sexta-feira, agosto 23, 2013

Rússia considera inaceitável pressão sobre ONU no caso da Síria

A Rússia considerou hoje "inaceitáveis" os apelos na Europa para pressão sobre a ONU e a favor do uso da força contra o regime sírio de Bashar Al-Assad, face ao alegado uso de armas químicas pelo regime de Damasco.
Enquanto altos responsáveis europeus apontam o dedo ao regime sírio, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros insiste em que parece tratar-se de uma "provocação".
"No contexto de uma nova vaga de propaganda anti-síria, pensamos que os apelos de algumas capitais europeias para pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU e aprovar o mandato para recorrer à força são inaceitáveis", lê-se num comunicado da diplomacia russa.
A Rússia, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU bloqueou até ao momento todas as resoluções que sancionam o regime de Damasco, ao qual vende armas e é um dos seus últimos apoiantes.
Na quarta feira, o exército sírio terá utilizado armas químicas num ataque contra áreas da periferia de Damasco nas mãos dos rebeldes, provocando várias centenas de mortos.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, declarou que uma "reação de força" era necessária se o uso de armas químicas ficar "provado".
Hoje, o chefe da diplomacia britânica, William Hague, declarou que Londres acredita que aconteceu "um ataque químico do regime de Assad em grande escala" e quer que "as Nações Unidas pudessem verificar".
Mas Moscovo duvida fortemente dessa versão e o MNE da Rússia sublinha no seu comunicado que as informações na Internet que implicariam o regime de Assad nesse ataque foram publicadas "algumas horas antes" dos factos.
O ataque na zona controlada pelos rebeldes ocorreu quando uma missão de inspeção da ONU se encontra na Síria para investigar sobre o recurso à utilização eventual de armas químicas em casos anteriores.
Apontando o dedo à oposição síria, o ministério russo diz que "infelizmente não há sinais" que mostrem que ela esteja "pronta a garantir a segurança e a eficácia dos peritos nos seus trabalhos no território controlado pelos rebeldes".
Assim, "isso impede a realização de um inquérito sobre um possível recurso a armas químicas na Síria, à qual apelam numerosos países e a Rússia", acrescentou.
"A Rússia continua a seguir muito de perto os desenvolvimentos em torno do alegado ataque químico. Aparecem mais e mais testemunhos segundo os quais essa ação criminosa teve um caráter claramente provocatória", frisa.
P.S. Até quando a comunidade internacional vai continuar a discutir? Para que servem organismos internacionais como a ONU? Não me recordo de a ONU ter resolvido um único conflito depois da Segunda Guerra Mundial. Congelou muitos, mas não resolveu nenhum. O primeiro-ministro da Turquia, Erdogan, apela à criação de uma nova ONU, pois o Conselho de Segurança não toma qualquer decisão. O conflito na Síria merece uma resposta urgente, mas não precipitada.

Quanto à posição russa, considero que ela se deve ao facto de Moscovo recear que, se a oposição síria tomar o poder, o terrorismo islâmico irá aproximar-se das suas fronteiras do Cáucaso do Norte. Além disso, volto a recordar que, em 2014, as tropas da NATO abandonarão o Afeganistão e a Ásia Central poderá ser mais uma dor de cabeça para a Rússia.
Quanto à União Europeia e aos Estados Unidos, parecem não ter um programa para ajudar a resolver esses problemas.    

2 comentários:

Anónimo disse...

"Quanto à União Europeia e aos Estados Unidos, parecem não ter um programa para ajudar a resolver esses problemas."

Mas que falta de honestidade.


Não sabe que são estes que está a pedir para resolver o problema que o estão a fomentar?


Pippo disse...

O problema para a EU-ropa e os EUA é que, apesar deles não gostarem do Assad, que é um ditador e um tirano, há o grande perigo de ao governo alauíta suceder um governo sunita extremista, apostado em transformar a Síria num Estado islamita, em perseguir as minorias religiosas e até mesmo em exportar terroristas islamitas para outras partes do Mundo, aliás, algo que de certo modo já está a acontecer com a recepção, treino, utilização em combate e posterior "retorno à procedência" de centenas, se não de milhares, de jihadistas europeus os quais, garantidamente, irão propagandear as suas ideiase os seus métodos de "luta contra o inimigo" na nossa Europa.