segunda-feira, março 24, 2014

Nestor Makhno: o cossaco anarquista ucraniano e a batalha pela Ucrânia, 1917-1921


Texto enviado pelo leitor Pippo

"Das variadas, violentas e por vezes grandiosas figuras revolucionárias ou reaccionárias, dramáticas, heróicas e/ou tirânicas da Guerra Civil Russa de 1917-1921, talvez nenhuma seja tão polémica ou infame como o anarquista-camponês ucraniano tornado revolucionário e senhor da guerra de guerrilha “Batko" ( Pai) Nestor Makhno (1889 - 1934). Makhno é referido como “o cossaco d a Anarquia " e foi chamado de "o bandido que salvou Moscovo" durante a Guerra Civil Russa devido à incansável campanha de actividades insurgentes e de guerrilha que ele perpetrou contra uma diversidade de inimigos entre 1917-1921 .

A influência e o impacto da grande cultura da guerrilha e dos cavaleiros insurgentes não pode ser menosprezada no que diz respeito à Guerra Civil Russa e aos correspondentes conflitos  de 1917 a 1023. Ainda que essencialmente fossem bandidos , alguns casos houve em que estas unidades faziam parte de forças militares legítimas, fossem elas “Vermelhas”, “Brancas”, revolucionárias ou reacionárias, anarquistas ou nacionalistas, todas eram um produto da cultura russa da turbulência sócio -económica e cultural da queda do velho regime imperial russo.

Makhno e a sua facção anarquista Makhnovista eram revolucionários por doutrina e contudo também eram contra-revolucionários e anti-reaccionários. Obviamente, também eram anti- monárquicos e anti- imperialistas. Makhno e seus homens acenaram a bandeira negra do anarquismo e os seus exércitos lutavam contra aqueles que oprimiram ou que poderiam vir a oprimir os povos camponeses da Ucrânia. Devido à sua postura militante, semi-colectivista e anarquista, os makhnovistas destacaram-se de entre os vários exércitos, movimentos e facções políticas que se desenvolveram não apenas na Ucrânia a partir de 1917-1920 , mas em todos os cantos da Rússia e da Europa Central e também em partes da Ásia durante o mesmo período .

O início da vida de Makhno , na Ucrânia , durante e depois da Primeira Guerra Mundial

Um herói para alguns, hoje, e quase uma espécie de herói popular, Nestor Makhno  nasceu em 1889, permanecendo durante os seus anos de formação nas áreas de Guliai Polye, na Ucrânia, parte do Império Russo, sendo um lavrador e mais tarde operário. Nesta época, a Ucrânia tinha grande importância para a produção económica da Rússia , sendo chamada de " celeiro da Europa Oriental". A Ucrânia tinha sido estabelecida com base no trabalho árduo dos ucranianos que trabalhavam os vastos latifúndios do sul do Império Russo do Tzar .

Com a idade de 17 anos, Makhno tinha partido para a cidade no auge da Revolução de 1905 , que acabaria por abalar os alicerces do antigo Império Russo. A Rússia tinha perdido a guerra  Russo -Japonesa de 1904-1905, o seu povo exigiu ter uma palavra a dizer no governo e um fim aos seus sofrimentos colectivos. Manifestando-se nas ruas de São Petersburgo , em Janeiro , a classe pobre e média russa foi recebida com balas imperiais e sabres cossacos. Logo depois, aqueles que tinham sobrevivido à guerra voltaria do Extremo Oriente mas entretanto a Revolução findou.

Depois de ter sido preso em 1908 por ser membro de uma célula revolucionária/anarquista ( o serviço pode ou não pode ter provocado o assassinato de um político local) Makhno passou oito anos numa prisão de Moscovo antes de sua libertação, em 1917, sob o perdão concedido aos prisioneiros políticos sob o novo Governo Provisório de Georgy Lvov e depois Alexander Kerensky. Makhno deixou a Rússia e voltou para a Ucrânia, um revolucionário e anarquista ainda mais endurecido do que o tinha sido em 1905.

Voltando a Gulia Polye, Makhno ficou surpreendido ao ver que a sua cidade natal tinha se transformado num foco de actividade revolucionária . Mesmo antes do Tratado de Brest- Litovsk de Março de 1918, que permitiu que os exércitos austro-alemãs ocupassem a Ucrânia, Makhno organizou sindicatos para proteger  os camponeses e punir os odiados kulaks (latifundiários). Os kulaks , muitos dos quais eram menonitas alemães leais ao Tzar ou austro-húngaros, foram mais odiados pelos ucranianos por causa de seu estatuto social e , por vezes, o mau tratamento dado aos agricultores ucranianos durante o séc. XVIII e inícios do séc. XIX. Outros latifundiários e colonos menonitas foram alvo de represálias de revolucionários e anti- revolucionários, incluindo as atrocidades cometidas pelo exército de Makhno .

Imediatamente após Brest- Litovsk , Pavlo Skoropadsky (1873 - 1945) , um ex- oficial de cavalaria tzarista, foi instalado como Hetman, um chefe guerreiro e figura de proa do regime fantoche da Ucrânia ocupada. Alemão por nascimento e um veterano da Guerra Russo -Japonesa e da Grande Guerra, Skoropadsky formou a União Nacional da Ucrânia em Março de 1918, fugindo em Dezembro do mesmo ano após as Potências Centrais terem desabado em Novembro.

A bandeira negra é hasteada: Makhno e a batalha pela Ucrânia


Makhno ergueu as bandeiras negras do seu Exército Revolucionário rebelde na Primavera e no Verão de 1918, quando o Hetman alemão do governo fantoche ainda controlava parte da Ucrânia com o apoio militar parcial do exército alemão. Apesar de ser jovem e de, de alguma forma, ser um comandante militar comprovado, nem sequer num sentido mais modesto, homens armados começaram a afluir para o jovem mas carismático e corajoso Makhno . Numa escaramuça perto da floresta de Dibrivki, Makhno ganhou o título Batko (ucraniano para “pai”: neste sentido, o pai literal do próprio exército rebelde ), devido à sua sua heróica, inspirada e aparentemente improvável vitória sobre uma milícia armada de kulaks de uns 1000 homens, suportada pelos odiados ocupantes austro-alemães. Reunindo a sua pequena força de 30 homens ou pouco mais, eles carregaram sobre o inimigo, abrindo o seu caminho através das linhas inimigas a tiro e à cutilada numa carga feroz.

Com o seu líder na linha da frente, os makhnovistas mataram talvez centenas de kulaks durante a violenta carga e consequente fuga, escorraçando-os e massacrando-os na debandada, com o combate a terminar no afogamento dos sobreviventes por irritados camponeses locais que se tinham agora juntado à insurreição do Batko Makhno .
A República Socialista da Ucrânia também havia sido declarado por esta altura, com os russos a preparar unidades da Guarda Vermelha e Exército Vermelho do Norte para uma expedição ao Sul . O seu principal objectivo era derrotar o exército Branco de tenente-general Anton Denikin que ocupava a Ucrânia em 1919.

Mais tarde, a nova e nacionalista República da Polónia, sob Jozef Pilsuduski, atacou a Ucrânia, capturando Kiev por um breve período, começando inadvertidamente a Guerra polaco- soviética de 1919-1921. Após a sua vitória, a Polónia ocupou a Ucrânia ocidental por um tempo mas seguiu-se um eventual impasse [e uma contra-ofensiva bolchevique], terminando com a impressionante vitória da Polónia no Vístula , em 1920.

Makhno aproveitou o caos e a intensidade do conflito envolvendo vários actores que estava a ser travada em seu redor para travar a sua própria guerra contra todos aqueles que sentia fazerem oposição aos camponeses da Ucrânia. Os seus Makhnovistas queimavam propriedades, mansões e latifúndios dos ricos kulaks alemães ou dos senhores russos que haviam oprimido os camponeses durante anos, espoliando as casas opulentas das suas provisões e extravagâncias .

Embora a infundada propaganda soviética tenha  posteriormente atribuído a violência anti-semita aos makhnovistas, é mais provável que tais actos tenham sido cometidos por forças reaccionárias Brancas ou por bandidos apolíticos ou outros grupos reaccionários [tais como, por exemplo, do notório Nikifor Grigoriev] . Makhno nunca tolerou essas mortes , mas tais massacres podem ter ocorrido, secreta ou inconscientemente perpetrados contra os assentamentos judaicos, menonitas, ou outros, na Ucrânia. Contra-revolucionários e especialmente  oficiais Tzaristas (Brancos) quase nunca foram poupados, contudo, e nunca foi concedida ou recebida qualquer misericórdia. Inclusive, Makhno terá morto oficiais tzaristas com o seu próprio sabre .

Os Makhnovistas efectuavam ataques e emboscadas por todo o lado, capturando armas, munições e mantimentos do Exército Branco, matando e flagelando quaisquer forças do exército czarista -monárquico que pudessem encontrar através de emboscadas e ataques,  enfraquecendo o controlo Branco sobre a Ucrânia antes de seu colapso total no Outono de 1920. O primeiro grande inimigo de Makhno foi o general Branco Anton Denikin o qual estava constantemente em guerra com Makhno, distendendo as suas linhas de abastecimentos e esgotando os seus recursos humanos na luta contra a insurreição dos makhnovistas ao mesmo tempo que tentava lançar uma expedição até Moscovo

O Tenente-general Denikin , condecorado pelo seu bom serviço durante a Ofensiva Brusilov  de 1916 travada em partes da Ucrânia durante a I Guerra Mundial, entregou o título de Comandante Supremo do " Exército Voluntário " ao General-Barão Pyotr Wrangel  (1878 - 1928) após a sua derrota na Ucrânia. As forças Makhnovista tinham ajudado a destruir a influência dos Brancos na Rússia embora a opressão bolchevique os impedisse de apreciar a derrota dos Brancos. Em Abril-Maio de 1920, os exércitos brancos estavam perdendo terreno , enquanto os nacionalistas de Petliura fugiam para a segurança da Polónia. A 28 de Abril a 14ª Divisão Bolchevique assaltou "Makhnograd " (Guliai Polye) e derrotou 2000 partidários Makhnovistas.

A guerra Makhnovista

Por norma de actuação, os Makhnovistas invadiam, queimavam, pilhavam, destruíam e em seguida prosseguiam para a batalha ou escaramuça seguinte. Os ataques a quintas alemãs menonitas eram particularmente brutais, sem dúvida porque o próprio Makhno tinha sofrido crueldades nas mãos desses mesmos proprietários de terras enquanto jovem. Os kulaks, como eram chamados na Rússia e na Ucrânia, também receberam tratamento severo às mãos dos makhnovistas e mais tarde dos bolcheviques. Eles [os Makhnovistas ]frequentemente lutavam na ofensiva, preferindo carregar, retirar  e voltar a carregar, esperando pelo momento certo para carregar ou contra-carregar de forma, ou a quebrar o centro da formação inimiga, ou a retirar-se para atacar novamente mais tarde, ou a compensar a fuga.

Em muitos aspectos, o Exército Revolucionário de Insurreição era realmente uma força de espírito defensivo, travando uma considerável quantidade de ações de retaguarda contra forças melhores equipadas . Contra os mal equipados exércitos ex-tzaristas e as milícias locais menonitas, no entanto, Makhno triunfou com frequência e obteve uma vantagem notória. Ele venceu em grande estilo e muitas vezes, também com brutalidade. Os oficiais tzaristas derrotados e capturados eram frequentemente executados sumariamente com balas de espingarda e de revólveres ou mortos a golpe de sabre. Makhno também era um mestre da espionagem e disfarçava-se de velha e até mesmo de noiva num casamento de forma a obter informações sobre os seus inimigos.

Os soviéticos ficaram com o crédito pela vitória Makhnovistas sobre os geralmente desprezados senhores da guerra Brancos na Ucrânia, frequentemente demonizando os makhnovistas por quaisquer crimes e atrocidades, reais ou imaginários, cometidos pelos brancos contra a população. Durante a sua ofensiva em Abril e Maio, eles enforcaram partidários e guerrilheiros e criaram sovietes nas aldeias "libertas" dos Brancos e dos Makhnovistas .

Contudo, o facto é que os makhnovistas haviam lutado contra a Guarda Branca por muito mais tempo, enquanto o Exército Vermelho mobilizava e organizava uma força saída de dentro de uma sociedade revolucionária ainda à beira do colapso. A maioria do exército Makhnovista lutou a cavalo, cada homem armado com várias pistolas automáticas, uma arma fortemente favorecido dos "oficiais" Makhnovista e pelos cavaleiros irregulares, para além de sabres variados, punhais e armas “camponesas” improvisadas que também foram usadas. Espingardas roubadas ou capturadas também foram muito populares entre os rebeldes, nomeadamente o fiável, preciso [neste campo, as opiniões divergem!] e abundante Mosin-Nagant M1891.

Os oficiais Makhnovistas gostava de levar o maior número de armas possível como um sinal de posto e valentia em combate. Era também uma solução prática de molde a evitar ter de recarregar a arma a meio de uma carga a cavalo. A escassez  de munições e cartuchos era um problema sério em todas as campanhas Makhnovistas de 1919 a 1921, daí que os ataques a depósitos de mantimentos e às linhas ferroviárias tenham sido essenciais para o reabastecimento. Os insurgentes foram continuamente perseguidos e molestados pela cavalaria do Exército Vermelho, uma arma do novo exército revolucionário de Trotsky que se tornaria a força de combate mais eficaz da Rússia Soviética .

A ferramenta de guerra mais engenhosa de Makhno foi a tachanka, uma plataforma móvel de armas muito potente e eficaz que os makhnovistas empregaram abundantemente. Basicamente, era um rudimentar mas altamente eficaz sistema de armas pesadas puxada por cavalos, utilizando “uma carroça puxada por dois cavalos tal como a usada pelos camponeses ucranianos, na qual Makhno montou uma metralhadora com dois homens na equipagem, para além do condutor. As tachanki deram a Makhno uma poderosa combinação de mobilidade com poder de fogo, e o dispositivo foi copiado pelo Exército Vermelho " - . Leon Trotsky

A traição bolchevique: o último raide de Makhno e a sua fuga

Apesar de aliados aos bolcheviques durante três períodos distintos, Makhno e as suas forças eram fundamentalmente anti-leninistas e anti- bolcheviques , etc. , em conformidade com as ideias próprias do seu líder de uma "sociedade comunista sem Estado", posição essa que Makhno mais ou menos apresentou a Lenine numa viagem a Moscovo, em 1918. Em última análise, o poder militar do Exército Vermelho e a vontade política da nova liderança no Kremlin conseguiu esmagar a resistência Branca na Rússia continental entre 1919 e 1920. Qualquer resistência tzarista bem organizada cessou quando o 'Barão Negro' Pyotr Wrangel (1878 - 1928) fugiu para a península da Crimeia, em Novembro de 1920, após uma ofensiva de Verão falhada na Ucrânia. Makhno tinha cerca de 20.000 a 40.000 homens no exército rebelde no ano de 1919.

Em meados de Outubro de 1920, no entanto, Makhno poderia por em campo uma força possivelmente na ordem dos 10,000 a 16,000 cavaleiros armados e novamente aliou-se formalmente ao comando do Exército Vermelho na Frente Sul, tentando impedir Wrangel de sair da Ucrânia para encetar nova luta. Ele havia perdido centenas de homens devido a  ferimentos de batalha , tuberculose, prisões e execuções sumárias . Uma segunda frente já tinha sido aberta na Ucrânia, com vários exércitos a atravessar o território para atacar a Polónia e a Ucrânia durante a Guerra Civil Russa e a Guerra Polaco-Soviética de 1919-1921.

Apenas algumas semanas após a assinatura do tratado, os makhnovistas foram alvo de execuções sumárias pos parte dos bolcheviques e logo se tornou claro que Makhno e o seu exército que eles eram agora a única grande ameaça restante ao poder soviético na região e, portanto, iriam ser tratados em conformidade.

O fim de Makhno , o seu exílio e triunfo ideológico

A Ucrânia havia sido praticamente pacificada e os makhnovistas derrotados à excepção de Makhno e os seus indefectíveis remanescentes na ordem dos 6.000-10.000 homens. Ele e as suas forças de cavalaria envolviam-se em lutas diárias com os bolcheviques, alegadamente travando 25 combates em 24 dias, só no mês de Janeiro de 1921. Eles conseguiam suplantar ou pelo menos ficar sempre um passo à frente do Exército Vermelho, mas não foram capazes de fazer quaisquer ganhos estratégicos reais. Makhno e os seus "filhos" estavam a lutar pelas suas vidas por uma causa perdida.

Em meados do inverno, Makhno e a sua centena de rebeldes remanescente fugiram do território bolchevique em direcção às montanhas e planícies da Roménia. Ferido gravemente, Batko deixou o seu amado país para um exílio permanente em terras estrangeiras. As hipóteses de uma Ucrânia independente haviam sido esmagadas pelo poder em rápida ascensão do vitorioso e totalmente imperialista Congresso Soviético da Rússia e pelo poderio do Exército Vermelho.

Usando as suas ligações com os académicos, escritores e activistas anarquistas e socialistas, Makhno ficou em Paris, onde se tornou um activo escritor e defensor da causa anarquista. Escrevendo as memórias de uma grande quantidade das suas próprias experiências e compondo outros ensaios sobre anarquismo e outras várias ideologias revolucionárias, Makhno tornou-se um político e historiador. Afligido por antigos ferimentos de guerra e pela sua nunca completamente curada tuberculose adquirida durante os anos passados em prisões tzaristas, Nestor Makhno morreu em Paris , 6 de Julho de 1934.

Apesar da sua revolução ter fracassado, Batko Makhno manteve erguida a bandeira negra do anarquismo, defendendo o anarquismo para o povo da Ucrânia e da Rússia até à sua morte através dos seus textos e discursos . Um dos seus temas mais frequentes era a corrupção do bolchevismo –comunismo, quer na União Soviética quer noutros lugares onde ele sentia que, mais uma vez , se tinha re-escravizado o proletariado, tal como ocorrera tanto no seu país de nascimento como nos países vizinhos. Ele também escreveu sobre a situação sócio-política na Espanha à época, prevendo um conflito entre as alas direitista e a esquerda socialista que se concretizou com a Guerra Civil Espanhola. Makhno continuou escrevendo sobre a história do movimento Makhnovista e os seus mais elevados ideais durante todo o seu exílio , defendendo-o das críticas , muitas vezes nos seus textos e discursos. Quando, em 1927, ele conheceu o famoso anarquista espanhol  e mártir revolucionário, José Buenaventura Durruti (1896 - 1936), Makhno exortou o jovem anarquista Durruti e os seus companheiros antes de eles deixaram o encontro, dizendo "Makhno nunca se esquivou de uma luta ! Se eu ainda estiver vivo quando vocês começarem a revolução, eu estarei convosco."

17 comentários:

Viriatus disse...

Excelente trabalho. Há muito que sabemos que Makhno (bem intencionado ou não) fez o trabalho sujo para os Bolsheviks, impedindo que o Exército Branco de Pyotr Nikolayevich Wrangel verdadeiramente se implantasse na Crimeia e na Pequena Rússia, e dali partisse à reconquista do Império Russo. Sem este pequeno fantoche (que volto o dizer, provavelmente estaria bem intencionado), talvez a história do mundo pudesse ter sido diferente. Staline(s) e Brezhnev(s) nunca teria tido oportunidade de desabrochar. Nem homens como Putin, por quem não nutro especial simpatia.
NOTA: Hoje mesmo assinou Putin um decreto sobre o (re)início do programa de treino físico em massa, designado GTO (sigla para «Pronto para o Trabalho e Defesa»). Recupera a antiga sigla e o antigo programa que existiu na URSS entre 1931 e 1991. Não é disto que os Russos precisam. O que eles precisam é de modernidade, de uma democracia arejada que permita aos povos do mundo reencontrar-se neste mundo bipolar que acaba de nascer, acreditando que do «lado de lá» não há os bichos papões que a America vende há quase um século, mas homens e mulheres que não precisam de viver debaixo da bandeira norte-americana para seres livres e felizes. Mas Putin não tem a visão nem a estatura de Pedro. É apenas um Silovik... para mal de todos nós, os que - sem sermos comunistas - amamos a Rússia e não nos deixamos cegar pelos media ocidentais.

Viriatus disse...

EIS A "SOLUÇÃO FINAL" DE YULIA TYMOSHENKO PARA O PROBLEMA DOS RUSSOS QUE VIVEM NA UCRÂNIA

Eis o estado de espírito entre os “vencedores” em Kiev no que respeita à relação com as populações de etnia russa que vivem no país.
Quando Nestor Shufrych (ex-Partido das regiões que convenientemente saltou para o grupo da Euromaidan) pergunta a Yulia Tymoshenko o que se deve fazer com os oito milhões de Russos que vivem na Ucrânia ela não hesita: « - Eles devem ser todos mortos com armas nucleares!».
Esta é verdadeiramente a imagem de Yulia Timoshenko, não a senhora cândida e sofrida que se apresentou em cadeira de rodas perante as multidões na Praça da Liberdade.
Podem os Russos da Ucrânia confiar nesta gente?

http://www.infowars.com/yulia-tymoshenko-8-million-russians-in-ukraine-must-be-killed-with-nukes/

Europeísta disse...

Fugindo um pouco do tema do artigo, já que se trata de mais um texto manipulado e tendencioso do Pippo, eu acredito que a maior punição a Rússia é o cancelamento da construção do South Stream e a reativação do Nabuco. A Europa precisa rapidamente de um novo fornecedor de gás, já que a rússia nào se mostra um fornecedor confiável, faz chantagens e uso político do gás. Um dia a empresa Gazrprom começará a dar prejuízos se continuar com a prática de colocar os interesses políticos acima do econômico.

PortugueseMan disse...

Vi referido noutro lugar que ela disse isso, o que custa a acreditar.

Existe mais alguma fonte?

Caro JM, sabe de algo?

PortugueseMan disse...

A Europa precisa rapidamente de um novo fornecedor de gás, já que a rússia nào se mostra um fornecedor confiável

Houve interrupção de fornecimento? não.

É confiável? até hoje não existiu problemas.

A Gazprom não vai dar prejuizo.

Uma coisa é que nós queremos outra é a realidade.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Timoshenko, segundo aquilo que eu ouvi, prometeu transformar a Rússia em terra queimada. Não ouvi qualquer referência a armas nucleares, há sim muitos palavrões.

PortugueseMan disse...

CAro JM,

E a referência aos russos na Ucrânia?

é que o que tenho visto foi que ela falou algo do género como eliminá-los...

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, em relação aos russos na Ucrânia, ele desmente ter dito que os matava. Ela apelo ao emprego de armas contra os russos, mas não concretiza onde.
Eu teria algum cuidado com as provocações de parte a parte.

PortugueseMan disse...

Certo.

Obrigado pelo o esclarecimento.

Eu estava a achar a coisa estranha.

Anónimo disse...

A resposta real da Timoshenko foi: "os 8 milhões de russos na Ucrânia são ucranianos" (na procura dos nazis imaginários até Timoshenko agora é "nazi") ;-)

É engraçada a promoção do Makhno (e aqui já não interessa o possível antissemitismo das suas forças), pois lutou contra a independência do seu país e morreu como imigrante no país alheio...

Observador disse...

Viriatus, sem dúvida que sem o Exercito Makhnovista e sem o Exercito Verde os comunas não teriam triunfado na Guerra Civil.

De todos os crimes cometidos pelos comunas o que mais abomino foi o assassinato da família real, um crime hediondo, que culpa tinham da situação aquelas 4 jovens raparigas e o irmão?

O Czar poderia ser uma ameaça, agora os filhos não.

Não teríamos os comunas, possivelmente também não teríamos Putin, mas teríamos de certeza um centro de poder na Rússia.

A Yulia das sais justas que tenha tento na língua, que não pise o risco e não faça ameaças deste calibre aos Russos.

Pippo disse...

A Guerra Civil Russa, esse tema confuso e apaixonante, viu inúmeros personagens e exércitos "exóticos" ao nível do Makhno.
Assim de cor lembro-me do Ataman Semionov, do Barão von Ungern-Sternberg, do Kolchak (ainda há poucos anos saiu um filme - Admiral - sobre ele e a sua amante), do Mikhail Frunze, do Tukhachevsky, do Enver Paxá, bem como da Legião Checa, dos Basmachi, das intervenções dos franceses, britânicos, norte-americanos, japoneses, gregos, italianos e sérvios, dos freikorpen no Báltico e dos regimentos "coloridos" (Kornilov, Drozdovsky, Markov e outros) e do Batalhão da Morte feminino, do exército Branco.

Ah, e é claro, do Aleksandr Blok ("noite negra, branca neve")e do Dr. Jivago! :)

Isto daria para escrever volumes, e traduzir montanhas de prosa, mas o tempo é escasso.

Pippo disse...

Ah, já agora, o texto, infelizmente, não é meu, foi uma simples tradução, com alguns parêntesis rectos pelo meio :)

Como não gosto de reclamar créditos alheios, aqui vai o link:
http://warfarehistorian.blogspot.ca/2012/09/nestor-makhno-ukraines-anarchist.html

Presumo que não o tenha enviado aquando do email para o JM.

Observador disse...

Conversa entre a Yulia Timoshenko e Nestor Shufrich, ministro ligado à segurança nacional ucraniana em que à pergunta sobre o que fazer com 8 milhões de russos, ela responde(1:54): "Há que matá-los com bombas nucleares"

Aos (0:16) ela diz que o que é preciso é meter balas na cabeça dos Russos.

http://www.youtube.com/watch?v=6RxSzSWbcxo

Esta senhora tinha a obrigação de ter outro comportamento, do Preavy Sector e do Svoboda não se espera outra coisa, desta senhora esperava-se um pouco mais de inteligência na relação com os Russos.

Em suma, mais lenha para fogueira, e mais argumentos para Putin anexar o Leste e Sul da Ucrânia.

Às vezes até aprece que esta gente está ás ordens de Putin, tantas são as "autoestradas" que eles lhe abrem com as suas leis, politicas e afirmações.

João Pedro disse...

Boa parte dos combatentes anti-bolcheviques enumerados pelo comentador Pippo apareceram nas aventuras de Corto Maltese (em especial o díptico "Na Sibéria").

Pippo disse...

Eu sei, João Pedro! Por isso é que gosto imenso do Corto Maltese, em especial o "Na Sibéria" e "A Casa Dourada de Samarcanda".
Gostos! Fazer o quê? :)

Unknown disse...

http://rt.com/news/tymoshenko-calls-destroy-russia-917/

O sr . Deve ser o português mais aldrabão !!!! Ela diz que os russos devem ser mortos com tiros na cabeça !!!! Fala ucraniano ou russo pois veja e se não fala tá traduzido em inglês !!!! Desta vez aceite o meu comentário !!!!!!!