quinta-feira, fevereiro 20, 2014

À procura de uma saída política quase impossível



A cada dia que passa, o conflito na Ucrânia entre o Presidente Victor Ianukovitch e a oposição agrava-se e faz aumentar o número de vítimas mortais entre civis e polícias, a situação torna-se cada vez mais incontrolável. O país avança a passos largos para uma guerra civil de grande envergadura.
Nesta situação, a UE envia os ministros dos Negócios Estrangeiros da França, Alemanha e Polónia a Kiev para tentarem encontrar uma situação para a crise.
Ainda antes do encontro com Ianukovitch, os mensageiros da UE disseram que iriam propor ao Presidente ucraniano a realização de eleições como forma de levar o processo para a via política. Esta é uma das principais reivindicações da oposição.
Porém, até agora, Ianukovitch tem recusado a proposta de realização de eleições antecipadas, pois os resultados são imprevisíveis e ele não quer pôr em risco nem a sua pessoa, nem a sua família, nem as fortunas ganhas ilegalmente durante o seu mandato presidencial (O fantasma de Kadhafi deve aparecer todas as noites ao dirigente ucraniano). Por isso, o dirigente da Administração Presidencial, Andrei Kliuev, propõe uma “terceira via”. A aprovação de um acordo constitucional que inclua “as mudanças a fazer na Constituição e onde devem ficar fixados os deveres de cada parte”. Esse documento poderia pôr fim aos confrontos.
Mesmo que se chegue a um acordo, ninguém pode garantir que ele seja aceite por todas as partes do conflito, nomeadamente por forças como o Sector de Direito, o centro da resistência do centro de Kiev contra as investidas da polícia. Este grupo de extrema-direita era praticamente desconhecido há dois meses atrás, mas, hoje, é uma força bem real que não vai permitir um acordo entre Ianukovitch e a oposição política nas suas costas. Isso significaria deixar escapar de uma penada a influência acumulada.
E a Rússia? Qualquer acordo conseguido pela UE em Kiev deve receber o apoio do Kremlin. Moscovo não envia delegações para intermediar conversações entre o poder e a oposição, mas não esconde também a mensagem que envia a Ianukovitch: este deve recorrer a todos os meios, incluindo a força, para restabelecer a ordem. Ontem, os órgãos de comunicação russos anunciavam como certo o início da “operação antiterrorista” durante a noite, que acabou por não acontecer à última da hora devido a um acordo de armistício alcançado entre Ianukovitch e a oposição, que durou pouco tempo.
Para os órgãos de comunicação russos controlados pelo poder, os opositores na Ucrânia são “terroristas”, “fascistas”, “nazis”.
“O poder ucraniano não deve permitir transformar-se num tapete ao qual se pode limpar os pés”, declarou hoje Dmitri Medvedev, primeiro-ministro da Rússia.

Entretanto, o dirigente do Parlamento da Crimeia, no sul da Ucrânia, não exclui a possibilidade de separação desse território caso “a situação se agrave”.  

13 comentários:

Europeísta disse...

Milhazes,

essa acusação de que os ucranianos ocidentais são nazista é absurda. Os ucranianos ocidentais eram, em sua maioria, pequenos camponeses. Eram camponeses simples que tinham pequenas propriedades. Quando os comunista tomaram o poder promoveram a coletivização da terra e arrancaram deles a pouca terra que tinham. Muito tiveram suas colheitas confiscadas, foram obrigados a aderir as fazendas coletivas onde trabalhavam em regime de escravidão, sem contar os inúmeros assassinatos, deportaçoes, torturados e etc... Vale lembrar as duas vagas de fome que exterminaram mais ucranianos que judeus durante a segunda guerra. É só pesquisa sobre o Holodomor.

Evidente que diante dessa calamidade e flagelo que os camponeses ucranianos podem ter visto os nazistas como libertadores. Quem não faria o mesmo? A população da Ucrania perdia suas terras, suas colheitas,sua liberdade e tudo mais.. Qualquer um, qualquer povo faria o mesmo. Não podemos condená-los por isso. É cinismo. A vida na URSS estava muito longe do paraíso prometido, muito mais próximo de inferno que de um paraíso. Mas até isso é questionável, sabe-se que na verdade as forças nacionalista da ucrânia lutaram contra os dois. Lutar ao mesmo tempo contra stalin e hitler é mesmo um feito heróico. Por isso admiro tanto o povo ucrania. É gente sofrida, que mesmo que tantas forças tão poderosas e cruéis lutaram pela sua pátria, pelo seu chão, sua língua e etc...

Como podemos recriminar alguém por lutar pelo seu país? Pq um português patriota não é chamado de nazista tb? Pq só imperialismo americano é ruim? O Russo é bom? Existe então uma noção maniqueísta de que exista imperialismo bom e mau? Queria muito que esses russófilos me respondessem isso...,
mas eu até sei o que vão dizer: que o Holodomor é propaganda da Cia, que as mortes foram necessárias e justificativas ainda mais condenáveis..., parece que toda maldade é justificada, toda maldade tem uma razão de ser. Só o inimigo é maus, minhas crueldades são necessárias e moralmente justificáveis. É assim que pensam.

Anónimo disse...

Milhazes, se queres uma amostra do que é a maravilha da sociedade russa aí está esse vídeo das integrante do Pussy Riot sendo chicoteadas:

http://www.youtube.com/watch?v=eiw0fw_sJOk&feature=player_embedded

Fernando Negro disse...

Estes opositores são, de facto (e não apenas de acordo com os órgãos de comunicação russos) "terroristas", "fascistas" e "nazis".

Relativamente à componente "nazi-fascista" destes opositores, está neste blogue publicado um texto que a explica em detalhe...

E, relativamente à componente "terrorista" desta insurgência, podem ver, no muito bom documentário que se segue, um polícia a descrever como são os elementos das suas forças constantemente ameaçados por estes insurgentes - que andam a matar polícias.

http://rt.com/shows/documentary/kiev-masks-of-revolution-388/

(Já para não falar das imagens mais recentes, que têm sido mostradas nas televisões não ocidentais, de insurgentes que já usam armas de fogo real, à descarada, na rua, para matar polícias nestes mais recentes confrontos...)

E, quem ache que não são apenas nazis que estão envolvidos nisto, pare para pensar...

Quem é que, não sendo nazi ou simpatizante de ideais fascistas (ou não estando controlado pelos mesmos interesses que controlam tais grupos fascistas), se vai querer manifestar ao lado de pessoas que gritam palavras de ordem fascistas?

E isto, falando meramente das manifestações iniciais... Pois, já não é disso que se trata. Mas sim, agora, de uma insurreição... E, insurreição essa, que visa derrubar um governo democraticamente eleito.

Ora, quem é que (para além de quem não é democrata) iria querer derrubar um governo democraticamente eleito?

(Pessoas mesmo muito, mas mesmo muito, impacientes, que não podem esperar uns poucos anos pelas próximas eleições? Nem que, para isso, tenham de morrer pessoas e se acabe com a Democracia?)

(E, tão impacientes, porquê? Irá haver algum milagre económico, caso a Ucrânia se junte à UE da "troika" e da dita "austeridade"?)

É, claramente, uma tentativa de golpe fascista, a que estamos a assistir...

(Mais um, para juntar à lista de golpes fascistas apoiados pelo Ocidente.)

Europeísta disse...

Fernando Negro,

Certamente, já Putin e na Rússia, não existe nenhum traço de fascismo. Claro que a Rússia é uma sociedade extremamente democrática. Não há fascista, chauvinistas, autoritários... Putin é o homem democrático do mundo. Não há grupos fascistas na Rússia. O Nacional-bolchevique, Rodina, Nashi..., esses movimentos defendem a democracia liberal. Assim como o Alexander Dugin que um idéologo da democracia burguesa ocidental. É um país onde as pessoas podem se manifestar livremente contra o governo, a oposição é respeitada, há liberdade de expressão, imprensa livre, parlamento e judiciários independentes... Será que nós, os ocidentais, deveríamos copiar essa apogeu de democracia que é a Rússia?

PortugueseMan disse...

Bom,

Parece que se vai avançar com a divisão do país. e à força.

Isto pode ficar muito, muito feio.

Pippo disse...

Seria interessante uma cisão, para já, da Crimeia. Parece que há uma região no Oeste (será Lvov? Não me lembro agora) que também já se "proclamou" (ou "proclamaram-lhe") autónoma em relação a Kiev.

Quando até o próprio nome do país é "Fronteira", não se poderá esperar uma grande unidade.

Lura do Grilo disse...

Alexandre Maistrovoy sobre o imperialismo soviético que a Rússia tenta impor.

http://www.freepressers.com/the-national-question-europe-reaps-the-bitter-fruit-of-soviet-policies/

Anónimo disse...

Se em algum ponto deste planeta, alguém for capaz de carregar a bandeira da democracia, que atire a primeira pedra. Os interesses russos na Ucrânia, todos conhecemos, assim como os da OTAN. Entre os primeiros e o outro, penso ser legítima a autodefesa russa. O cerco bélico está se consumando e lembro das palavras proféticas do senhor Dugin: "A humanidade terá de escolher de que lado estará na guerra que se aproxima" (ou algo bem semelhante).

Anónimo disse...

Lviv decretou autonomia em relaçao ao governo ucraniano, não independencia. Por favor! Parece que entre os defensores da russofilia há uma espécie de ignorância propositada: espalha-se informações erradas. Isso é uma tática de confundir as pessoas. Assim como a acusaçao de que os nacionalistas ucranianos são nazista. Essa propaganda anti-ucraniana já foi feita desde os tempos do stalinismo.

Anónimo disse...

"É, claramente, uma tentativa de golpe fascista, a que estamos a assistir." Ui ... uma conversa de ranço de quase um século. És comunista ... talvez te ature. Não és? És "fassista".

Anónimo disse...

"É, claramente, uma tentativa de golpe fascista, a que estamos a assistir." Ui ... uma conversa de ranço de quase um século. És comunista ... talvez te ature. Não és? És "fassista".

"Democraticamente eleito" não significa que seja democrático: derivou para uma ditadura brutal de repressão e morte a snipers

Pippo disse...

Anónimo da 09:53, a literacia (saber ler) é uma coisa que só faz bem!

Se voltar a ler, desta vez com atenção (ou com ajuda), verá que eu escrevi
"Parece que há uma região no Oeste (será Lvov? Não me lembro agora) que também já se "proclamou" (ou "proclamaram-lhe") autónoma em relação a Kiev."

Percebeu? AUTÓNOMA! Não disse INDEPENDENTE!

E te razão, eles não são neo-nazis. Só são chauvinistas, russófobos e têm líderes anti-semitas, ou melhor dizendo, anti-semito-moscovitas (o Oleh Tyahnybok, por exemplo).

Portanto, não são nada neo-nazis. É só impressão sua.

Já agora, defina lá isso de "propaganda anti-ucraniana". Os ucranianos do Leste e do Sul, da Crimeia, não protestam. Será que eles não são ucranianos? Será que só os da antiga Ruténia é que o são e os restantes são todos estrangeiros?

everardo disse...

Ó caro Milhazes, o "fnatasma de Kadafi" deve e vai aparecer ao Obama brevemente. Por enquanto Obama submeteu o Estados Unidos á Lei Marcial para prender e torturar quem ele quiser, inclusive fora do país, nomeadamente em seu país, Portugal, onde existe prisões de apoio aos opositores do Obama e dos EUA, lembra quando a midia documentou isto?. A lei-Obama não é melhor do que a lei de Yanukovich. O regime de Obama e dos EUA vai sim terminar como o de Milosevic e Kadafi. Abraço de Teresina, Brasil.