terça-feira, setembro 10, 2013

José Milhazes Historiador ou aldrabão?


 Recebi uma mensagem por via mail  assinada por um tal Velho Corvo (pseudónimo que visa encobrir a cobardia) com o título sugestivo: José Milhazes Historiador ou aldrabão? Nela se publica um depoimento há muito conhecido e de que o PCP se serve para "desmentir" a sua participação no desvio de parte dos arquivos da PIDE para a URSS. 
Porém, convinha que as autoridades competentes dessem resposta a algumas perguntas que ainda não receberam resposta clara. Um dos participantes da Comissão de Extinção da PIDE/DGS e LP disse-me, após a publicação do meu livro, que "só não levava documentos para quem quem não queria", prova de que tudo estava "bem" guardado.
Segundo, a Torre do Tombo deve esclarecer se realmente todos os documentos do dito arquivo se encontram no lugar devido. As declarações de historiadoras como Isabel Pimentel e Raquel Varela, que conhecem bem a problemática, apontam para que realmente foram desviados documentos.
Porque é que o PCP e pessoas como o Velho Corvo reagem ainda antes de ler o livro? Está lá um exemplo claro que o KGB utilizou os arquivos da PIDE, bem como outros testemunhos que para o PCP não tem valor porque foram feitos por "traidores".
A estes senhores recomendo que leiam primeira o livro e que não receiem de assinar os seus textos com o verdadeiro nome. É uma questão de honestidade. Afinal, quem é o aldrabão. 

"Rodrigo Sousa Castro – Presidente
Superintendente para a Extinção da PIDE/DGS e LP

A TODOS OS MEUS AMIGOS DO FB PEÇO O EMPENHO EM LEREM O QUE SEGUE E DIVULGAREM SE ACHAREM JUSTO. É QUE JÁ NÃO É ADMISSIVEL TANTA MENTIRA E DEMAGOGIA.
Quando a 26 de Abril de 1974, finalmente as Forças Armadas tomaram a sede da Pide/Dgs na rua António Maria Cardoso em Lisboa e ocuparam o forte de Caxias libertando os presos políticos, um dos factos que constataram foi que na sede, os agentes da Pide acossados pela Revolução, haviam queimados substanciais quantidades de documentos, não numa incineradora que tivessem para o efeito, mas numa singela lareira revelando logo ali, o estado da arte a que tinha chegado a policia politica da ditadura.
Como não foi possível identificar na totalidade os documentos queimados, sabendo-se todavia que ma maior parte eram listas de colaboradores e informadores e de redes pessoais de informadores que eram exclusivo dos agentes mais graduados da policia politica , inspectores e sub- inspectores, é absolutamente razoável presumir que alguns desses documentos conteriam algum documento relacionado com as policias politicas congéneres inclusive com a CIA.
Acrescente-se todavia, que nessa altura, 90% dos efectivos e da actividade da Pide /Dgs, realizava-se nos três teatros de operações militares em África a beneficio das Forças Armadas Portuguesas, especialmente o Exército, com quem colaboravam estritamente, não só no domínio da pesquisa coberta das informações, como em actividades extra fronteiras, e até em contactos com os movimentos ditos de Libertação.
Na Metrópole, isto é em território Nacional Europeu, tanto a sede como a prisão de Caxias, foram ocupadas em permanência pelas Forças Armadas, quer unidades do Exército , quer da Armada, incluindo a prisão de Alcoentre, onde milhares de agentes e informadores, foram “ depositadas” com o intuito de serem julgados.
A ocupação, guarda e defesa dessas instalações, manteve-se ininterruptamente nas mãos dos militares até 1982 ( fim do Conselho da Revolução), embora com a substituição das guarnições logo após os acontecimentos politico-militares de 25 de Novembro de 1975.
Ao organizarem a guarda das instalações e arquivos os militares, através de uma cadeia hierárquica conhecida, formaram uma comissão, chamada Serviço de Coordenação para a Extinsão da Pide/Dgs e LP. Nela aceitaram integrar elementos dos vários partidos e forças politicas, que reivindicavam um passado de luta antifascista, entre outras, O PCP, O Ps, a Luar, o MRPP etc. Esses elementos são conhecidos e grande parte, creio eu, ainda hoje é viva , felizmente. Entre eles estava um menbro do comité central do PCP, o snr Oneto ligado ao PS, o dr. Caldeira do PS e hoje da fundação Mário Soares e outros cidadãos ligados ás forças que referi.
Estas forças , particularmente o PCP, que tinham aliás os correlativos simpatizantes no seio das Forças Armadas da altura, procuraram numa primeira fase e rapidamente, indagar das listas de colaboradores e informadores por forma a puderem rapidamente sanearem as suas fileiras e exercerem alguns ajustes de contas. Digo particularmente o PCP, que obviamente teve chocantes surpresas.
Mas a questão essencial, é que este heterogénio grupo politico civil que passou a fazer companhia aos militares, exerciam uma vigilância mútua de tal ordem, que é absolutamente delirante pensar, nas colunas de Berliets (camiões) que a coberto da noite carregaram toneladas de documentos e se puseram a caminho da União Soviética, numa operação Jamesbondiana sem paralelo cá no burgo !!!!!.
É aliás ofensivo para a guarnição e chefias militares presentes e responsáveis á época a admissão de uma operação dessa natureza.
Esta delirante visão, sem o mínimo de consistência e prova real, faz ainda hoje as delicias conspirativas de alguns escribas jornalísticos e do Face Book e mais grave é partilhada por gente que se diz historiadora, alguma com altas responsabilidades académicas..
A verdade, é que tirando alguns recuerdos pessoais, entre os quais algumas armas, os processos de lideres políticos da oposição á ditadura como os de Soares e Cunhal, e eventualmente algumas fotocópias de documentos que a análise superficial de alguns desses zelosos civis partidários poderiam considerar informação útil para este ou aquele partido, os arquivos da policia politica da ditadura podem considerar-se incólumes e foram entregues por mim em 1982 para seguirem para a Torre do Tombo, após um grupo de deputados ter alvitrado que eles ficassem na AR !!!!
O embuste da fuga de informação relevante e com peso politico, sobretudo em termos internacionais, uma espécie de wikileaks avant-garde, põe a nú oportunismos serôdios e a ignorância completa do processo histórico relacionado com o fim da ditadura. Por altura do 25 de Abril de 1974, a policia politica português, estava praticamente proscrita das redes de informação normais das democracias ocidentais, incluindo a CIA e como é óbvio, não tinha qualquer contacto com as policias politicas do Bloco Comunista e ainda menos com a China.
Acresce a esta realidade o indigente estado da arte dessa policia, por mim verificado, durante os sete anos em que fui responsável pelo desmantelamento do seu aparelho, em que foi confrangedor, verificar os aspectos artesanais e arcaicos do seu funcionamento. Sem embargo de admitir contactos estritamente pessoais de alguns inspectores, que não do director, major Silva Pais, com elementos de alguns serviços secretos europeus (França e Inglaterra). O resto é fantasia pura.
Relembro que os efectivos , os melhores agentes e 90% do esforço da policia politica se verificava em África e aí sim, com resultados palpáveis, entre os quais os assassinatos de Eduardo Mondlane e Amilcar Cabral. Acções aliás bem negativas para o interesse estratégico português como hoje é fácil constatar.
Por último queria rearfirmar que a todos os agentes e informadores confirmados, foi dado oportunidade de um julgamento justo e equitativo, por mim exigido em Conselho da Revolução e que o General Ramalho Eanes através dos meios Judiciais do Exército proporcionou ( cinco tribunais militares), queria dizer ainda que esses processos judiciais estão salvaguardados no Arquivo Histórico militar, sendo Portugal, talvez o único caso no mundo, onde os arquivos da policia politica de uma ditadura foram essencialmente perservados e o julgamento que os democratas fizeram sobre essa policia politica estão salvaguardados.
Isto sim devia ser valorizado e merecer o estudo de quem perde tempo com especulações e demagogias.
José Milhazes Historiador ou aldrabão?

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu sou o Velho Corvo em solidariedade para com Karl Marx. Era assim que com afecto era tratado.
Tentei a Caixa de comentários que me foi negada por ultrapassar 4.000 caracteres.
A propósito do tema em apreço o artigo que lhe remeti é da autoria do Coronel Sousa e Castro que em nome do Conselho da Revolução e como homem do MFA foi o responsável pela extinção da PIDE/DGS-LP.
Saberá o José Milhazes mais e melhor de quem foi interveniente directo e responsável pela extinção PIDE/DGS?.
Acho que José Milhazes devia ter vergonha de tudo o que anda a fazer e devia pedir desculpa aqueles que anda a enganar.
Mais um testemunho de um camarada amigo:
"Como sabes estive a trabalhar na Comissão de Extinção da PIDE/DGS entre Junho de 1974 e o 25 de Novembro de 1975.
Durante este período nunca dei conta da saida de qualquer documento. Aquilo era de tal forma controlado pelas forças políticas que era absolutamente impossível sair qualquer documento. Enquanto eu lá estive houve dois responsáveis militares, um seria próximo do PS e outro foi o Miguel Judas."
E vem agora a Zé Milhazes inventar a pólvora para consolo de si próprio e dos seus apaniguados da direita reaccionária.
Abraço
José Corvo

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Pergunto ao Sr. José Corvo, você leu o livro? Responda sim ou não.

Anónimo disse...

José Milhazes mas que pergunta mais disparatada.

Será preciso ler o livro?

Os exemplos dos livros que escreveu anteriormente servem perfeitamente para este.

Está recordado da nossa troca de palavras acerca do livro sobre Angola?

Teve o atrevimento de me chamar mercenário ao serviço do MPLA por eu dizer que nessa altura estava em Angola, portanto sabia que algumas coisas que constam no livro não correspondem à realidade dos factos.

Continuo a defender que se trata de uma mistificação da verdade em muitos aspetos.

Como lhe disse na altura se foi o coronel Konstatin ou os seus amigos da UNITA que lhe passaram essas informações falsas, o facto é que o José Milhazes vendeu-as como verdades.


Cumprimentos.

Francisco Lucrecio



Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Francisco Lucrécio, se você não tem necessidade de ler o livro, é porque já sabe tudo. É dos que tem a verdade absoluta na barriga. Por isso, encerro aqui a conversa com o Sr. Quanto aos livros sobre Angolas, eu cito fontes escritas e memórias. Escreva você outro livro com fontes, memórias, etc. a mostrar que escrevo falsidades. É simples.

Anónimo disse...

Amigo José Milhazes,não faça caso desses que recorrem aos ataques pessoais por falta de argumentos.
Tolos são aqueles que votam nos vermelhos mesmo em eleições autárquicas.