quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Cenário apocalíptico para depois do dia X...



O diário Krasnaia Zvezda (Estrela Vermelha), órgão oficial do Ministério da Defesa da Rússia, considera que a proclamação da independência do Kosovo poderá ser um exemplo para 200 lugares na Terra.
Num artigo dedicado à questão do Kosovo “Manta de retalhos da Europa”, o jornalista Vladimir Kuzar desenha o que poderá acontecer em Berlim em 2020 se se repetir a situação no Kosovo.
“Grupos armados extremistas muçulmanos que aterrorizam os alemães de Berlim... trazem para as ruas da capital alemã correlegionários seus para exigir mais liberdade e a possibilidade de viver segundo as próprias leis” –descreve o jornal.
Como a polícia já não consegue travar a onda de violência, pede ajuda às forças armadas alemãs. Confrontos com os manifestantes levam ao derrame de sangue, que provoca indignação entre a comunidade mundial e principalmente nos países muçulmanos. Estes pedem a convocação do Conselho de Segurança da ONU, mas as suas decisões não são cumpridas.
“Então – continua o jornal – decide-se enviar para Berlim tropas internacionais de paz para a manutenção da paz, formadas pela Liga dos Estados Árabes. Sob a sua protecção, os islamitas expulsam da cidade a população alemã, criam os seus órgãos do poder, declaram o seu apego à democracia e aos seus valores e, por fim, declaram a independência de Berlim, que é reconhecida por uma série de Estados”.
Segundo o jornalista, esse cenário poderá ser considerado “louco” e estúpido” pelos leitores, mas “apenas terão parcialmente razão, porque foi precisamente segundo esse cenário não fantástico, mas real, que se desenvolveu a situação no Kosovo”.
O Krasnaia Zvezda considera que isso irá destruir a organização mundial existente e poderá transformar a Europa numa “manta de retalhos”.
“Não se trata apenas dos Estados não reconhecidos no espaço post-soviético... mas quase todos os países da Europa podem dividir-se, desintegrar-se em várias partes” – escreve o jornal militar, citando como exemplos a Espanha, Grã-Bretanha, Bélgica, França, Itália, Roménia, Dinamarca, Polónia, Suíça, Finlândia.
“Claro que nem todos os focos de separatismo existente na Europa são perigosos... mas muito deles, depois da proclamação da independência do Kosovo, ganharão tanta força que farão literalmente explodir o velho continente” – considera o diário.
O jornal russo atribuiu as culpas desta situação à política norte-americana e ao “politicamente correcto” da União Europeia. “Para os Estados Unidos é mais importante conservar a sua presença militar nos Balcãs e provocar uma “leve instabilidade” nas fileiras da União Europeia, enfraquecendo assim essa organização.
A Europa volta a cair na armadilha criada pela sua anterior política de estímulo da desintegração da URSS e Jugoslávia. E tem dificuldade em sair dela devido ao maldito “politicamente correcto” – considera o Krasnaia Zvesda.
O diário militar russo cita as palavras de Vitali Tchurkin, representante da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que declarou: “cerca de 200 formações poderão utilizar esse exemplo em todo o mundo”

3 comentários:

Pippo disse...

O cenário é estúpido, absurdo, inimaginável... e contudo, é plausível e, quem sabe, até mesmo premonitório.

A Rússia, como os demais países, usa as divisões internas nos Estados para se imiscuir e tirar partido da situação.

TODOS o fazem!

A diferença é que a Rússia, por norma, não precisa de inventar, mentir, deturpar a realidade e camuflar os acontecimentos.

O escândalo da Jugoslávia e do Kosovo foi a abertura da Caixa de Pandora, da mesma forma que o foi o apoio norte-americano aos "combatentes pela Liberdade" no Afeganistão.

As intenções foram de ordem geoestratégica de resolução imediata, e resultaram. Os efeitos a longo prazo é que, ou não foram previstos, ou foram ignorados.

Não me parece, sinceramente, que aparte Boris Yeltsin, os demais dirigentes da Rússia tenham actuado com tamanha cegueira. Não falo aqui do longo alcance geoestratégico da URSS ao intervir, por exemplo, em Angola e no Afeganistão em simultâneo, pois isso foi política soviética, e não russa, mas sim da tradicional e muito continental política externa russa, que me parece ser razoavelmente bem pensada.

Fernando Negro disse...

O que o jornalista diz é verdade...

Foi o UÇK quem iniciou a guerra, executando massacres de sérvios de etnia não albanesa - o que deu origem a uma resposta por parte da etnia sérvia, que executou massacres de albaneses. (Tendo a primeira parte sido, muito convenientemente, omitida pelos média ocidentais, quando disseram às pessoas que era preciso ajudar os albaneses...)

Mais.

Tudo isto teve mão ocidental por trás. Pois, os guerrilheiros muçulmanos do UÇK foram treinados em campos da al-Qaeda, no Afeganistão. E, a região kosovar teve até a "honra" de ser visitada pelo conhecido agente da CIA, Osama bin Landen.

(Podem ler mais, sobre tudo isto, aqui e aqui.)

A táctica que foi usada, é uma que é comummente usada pelo Ocidente - em que, se cometem pequenos ataques/provocações contra os grupos que se quer atacar a sério e, quando os últimos respondem, usa-se a imprensa controlada para dizer "Oh! Olhem para os assassinos/terroristas a atacar pessoas inocentes!".

(A mesma história dos ataques de tropas americanas a panamenses, cuja resposta foi usada como pretexto para a Invasão do Panamá. E, a mesma história que se passou agora na Ucrânia, com os insurgentes a matar polícias, a atirar-lhes constantemente cocktails Molotov para cima e a disparar sobre eles e, quando os últimos começaram a disparar de volta, foi ver a imprensa ocidental "Oh! Olhem os polícias assassinos a disparar sobre os manifestantes pacíficos!" - justificando, deste modo, o contínuo apoio ocidental aos insurgentes.)

O jornalista está, contudo, errado ao pensar que os EUA e a UE servem interesses opostos. Pois, quem está melhor informado e leu um livro que foi alvo de censura no Ocidente e não só, sabe que toda a região transatlântica está controlada pelos mesmos interesses.

O objectivo de ter um estado independente no Kosovo, pelo que sei (mas, sobre o qual ainda não sei muito, pois o livro que o explica em detalhe, está ainda na minha lista de espera) é ter um ponto intermediário de distribuição de droga proveniente do Afeganistão, no centro da Europa, para daí abastecer todo o continente - tudo para benefício das multinacionais ocidentais que neste tráfico de droga estão envolvidas.

Anónimo disse...

É possível indicar o link para a notícia original, por favor?
Obrigado.