista turco que lutava contra arménios, gregos e a "Entente Cordiale", inimigos comuns à incipiente União Soviética.

Também a relações germano-soviéticas incrementaram devido ao facto de ambos os países serem párias internacionais. Os alemães precisavam de matérias-primas e de treinar as suas ilegalizadas FA, os soviéticos precisavam de dinheiro e de moderniza a sua indústria. Aliás, foi em boa parte graças à ajuda alemã que foram criadas fábricas de produção de carros de combate em Leninegrado e em Kharkov, da mesma forma que foram vendidas à URSS grandes quantidades de armamento que, juntamente com outras aquisições internacionais, serviram de base à indústria bélica soviética durante a 2ª Guerra Mundial.

Portanto, a par daquelas perguntas, seria legítima uma terceira questão:
"Será que sem a Alemanha a URSS poderia ter ganho 2ª G.M.?"

Anónimo disse...



E qual era a incorporação de tecnologia Soviética nos aviões Alemães! 0 (zero).

Por outro lado convém questionar , se o contributo Soviético foi idêntico ao Ocidental para a ascensão do Nazismo?

Depois ainda, não fica nada mal as pessoas fazerem um exercício de honestidade por pequeno que seja.

A participação de outros países Ocidentais no desenvolvimento da Alemanha não foi inferior ao Soviético, em particular dos EUA.

Em especial a industria do aço, grupo Krup e no sector financeiro.

Além disso ninguém podia impedir que os Soviéticos negociassem com quem entendessem, se estavam também eles debaixo de um feroz boicote económico por parte dos países capitalistas.

E como é sabido à Alemanha tinham sido impostas as vexatórias condições do tratado de Versalhes. Que entre outras coisas foi-lhe retirado parte do território.

Vergonhoso foi permitir que a Alemanha de Hitler participasse na agressão a Espanha, e aceitar todas as condições impostas por ele no tratado de Munique.



Há uma lição que os fascistas repintados já deviam ter aprendido.


A história não é um caderno de exercícios onde podem apagar aquilo que não lhes agrada