Depois
das conversações do Presidente Vitor Ianukovitch com a oposição
ucraniana foram anunciadas algumas cedências que, feitas há uma
semana atrás, poderiam ter travado o agravamento da crise política
no país, mas, hoje, talvez elas tenham chegado com atraso.
Segundo
a ministra da Justiça, Elena Lukas, o Presidente propôs a Arseny
Iatzeniuk, um dos mais influentes dirigentes da oposição, o cargo
de primeiro-ministro do Governo ucraniano, e a Vitaly Klitchko, outro
conhecido dirigente da oposição, o cargo de vice-primeiro-ministro
para Questões Humanitárias.
Além
disso, Ianukovitch aceitou libertar todos os manifestantes que foram
detidos durante os confrontos com a polícia se a oposição
desocupar os edifícios públicos tomados pelos contestatários,
rever a Constituição no sentido da transformação da Ucrânia de
república presidencial e república parlamentar, bem como o pacote
de leis, aprovado há pouco mais de uma semana pelo Parlamento, que
limita a liberdade de expressão e manifestação.
A
oposição não conseguiu um dos principais objectivos: a demissão
do Presidente e do Parlamento ucranianos e a realização de eleições
gerais, mas recebeu um presente envenenado: dirigir o governo de um
país que está perto da falência económica, social e política.
Ainda
se desconhece qual a reação dos vários sectores da oposição, mas
ainda é cedo para afirmar que foi encontrada uma saída para a grave
crise na Ucrânia. É preciso ver até que ponto os dirigentes da
oposição que participaram nas conversações com Ianukovitch
controlam os contestatários que se defrontaram com a polícia em
Kiev e que ocupam numerosos edifícios públicos no centro e oeste da
Ucrânia.
Caso
a oposição aceite os resultados das conversações, ela passa a ser
co-responsável por tudo o que vier a acontecer no país, devendo
provar que é mais competente do que as atuais autoridades ucranianas
para resolver os graves problemas da Ucrânia.
Tendo
em conta a correlação de forças em estruturas do poder como
presidência, parlamento, governo, é de prever que os atritos
políticos continuem entre o clã de Ianukovitch e as forças da
oposição. Além disso, vamos ver como a Rússia irá reagir a estes
acordos, se estará disposta ou não a cumprir o acordo estabelecido
com o dirigente ucraniano de apoio financeiro a Kiev e sobre a
redução do preço do gás russo.
Quanto
à União Europeia, continua em aberto a questão: o que poderá
Bruxelas propor ao novo governo ucraniano se ele passar a ter como
primeiro-ministro Iatziniuk? Terá algo mais do que papéis cheios de
promessas como o Acordo de Parceria, que de pouco serve na atual
situação crítica da Ucrânia?
Sem comentários:
Enviar um comentário