Para
que não restem dúvidas quanto ao resultado do referendo de 16 de
Março na Crimeia, Vladimir Konstantinov, presidente do Soviete
Supremo dessa península ucraniana, veio apresentar previsões que,
se falharem, só por baixo.
Segundo
ele, citando dados de uma sondagem realizada ontem, mais de 80% dos
habitantes da Crimeia vão votar pela adesão à Rússia.
Konstantinov
precisou que a afluência às urnas será “bastante alta”.
Serguei
Tzekov, vice-presidente do Soviete Supremo, precisou que a afluência
rondará os 70% dos inscritos.
A
Rússia, entretanto, não perde tempo e vai ocupando quartéis e
posições militares ucranianas na região através dos “homenzinhos
verdinhos” não identificados, que a imprensa russa dizem ser
tropas especiais do GRU (espionagem militar) e o tristemente batalhão
checheno “Vostok”, que irão vizinhar com os voluntários sérvios
que já se encontram na Crimeia.
Victor
Ianukovitch, meio-presidente da Ucrânia, promete para amanhã uma
nova conferência de imprensa na cidade russa de Rostov no Don. Além
de mostrar que está vivo e de boa saúde, deverá anunciar a sua
posição face aos acontecimentos na Crimeia, tanto mais que ele
sempre afirmou ser o garante da “integridade territorial” do seu
país.
O
Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia continua o seu
trabalho com vista à intervenção de tropas russas no Sul e Leste
da Ucrânia, depois do caso estar arrumado na Crimeia ou até
simultaneamente a esse processo.
Num
comunicado publicado hoje, a diplomacia russa declara que “no dia 8
de março em Kharkov, pessoas bem equipadas e mascaradas abriram fogo
contra manifestantes pacíficos, ferindo várias pessoas”. Além
disso, queixa-se que a Ucrânia tem impedido de entrar no seu
território cidadãos russos.
Dmitri
Medvedev, primeiro-ministro da Rússia, declarou : “Normalmente, as
consequências de operações militares precipitadas em estados
estrangeiros terminam com a chegada ao poder de radicais. A certo
momento, semelhantes acções, que minam a soberania estatal, podem
terminar com uma guerra regional completa e até, não quero assustar
ninguém, com o emprego de armas nucleares”.
Sublinho
que estas palavras foram pronunciadas por Medvedev em Maio de 2012,
quando era Presidente da Rússia, claro que não em relação à
Ucrânia, mas em relação à política ocidental face à Síria.
Pelos
vistos, Moscovo não tira lições da história e, se as tira, só
para os outros.
13 comentários:
...Pelos vistos, Moscovo não tira lições da história e, se as tira, só para os outros.
Ou se calhar tira meu caro.
A Rússia quer minar a soberania estatal e a Ucrânia forneceu pretextos suficientes para poder agir.
Boa noite,
Gostaria de visse esta entrevista publicada no jornal espanhol e me de a sua opinião, vou deixar o link:
http://internacional.elpais.com/internacional/2014/03/05/actualidad/1394044449_794299.html
Qual é a lição da História que a Rússia deveria aprender, JM?
Deixar-se ser cercada?
Deixar que os inimigos se acerquem das suas fronteiras?
Ser joguete das outras potências, como nos "loucos anos 90"?
Qual é, exactamente, a lição da História que a Rússia deve aprender?
Caro José Milhazes,
Independentemente de condenarmos ou apoiarmos a «operação russa» na Crimeia, numa coisa temos todos de estar de acordo: a Ucrânia ofereceu de mão beijada à Rússia a oportunidade que esta há muito procurava, quando os radicais da Galícia (que terão praticado na Praça da Independência as barbaridades que o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia confidenciou à chocadíssima Catherine Ashton) pensaram que tinha chegado o momento de se livrarem de vez dos russos, obrigando todos os povos que vivem na Rússia Branca (Ucrânia) a falar ucraniano. Erraram, e por isso já perderam a Crimeia. Quem poderia supor tal? Mas não aprenderam com os erros, pois na sua sanha anti-russa continuam a praticá-los, uns atrás dos outros. O Ocidente e os media ocidentais não nos contam, mas há levantamentos nas zonas russófonas.
Em Donetsk foi preso e conduzido para Kiev o auto-proclamado “governador do povo”, Pavel Gubarev. Pensavam assim acalmar os russófonos, que por três vezes hastearam a bandeira russa no palácio do governador. Mas mesmo sem Pavel Gubarev cerca de 10.000 pessoas manifestaram-se ontem, exigindo a realização imediata de um referendo para determinar o estatuto das regiões russófonas da Ucrânia.
Em Dnepropetrovsk, ontem também, mesmo com o todo poderoso oligarca Igor Kolomoisky nomeado governador, teve lugar ontem mesmo uma gigantesca manifestação para exigir um referendo nacional e para exigir que o russo seja definitivamente afirmada como segunda língua nacional.
Em Lugansk o recém-empossado governador da região, Mikhail Bolotskih, amigo pessoal do novo Ministro do Interior, viu o palácio ser assaltado por uma multidão em fúria, que o obrigou a assinar uma carta de resignação e a partir para Kiev com o rabo entre as pernas.
Em Kharkov o antigo governador , Mikhail Dobkin, auto-proposto candidato para as eleições presidenciais de 25 de Maio, foi detido e levado em ferros para Kiev, acusado de «actividades com vista à descentralização do poder do estado na Ucrânia para a transformar numa federação».
Os media ocidentais não referem nenhum destes casos, limitando-se a endemoniar a Rússia.
É pena. Todos teríamos a ganhar se a verdade fosse gritada aos sete ventos. Pelo menos alguns ouviriam os gritos e procurariam a paz. Assim, não é um mundo de paz que se adivinha no futuro. É mais do mesmo, a velhíssima GUERRA FRIA. É o que aí vem…
Já agora, relativamente ao "emprego de armas nucleares", a louca da Sara Palin aconselhou Obama a que este utilize uma estratégia mais agressiva, ou seja, uma arma nuclear contra o presidente russo.
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/186060/sarah-palin-aconselha-obama-a-usar-nuclear-contra-putin?utm_source=gekko&utm_medium=email&utm_campaign=afternoon#.Ux3obfl_vPE
Mas os russos é que são agressivos e imperialistas.
Parece que a União Europeia pretende "ajudar" a Ucrânia enviando-lhe uma troika liderada pelo FMI. A receita é a mesma que tão bons resultados tem dado em ortugal e na Grécia...
O professor e pesquisador Fabiano Mielniczuk analisa a crise na Ucrânia
http://grupoemergentes.wordpress.com/2014/03/09/o-professor-e-pesquisador-fabiano-mielniczuk-analisa-a-crise-na-ucrania/
"...Pelos vistos, Moscovo não tira lições da história e, se as tira, só para os outros. "
Ou se calhar, até tira. E tira bem melhor que os seus rivais.
Caro José Milhazes, nem uma palavrinha sobre o governo "legitimo" da Ucránia? Nem um apalavrinha sobre a proibição da utilização da lingua Russa na Ucránia?
Afinal, quem são os maravilhosos "democratas" que tomaran o poder em Kiev?
Ah, maus, maus, só os russos.
Ah, e garanto-lhe com não simpatizo com Putin.
O senhor Milhazes, só diz asneiras.
Ou apenas diz o que os seus patrões lhe ordenam.
aferreira
Viu o vídeo não viu senhor Milhazes.
Só que não o publicou porque seria? Tinha formigas era.
Se o mesmo se perdeu por obra e graça da senhora de Fátima, cá vai ele novamente http://youtu.be/RCmlVycCADI
aferreira
O nacionalismo ucraniano sempre desencadeou mais ira de Moscou que o nacionalismo tártaro, armênio, tadjique…Kiev é a mãe das cidades russas, o ucraniano é um russo deformado, no tempo do Império a Ucrânia era chamada de ¨Pequena Rússia¨,a própria palavra Ucrânia provém do russo Okraina, que quer dizer periferia… isso, a grosso modo, quer dizer quintal da Rússia.. vários ucranianos de destaque e patriotas foram assassinados em circunstâncias nebulosas.. com suspeitas fortes em cima do Kremlin…da Lubianka…o movimento de auto determinação nacional que nasceu no meio da guerra civil de 1918 foi sufocado..a tentativa de envenenamento de Viktor Yushchenko ( na época inimigo mortal de Moscou, depois amigão do peito ), da revolução laranja e por aí vai….o chamado ¨Espírito de Independência Burguês¨foi sempre sufocado, combatido…historicamente falando, as ambições imperiais russas e a identidade nacional ucraniana sempre foram antagônicas, portanto, se Putin, pudesse, anexava a Ucrânia. Seu Eurasianismo é capaz de tudo. Dugin possui influência notória sobre Putin. A Rússia é, ainda expansionista.
O nacionalismo ucraniano sempre desencadeou mais ira de Moscou que o nacionalismo tártaro, armênio, tadjique…Kiev é a mãe das cidades russas, o ucraniano é um russo deformado, no tempo do Império a Ucrânia era chamada de ¨Pequena Rússia¨,a própria palavra Ucrânia provém do russo Okraina, que quer dizer periferia… isso, a grosso modo, quer dizer quintal da Rússia.. vários ucranianos de destaque e patriotas foram assassinados em circunstâncias nebulosas.. com suspeitas fortes em cima do Kremlin…da Lubianka…o movimento de auto determinação nacional que nasceu no meio da guerra civil de 1918 foi sufocado..a tentativa de envenenamento de Viktor Yushchenko ( na época inimigo mortal de Moscou, depois amigão do peito ), da revolução laranja e por aí vai….o chamado ¨Espírito de Independência Burguês¨foi sempre sufocado, combatido…historicamente falando, as ambições imperiais russas e a identidade nacional ucraniana sempre foram antagônicas, portanto, se Putin, pudesse, anexava a Ucrânia. Seu Eurasianismo é capaz de tudo. Dugin possui influência notória sobre Putin. A Rússia é, ainda expansionista.
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