Os dirigentes da política
externa (se é que ela existe) da União Europeia têm conduzido
desastradamente a crise na Ucrânia. Mais um exemplo, que certamente
não será o último.
A imprensa estónia
publicou hoje o conteúdo de uma conversa telefónica entre Urmas
Paet, ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, com Catherine
Ashton, dirigente da diplomacia da UE, onde Paet afirma que, segundo lhe fora dito por Olga (uma das médicas que assistiu aos feridos), os
atiradores que dispararam sobre os manifestantes da oposição tinham
saído do seio dessa mesma oposição.
Além disso, o ministro
estónio considerou que o mais preocupante reside no facto de as
novas autoridades de Kiev não desejarem “investigar o sucedido”.
O Ministério dos
Negócios Estrangeiros da Estónia reconheceu a veracidade da
conversa, o que torna urgente uma investigação internacional dos
acontecimentos.
Os graves confrontos em
Kiev provocaram cerca de 90 mortos e numerosas centenas de feridos e
os seus provocadores não deverão ficar impunes, sendo para isso
necessário apurar responsabilidades. Caso contrário, a União
Europeia está a dar mais um trunfo ao Kremlin na campanha
propagandista. O primeiro trunfo foi permitir que a oposição
violasse o acordo assinado com o presidente Victor Ianukovitch sob os
auspícios da UE.
Não obstante os bonitos
“sermões” de ambas as partes, esta crise na Ucrânia veio
mostrar uma vez mais (se é que alguém ainda tinha ilusões) que o
Direito Internacional foi substituído pela força e que vale tudo e
até tirar olhos.
Por isso, caros leitores
e amigos, cuidado com a propaganda e a desinformação, pois, nestes
conflitos, não há santos e pecadores, há sim interesses.
16 comentários:
É bem verdade! O não haver só santos de um lado e só pecadores do outro, aliado ao conhecimento de que muitos factos não nos são dados a conhecer, têm-me impedido em variados casos e acontecimentos de tomar partido por qualquer uma das partes. Romanticamente sou levado a defender o Povo mas o que me garante, a não ser o plebiscito ou o sufrágio, que os mais barulhentos e violentos representam a vontade de todo um povo? O que me garante a inexistência de uma maioria silenciosa? Numa época em que, na UE, a democracia parece sobreviver a graves crises, os acontecimentos da Ucrânia representam um golpe profundo neste regime que já estamos habituados a considerar o menos mau de todos os que a História nos tem dado a conhecer.
Não sendo ingenuo, sou levado a pensar que esta conversa não aconteceu entre estas duas pessoas. certamente que já muita gente sabia disto antes de ter leakado...e ninguem disse uma silaba acerca do assunto.
...não há santos e pecadores, há sim interesses.
Sim.
São vários os interesses de ambas as partes.
Agora temos que ver como acaba. A Ucrânia vai ficar dividida algures, a grande questão é onde e se pacificamente.
Como a UE não se pode dar ao luxo que rebente ali uma guerra civil, pois uma parte do gás russo ainda passa por ali, vai ter que ceder às pretensões russas.
E esperemos que os americanos não rebentem com as negociações entre europeus e russos, esperemos.
Oh. Disto já eu suspeitava...
É a mesma coisa que aconteceu na Líbia, na Síria e em tantos outros países.
http://www.globalresearch.ca/unknown-snipers-and-western-backed-regime-change/27904
http://rt.com/news/syria-terrorism-cia-destabilization-863/
(É para verem o tipo de pessoas que lideram o Ocidente e o tipo de coisas que fazem os seus lacaios e fantoches.)
O nome que se dá a este tipo de atentados é "ataques de bandeira falsa" - e, são uma táctica muito utilizada pelo Ocidente.
(No meu blogue pessoal, já vou em 47 colocações sobre este tipo de atentados.)
É bem verdade que não há santos nem pecadores...
Mas, o que também é bem verdade, é que há uns que são muitíssimo pior do que os outros.
(Comparem a quantidade de países por estes interesses invadidos, sem real justificação para tal, e de pessoas mortas em consequência disso - entre o conjunto das várias democracias ocidentais e a democracia russa - e tirem as vossas próprias conclusões.)
Gostei a análise. E pouco ou nada se tem falado nisso.
João Adélio
Em Donetska há situação está a descambar para confrontos.
http://www.youtube.com/watch?v=hjvhi7oNbfQ
Milhazes, tudo isto é a velha história da ameaça fantasma: boatos, inventonas, orquestração, milícias, porrada, tiros, e já está. Só que aqui foi pelos russos em Kiev, infiltrados na oposição, e a coisa saiu mal. O Putin acha que é o Imperador/Chanceler/Sith Lord de Star Wars, mas aqui alguém o ultrapassou e lhe lixou o jogo, portanto decretou uma ocupação do que tinha mais à mão, que é a Crimeia, e agora anda a acicatar para ver se dá molho, mas os ucranianos têm dado uma lição de civismo ao mundo, e dão-no ao desprezo. Que isso chateie o Putin, não admira. E a credibilidade dos russos é zero, ou seja, agora conta aí como querem eles voltar ao acordo de 21 de Fevereiro que nem assinaram?
Isso é guerra de informaçao!
Veja, povo em Donestk apóia o Maidan:
http://englishrussia.com/2014/03/05/revolution-supporters-in-donetsk-ukraine/#more-140638
Mais uma vez que esses agitadores fascista no Leste nao sao mais que bandidos arruaceiros pagos pelo Kremlin.
Aqui está o vídeo em causa, parece que foi uma operação false-flag ordenada pela oposição para entalar o Ianukovitch.
Mas esta conversa foi gravada e o escândalo rebentou.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ZEgJ0oo3OA8
"não há santos e pecadores".
Mas, JM, eu aqui só o tenho visto a acusar a Rússia e o Yanukovich! Os revoltosos foram sempre apresentados como uns tipos fixes, patriotas e "europeus"!
Então agora já consta que os "bandidos que assassinaram manifestantes inocentes"... vinham das fileiras da manifestação!
Em que é que ficamos? Irá Berlim, perdão, a UE, sacrificar a sua criação?
E os russos, esses bandidos que violam o Direito Internacional (são os únicos, como se sabe!), conquistam províncias inteiras sem disparar um tiro.
Cheira-me que rapidamente se está a chegar à verdade dos factos e as pessoas com algum tino estão finalmente a perceber que os "bichos-papões" dos russos, afinal, são capazes de ser bem melhores do que os "bons" que estão do outro lado.
Ainda dou o seguinte vaticínio: o próximo a cair será o Loukashanka! Esse não dura 5 anos. Ele tá com medo, sabe que é o próximo d lista. Putin ficará totalmente isolado em relação a Europa, até que será o próprio Putin quem cairá! E entao a Europa será unificada, mais unificada sob as bases do Ocidente.
O exército russo expulsou o emissário da ONU da Criméia ocupada! Isso é ocupação!
E, uma coisa que devo acrescentar... É que, no caso da Rússia, não se tratam de interesses económicos ou imperialistas (como é o caso da lógica seguida pelas democracias ocidentais) - mas, trata-se antes de tentar impedir a OTAN de se aproximar do território russo. Pois, é uma conhecida intenção do Ocidente acrescentar a Rússia à extensa lista de países pelo Ocidente atacados e invadidos.
http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?f=15&t=10578
(O "interesse" da Rússia, neste e noutros casos, é impedir que seja atacada - ou sobreviver - e não andar a invadir o mundo inteiro, como faz o Ocidente.)
A Ossétia do Sul não tem recursos naturais significativos. E, a única coisa que a Ucrânia tem de interesse são muitos campos de cultivo - que é coisa de que a Rússia também não tem falta. E, para além disso, as intervenções no primeiro e segundo território tiveram/têm o "interesse" de proteger a maioria de população de etnia russa, ou de uma outra etnia que faz parte da Federação Russa, que lá vive, que é pró-separatista e que foi/está a ser atacada por outras populações.
(Que deveria fazer a Rússia, em alternativa? Deixar que os etnicamente russos, ou membros de uma outra etnia que integra a Rússia, que vivem nestes territórios, fossem perseguidos, aterrorizados, ou mesmo mortos pelas outras populações?)
A Rússia também tem os seus interesses económicos.
Por exemplo a Antonov.
Interrogo-me como é que as coisas vão ficar, dado o futuro das relações entre Ucrãnia/Rússia.
E, sobre os atiradores,
Para andarem a disparar indiscriminadamente sobre membros da população ucraniana, devem certamente ter sido uma parte dos "muitos estrangeiros/ocidentais" que foram reportados como tendo estado envolvidos nas manifestações. (O que é mais uma prova do envolvimento ocidental neste fenómeno.)
E, quanto a uma investigação séria do sucedido,
Eu não contaria com uma. Pois, sendo esta operação uma típica dos interesses ocidentais, não me parece que os fantoches pelo Ocidente colocados no poder ucraniano queiram denunciar os seus amos.
PortugueseMan,
Que as empresas russas tenham interesses económicos, não tenho dúvidas.
Agora, que andem a invadir países por causa dos mesmos - tal como faz o Ocidente - é que já não acredito.
Enviar um comentário