quinta-feira, setembro 05, 2013

PCP diz que notícias sobre arquivos da PIDE são “recorrentes falsificações”

Artigo publicado na Lusa por Pedro Sousa Pereira:

    
"O Partido Comunista Português considera que notícias sobre o envio de arquivos da PIDE para a União Soviética em 1975 assentam em “velhas falsificações”.
“Não merecem comentário afirmações desqualificadas assentes em velhas e recorrentes falsificações”, afirma o Partido Comunista Português quando questionado pela agência Lusa sobre a alegada entrega de parte dos arquivos da antiga polícia política portuguesa aos serviços secretos soviéticos após a Revolução de 25 de Abril de 1974.
A polémica sobre os alegados documentos da PIDE volta a surgir a propósito de novos dados publicados no livro “Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril”, do historiador e correspondente da Lusa em Moscovo, José Milhazes.
O autor de “Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril” escreve que os arquivos da PIDE-DGS que foram levados para Moscovo permitiram aos serviços secretos soviéticos não só aceder a informação sobre Portugal mas também identificar uma “toupeira” da CIA no KGB.
A trama explicada por Milhazes, historiador e correspondente da Lusa em Moscovo, no livro que vai ser lançado no dia 13 na Póvoa de Varzim, indica que em meados dos anos 1970, quando em Portugal reinava o “caos revolucionário”, o PCP, com a ajuda dos “correligionários nos serviços de segurança”, roubou parte dos arquivos da PIDE.
Milhazes escreve ainda que, ao analisar as fichas dos agentes dos serviços secretos norte–americanos contidas na documentação da PIDE, o general Oleg Kaluguin, antigo agente do KGB, descobriu o apelido de “uma dama” (Pilar Suarez Barcala) que conseguiu, na Colômbia, envolver numa história de amor, e depois, de espionagem, o diplomata soviético Ogorodnik, mais tarde desmascarado em Moscovo como espião da CIA (página 38).
José Milhazes conta ainda o episódio vivido por um agente soviético, Guenrikh Borovik, que passando por jornalista em maio de 1974 entra com “facilidade” na sede da PIDE em Lisboa, tendo “roubado” o próprio cartão de identidade de Silva Pais, o diretor da então polícia política, apesar de ter sido revistado pelos militares do Movimento das Forças Armadas que guardavam o edifício.
“A tentação de desviar os arquivos da polícia política portuguesa para a URSS, com a ajuda do PCP, podia ter surgido devido a relatos” como esse que demonstram a facilidade com que “se entrava nas instalações da PIDE em Lisboa ou na prisão de Caxias”, escreve Milhazes no livro “Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril”.
“Os arquivos (da PIDE) continuam em Moscovo, apesar de a Rússia dizer que não tem nada, o que é fácil de compreender porque a Rússia naquela altura fez um ato ilegal. Porque foi um roubo. Eu no meu livro apresento elementos que mostram que, efetivamente, os arquivos foram para Moscovo e que foram utilizados pelos serviços secretos soviéticos. A parte que falta dos arquivos da PIDE - aquela que foi levada para Moscovo - diz principalmente respeito aos contactos internacionais da polícia política portuguesa”, disse José Milhazes.
“Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril – Como a União Soviética não quis a revolução socialista em Portugal”, de José Milhazes (Editora D. Quixote, 205 páginas), é apresentado na Póvoa de Varzim no dia 13 e no dia 24 em Lisboa".

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