sábado, janeiro 25, 2014

Ianukovitch ainda vai a tempo com as cedências à oposição?



Depois das conversações do Presidente Vitor Ianukovitch com a oposição ucraniana foram anunciadas algumas cedências que, feitas há uma semana atrás, poderiam ter travado o agravamento da crise política no país, mas, hoje, talvez elas tenham chegado com atraso.
Segundo a ministra da Justiça, Elena Lukas, o Presidente propôs a Arseny Iatzeniuk, um dos mais influentes dirigentes da oposição, o cargo de primeiro-ministro do Governo ucraniano, e a Vitaly Klitchko, outro conhecido dirigente da oposição, o cargo de vice-primeiro-ministro para Questões Humanitárias.
Além disso, Ianukovitch aceitou libertar todos os manifestantes que foram detidos durante os confrontos com a polícia se a oposição desocupar os edifícios públicos tomados pelos contestatários, rever a Constituição no sentido da transformação da Ucrânia de república presidencial e república parlamentar, bem como o pacote de leis, aprovado há pouco mais de uma semana pelo Parlamento, que limita a liberdade de expressão e manifestação.
A oposição não conseguiu um dos principais objectivos: a demissão do Presidente e do Parlamento ucranianos e a realização de eleições gerais, mas recebeu um presente envenenado: dirigir o governo de um país que está perto da falência económica, social e política.
Ainda se desconhece qual a reação dos vários sectores da oposição, mas ainda é cedo para afirmar que foi encontrada uma saída para a grave crise na Ucrânia. É preciso ver até que ponto os dirigentes da oposição que participaram nas conversações com Ianukovitch controlam os contestatários que se defrontaram com a polícia em Kiev e que ocupam numerosos edifícios públicos no centro e oeste da Ucrânia.
Caso a oposição aceite os resultados das conversações, ela passa a ser co-responsável por tudo o que vier a acontecer no país, devendo provar que é mais competente do que as atuais autoridades ucranianas para resolver os graves problemas da Ucrânia.
Tendo em conta a correlação de forças em estruturas do poder como presidência, parlamento, governo, é de prever que os atritos políticos continuem entre o clã de Ianukovitch e as forças da oposição. Além disso, vamos ver como a Rússia irá reagir a estes acordos, se estará disposta ou não a cumprir o acordo estabelecido com o dirigente ucraniano de apoio financeiro a Kiev e sobre a redução do preço do gás russo.

Quanto à União Europeia, continua em aberto a questão: o que poderá Bruxelas propor ao novo governo ucraniano se ele passar a ter como primeiro-ministro Iatziniuk? Terá algo mais do que papéis cheios de promessas como o Acordo de Parceria, que de pouco serve na atual situação crítica da Ucrânia?

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