Artigo publicado na Lusa por Pedro Sousa Pereira:
"O
Partido Comunista Português considera que notícias sobre o envio de
arquivos da PIDE para a União Soviética em 1975 assentam em “velhas
falsificações”.
“Não merecem comentário afirmações desqualificadas
assentes em velhas e recorrentes falsificações”, afirma o Partido
Comunista Português quando questionado pela agência Lusa sobre a alegada
entrega de parte dos arquivos da antiga polícia política portuguesa aos
serviços secretos soviéticos após a Revolução de 25 de Abril de 1974.
A
polémica sobre os alegados documentos da PIDE volta a surgir a
propósito de novos dados publicados no livro “Cunhal, Brejnev e o 25 de
Abril”, do historiador e correspondente da Lusa em Moscovo, José
Milhazes.
O autor de “Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril” escreve que
os arquivos da PIDE-DGS que foram levados para Moscovo permitiram aos
serviços secretos soviéticos não só aceder a informação sobre Portugal
mas também identificar uma “toupeira” da CIA no KGB.
A trama
explicada por Milhazes, historiador e correspondente da Lusa em Moscovo,
no livro que vai ser lançado no dia 13 na Póvoa de Varzim, indica que
em meados dos anos 1970, quando em Portugal reinava o “caos
revolucionário”, o PCP, com a ajuda dos “correligionários nos serviços
de segurança”, roubou parte dos arquivos da PIDE.
Milhazes escreve
ainda que, ao analisar as fichas dos agentes dos serviços secretos
norte–americanos contidas na documentação da PIDE, o general Oleg
Kaluguin, antigo agente do KGB, descobriu o apelido de “uma dama” (Pilar
Suarez Barcala) que conseguiu, na Colômbia, envolver numa história de
amor, e depois, de espionagem, o diplomata soviético Ogorodnik, mais
tarde desmascarado em Moscovo como espião da CIA (página 38).
José
Milhazes conta ainda o episódio vivido por um agente soviético,
Guenrikh Borovik, que passando por jornalista em maio de 1974 entra com
“facilidade” na sede da PIDE em Lisboa, tendo “roubado” o próprio cartão
de identidade de Silva Pais, o diretor da então polícia política,
apesar de ter sido revistado pelos militares do Movimento das Forças
Armadas que guardavam o edifício.
“A tentação de desviar os
arquivos da polícia política portuguesa para a URSS, com a ajuda do PCP,
podia ter surgido devido a relatos” como esse que demonstram a
facilidade com que “se entrava nas instalações da PIDE em Lisboa ou na
prisão de Caxias”, escreve Milhazes no livro “Cunhal, Brejnev e o 25 de
Abril”.
“Os arquivos (da PIDE) continuam em Moscovo, apesar de a
Rússia dizer que não tem nada, o que é fácil de compreender porque a
Rússia naquela altura fez um ato ilegal. Porque foi um roubo. Eu no meu
livro apresento elementos que mostram que, efetivamente, os arquivos
foram para Moscovo e que foram utilizados pelos serviços secretos
soviéticos. A parte que falta dos arquivos da PIDE - aquela que foi
levada para Moscovo - diz principalmente respeito aos contactos
internacionais da polícia política portuguesa”, disse José Milhazes.
“Cunhal,
Brejnev e o 25 de Abril – Como a União Soviética não quis a revolução
socialista em Portugal”, de José Milhazes (Editora D. Quixote, 205
páginas), é apresentado na Póvoa de Varzim no dia 13 e no dia 24 em
Lisboa".
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