terça-feira, novembro 26, 2013

O que ainda se poderá vir a ver na Praça Vermelha de Moscovo


O famoso fabricante de malas Louis Vuitton decidiu edificar uma mala gigante com 9 metros de altura e 30 de comprimento na Praça Vermelha, centro histórico da capital russa.
Desta vez, os moscovitas ficaram indignados com esta “perfomance artística” e exigem a sua desmontagem, mas situações como estas podem repetir-se enquanto não for definido o estatuto da praça.
Alguns leitores poderão dizer-me que essa iniciativa nada tem de extraordinário e até pode realizar-se no centro de qualquer capital, por exemplo, na Praça do Comércio em Lisboa. Estaria de acordo, mas se não soubesse que na Praça Vermelha se encontra um cemitério (!) e se, nos últimos tempos, não se tornasse praticamente impossível observar essa praça de forma completa, sem pavilhões no meio ou tribunas para concertos, paradas, etc.
Antes da Louis Vuitton, a Dior já tinha erguido um enorme pavilhão no mesmo lugar para apresentar produtos seus. Os armazéns GUM de Moscovo, antiga loja do povo Nº1 que se encontrava na praça, é hoje a montra das mais famosas casas de moda do mundo, mas os preços aí são tão altos que os russos ricos preferem visitar uma capital da Europa, pagar o bilhete de avião e fazer compras fora de casa. Por exemplo, preferem fazer compras na Avenida da Liberdade em Lisboa.


Os comunistas lançaram um campanha de indignação contra a mala gigante, pois ela está a dois passos do Mausoléu onde se encontra embalsamado o seu dirigente Vladimir Lénine, e dos túmulos de outros dirigentes comunistas conhecidos: Estaline, Brejnev, Suslov, etc., bem como de heróis soviéticos.
Realmente, todos esses dirigentes devem estar a dar voltas no caixão.
Segundo alguns, o melhor seria retirar os restos mortais dos sepultados e transferi-los para um cemitério condigno, mas os comunistas insistem que na Praça Vermelha estão melhor, sendo necessário apenas definir o que se pode fazer na praça. Na época soviética, os mortos “podiam assistir” a paradas militares, desfiles de atletas e até a jogos de futebol, mas agora os comunistas não gostam da presença dos símbolos do capitalismo no coração de Moscovo.
Mas não foram os comunistas os únicos a protestar, as críticas vieram de todos os lados. Foram muitos que, com razão, chamaram a atenção para o facto de iniciativas desse tipo deformar a imagem da Praça Vermelha e não permitir de forma condigna a sua riqueza arquitéctónica.
Era necessário saber quem deu autorização àquela pouca vergonha.
Se um jornalista entra com uma câmara de filmar profissional na Praça Vermelha e tenta apontá-la para onde quer que seja, aparecem uns “gorilas quadrados” e “convidam” a parar as filmagens, só autorizadas pela Administração do Presidente da Rússia. Mas essa administração diz nada ter a ver com o aparecimento da mala! Não sabia de nada!
Depois de intensas buscas, veio a saber-se que se trata de uma “iniciativa de beneficência” organizada pela modelo russo Natália Vodianova com o apoio da Louis Vuitton. São louváveis todas as iniciativas de beneficência, mas devem ser feitas com moderação e respeito pela história dos povos.
Mas se alguns estiverem em Moscovo e interessados no “jogo da mal”, onde estarão expostas 25 malas históricas da Louis Vuitton e 12 instalações de artistas modernos, poderão lá entrar até 19 de Janeiro, isto se as autoridades russas não desmontarem a mala antes. 

1 comentário:

Pippo disse...

Hoje vi nas notícias que a mala irá ser retirada da Praça.