sexta-feira, maio 09, 2014

Recomendo leitura


Recomendo a leitura desde artigo da conhecida jornalista e analista política russa, Lídia Chevtzova.


Vladi­mir Putin’s new world order with the West


http://www.washingtonpost.com/opinions/vladimir-putin-offers-the-west-a-faustian-bargain/2014/05/08/47acffb0-d604-11e3-95d3-3bcd77cd4e11_story.html

17 comentários:

Anónimo disse...

Algo superficial e tendenciosa a obra que recomendou para leitura.

Para uma melhor compreensão das relações EUA/NATO e Rússia dos últimos 25 anos acho mais recomendável, para si e para os seus distintos leitores, verem vídeos do Youtube com participações de Stephen Cohen, professor americano especialista na matéria, e de Jack Matlock, último embaixador americano na URSS.

São pessoas que, não sendo russas e não tendo sido comunistas, conseguem ter uma visão mais realista e independente da evolução e deterioração das relações internacionais entre o Oeste e a Rússia.

Ao contrário da escritora que recomenda, a análise deles não parte do pressuposto de que a Rússia de Putin é um "problema" e que não é um país "normal" só porque não alinha com os EUA.

Talvez por terem a sensatez da velha guarda, os dois reconhecem que a Rússia é um país (não uma abstracção a ser discutida fora do tempo e do lugar segundo idealizações de estranhos), com tradições e interesses singulares e um poder de facto a ser tido em conta na delineação de uma política comum de segurança.

Reconhecem erros próprios, dos EUA, e alheios, da Rússia, divergindo dessa análise egocêntrica que vicia o pensamento das actuais lideranças políticas dos EUA e da NATO.

Um vício que afecta também essa escritora, pois parece não reconhecer que a Rússia foi, é e será uma potência a ser considerada e respeitada como tal.

Que os EUA e NATO olhem para um país como Portugal ou a Eslováquia como um "problema" ou como um país que não é "normal" (utilizando os termos da escritora) só porque não é alinhado é censurável, mas é indiferente e inconsequente para o mundo.

Que o façam a respeito de um país como a Rússia é igualmente censurável, mas sobretudo insano e perigoso.

Deixo aqui alguns links para intervenções dos dois americanos que citei:

http://www.youtube.com/watch?v=AXqdWBwadLk

http://www.youtube.com/watch?v=S9674pRBm6g

http://www.youtube.com/watch?v=8RAI9ZBVc08

http://www.youtube.com/watch?v=q3KmBuo8HmE

O primeiro dos vídeos, embora sendo anterior à crise da Ucrânia, dá um bom resumo do que se passou nos últimos 20 anos e de como chegámos a este ponto de fricção na Ucrânia naquilo que alguns especialistas já começam a considerar uma antevisão de uma guerra por procuração da NATO e Rússia.

A haver mudança na Rússia, assim como em qualquer país, esta deverá vir e ser feita pelos nacionais, mas não imposta de fora, seja por quem for e através de sanções.

Contudo, no artigo da escritora em causa há quase que o masoquismo de querer que o próprio país e povo (presumo que ela seja russa) seja sancionado, enjeitado e forçado por outras vias até se alinhar com o ideal do ocidente.

É um sentimento não declarado, mas que se mostra expresso de modo subliminar.

Há algo de desconcertante nesse sentimento que também já descortinei aqui e acolá, não sempre, neste blogue.

Se a Rússia sempre tendeu para a autocracia, é preciso entender as razões, algumas das quais não foram sempre intrínsecas do povo e do estado russo, mas também resultantes de forças e acontecimentos exteriores.

E o facto é que a postura vexatória de esperar que outros nos venham castigar e ensinar os bons modos só servirá para exacerbar tais tendências autocráticas.

Se essa escritura advoga que a Rússia não é um país "normal" e que juntamente com Putin constitui um "problema" para o mundo, ela que o faça por causa de eventos internos e dê a sua explicação, porque fazê-lo a pretexto da crise ucraniana é um sinal de menoridade identitária e mediocridade intelectual, salvo se ela quiser agradar a quem lhe paga à peça.

Anónimo disse...

Justino disse :

“The post-Cold War order that emerged from the breakup of the Soviet Union was doomed to fail because it rested on a belief that post-Soviet Russia was no longer a problem. Even when Western leaders realized that Russia under Vladimir Putin was becoming a problem, they exchanged political acquiescence with the Kremlin for economic benefits. Liberal democracies agreed to play a game of “let’s pretend,” in which they viewed Russia as a “normal country” while the Russian elite became integrated into the West — and corrupted the Western system from within”

Este primeiro parágrafo do artigo no link que JM fez o favor de nos dar a conhecer e que contém, desde logo, a premissa maior do desenvolvimento de todo o artigo, parece-me inacreditável, sobretudo por aparentes contradição intrínsecas no ali afirmado. E mais me espanta por a autora estar ligada a um “think tank” de reconhecidos méritos e independência e se tratar do “Washington Post”.

Na verdade, ocorrem-me as interrogações e dúvidas seguintes:

Se, como afirma a autora, a ordem do pós-guerra fria foi condenada ao falhanço por se alicerçar na crença – errada segunda a autora - que a Rússia pós soviética não mais seria um problema, então como explicar a política de expansão da Nato no leste europeu e antiga zona de influência soviética em direcção às fronteiras russas que se seguiu à implosão da União Soviética, quebrando as promessa antes firmadas, ao invés, assumindo uma política de contenção da Rússia compatível com um estatuto de potencia global hegemónica, bem ilustradas, só a título de exemplo, com o bombardeamento de Belgrado ? Chama a isto “ let´s pretend” ??

Mas, vamos fingir que a Rússia foi um problema ou ameaça mundial subestimada pelo ocidente. Se assim é, porque razão o próprio presidente Obama na sequência das acções levadas a efeito pela Rússia na Ucrânia, ao contrário da autora, continua a subestimar apelidando-a de “potência regional” ? Terá a autora acesso a informações mais detalhadas que contrariem os “briefings” do presidente dos EUA e seus “advisers” ?

Qual seria então o curativo ou correctivo para este país, “anormal” e “problema”? Uma III guerra mundial promovida pelas forças da Nato que já ali estão junto às fronteiras ?

Sendo o mundo ocidental a referência como paradigma e exemplo do “normal”, como pode este mundo ser tão fraco e corrompível pelas elites russas como, pasme-se, afirma a autora ?

“Anormal”, “problema” e “corruptor do ocidente” não serão argumentos subjectivos e abstractos, próprios de argumentações “ad hominem” que restam quando a verdade dos factos não se presta a salvaguardar um preconceito ?

Sublinho que estas interrogações são dúvidas, não assumpções, até porque um burro não se pode medir com um “Think Tank” ou com o “Washington Post”.

Pippo disse...

Se esta é uma das melhores analistas políticas da Rússia, então estamos mal!

A Rússia é "um problema"? Porquê e para quem? Para si própria, para os seus vizinhos ou para os seus concorrentes na questão geopolítica?

Se o "sistema Putin" precisa de procurar "inimigos internos e externos", o que é que ela dirá então da reformulação do conceito da NATO, com operações para lá do seu espaço geográfico (PfP, por exemplo) e da procura de novos inimigos (o "terrorismo islâmico", agora, novamente, a Rússia) para justificar a sua existência?

Ela refere “as regras do jogo”... regras essas que foram mudadas unilateralmente pelo Ocidente! Ocidente esse que, hipocritamente, exporta “revoluções” e pseudo-democracias para promover os seus interesses. Alguém ainda se lembra da grande cruzada pela libertação das mulheres afegãs, oprimidas pela tirania dos talibãs e das suas burqas? Agora elas são muito mais livres, com o A. Karzai (esse grande democrata) e as suas burqas...

Curiosamente, este fantástica analista acusa a Rússia de desestabilizar a Ucrânia... “esquecendo-se” de referir que quem a desestabilizou foi o Ocidente, ao patrocinar as revoltas populares (com que legitimidade, pode-se saber?), ao mandar enviados políticos para junto dos manifestantes (com que legitimidade?), ao treinar políticos oposicionistas (Klitchko, treinado pelo partido da Merkel, não sei com que legitimidade...), e asim por diante. Disto ela não fala, vá-se lá saber porquê, mas se fossem a malvada Rússia a fazer o mesmo, ui!, "lá está o Império do Mal a ingerir-se ilegitimamente nos assuntos internos ucranianos!"

Só há duas coisas em que a articulista acerta:

1 - Putin está, de facto, a ser o arquitecto de uma realidade pós-moderna, na qual a omnipotente Hiperpotência está a perder o “power”;

2 – O artigo é, de facto, hilariante. diria mesmo tragi-cómico.

N. Amorim disse...

"Let's talk about what could undermine the Russian system" - Lonely Power: Why Russia Has Failed to Become the West and the West is Weary of Russia.

e eu deixo-lhe outro artigo

http://www.zerohedge.com/contributed/2014-05-09/secret-back-story-russia-and-ukraine-americans-never-learned-school

Paulo disse...

A visão apresentada é basicamente a resultante de uma análise com base na realidade da Russia de hoje, comparando a atual situaçao com o que aconteceu em vários países europeus que evoluiram para uma ditadura.

Putin, tem o mesmo problema que teve por exemplo a junta militar argentina. Com a economia a apresentar problemas, com a contestação popular nas ruas, a solução tradicional das ditaduras é encontrar um inimigo externo.

No imaginário russo o inimigo é a América. A América diabolizada e demonizada durante o periodo da ditadura comunista, continua hoje a ser vista como o grande Satã.

A situação chega ao ridiculo de a imprensa russa afirmar que os americanos vão anexar a Ucrânia.

Velhinhas na Ucrânia oriental, choram perante as televisões, porque tropas americanas Gays, vão chegar e os ucrânianos que não se casarem serão mortos. As mulheres também serão mortas e as crianças enviadas para a América para adoção.


A paranoia anti-americana ou anti-qualquer-estrangeiro é o melhor sistema para conseguir o apoio da opinião pública.

O ditador tem que se mostrar capaz de resolver os problemas do povo e reconquistar o orgulho ferido.
Foi isso que fez Hitler depois de 1933, recuperando o orgulho ferido da Alemanha depois da humilhação de 1918.


Os países democráticos, olharam para o lado e fingiram que não se passava nada.
A Alemanha da Prussiana, mais interessada em ganhar dinheiro que com problemas de democracia também olhou para o lado, enquanto o Chanceler Schroeder era contratado pelos russos e recebia um salário de Marajá para garantir que o SPD também olhava para o lado.

Depois há os oligarcas. Não chega ter alguns oligarcas na mão.
A clique que Putin trouxe de S.Petersburgo era baseada nos contatos da KGB e a partir de 2000 iniciou-se uma guerra entre os oligarcas das estruturas dirigentes do PCUS e novos oligarcas mais ligados ao crime organizado, prostituição masculina e feminina, pornografia e extorsão.

Este novo grupo de oligarcas possuia um poder que os oligarcas da primeira vaga não tinham. O poder dos operacionais na rua.

Como Hitler com as SA, Putin utilizou a ex-KGB para assassinar opositores e cimentar a sua posição no poder no Kremlin.


Pensar que um capo da Máfia russa, se transformaria num democrata era um disparate desde o principio.

A Europa não soube negociar com ele, não explicou o que queria e agora o cavalo tomou o freio nos dentes.

Pippo disse...

"A hastily organised referendum on creating the quasi-independent statelet of Donetsk in eastern Ukraine will go ahead on Sunday, as violence and chaos rage in the region in what increasingly resembles the beginning of a civil war.

At least seven people died in the southern port city of Mariupol on Friday when the Ukrainian army entered the city in armoured vehicles, apparently to regain control of the city's police HQ, where separatist fighters were exchanging fire with barricaded police. The assault ended with the police building burning to the ground, deaths on both sides and a hasty retreat through the city, when unarmed civilians were shot at by Ukrainian forces."

"Kiev's labelling of those seizing buildings here as "terrorists" has not helped to calm tensions, and the Ukrainian government appears to be in denial that increasingly large swaths of the population are backing the resistance movement, spurred on by the Russian media and the rumour mill, and increasingly by the bloody death toll from Kiev's "anti-terror" manoeuvres."

http://www.theguardian.com/world/2014/may/10/donetsk-referendum-ukraine-civil-war

Anónimo disse...

Ha ou nao mercenarios americanos na Ucraina? ....

Miguel Dias disse...

Continua a chacina de civis na Ucrânia as mãos da guarda nacional de Kiev.

http://rt.com/news/158264-dead-ukraine-krasnoarmeysk-shooting/

Mas sobre estes crimes nem uma palavra em Portugal.

O povo é mantido na ignorância.

Cancaseiro disse...

O povo votou e fez a sua escolha em Luhansk e Donetsk. De quem é a culpa? De Moscovo ou de Kiev?

N. Amorim disse...

Nos ultimos dias somos presenteados com:

http://www.hrw.org/news/2014/05/10/dispatches-truth-casualty-ukraine-conflict

http://blogs.telegraph.co.uk/news/danielhannan/100270935/the-eus-meddling-in-ukraine-has-been-catastrophic/

http://www.bild.de/politik/ausland/nachrichtendienste-usa/dutzende-agenten-von-cia-und-fbi-beraten-kiew-35807724.bild.html

este ultimo saiu Domingo, na edição de maior tiragem impressa do jornal e tambem no Spiegel

andam alguns leaks nos medias Alemaes (que são desde o inicio do conflito os que tem apresentado menos parcialidade)

Anónimo disse...

" O povo votou" afirmação no mínimo
algo desfasado da realidade pois estes referendos valem o que valem, aqui como na Crimeia, apesar de que na mesma quem pede o referendo têm alguma legitimidade (parlamento localmente eleito) ao contrario do actual, pois todas as figuras há frente dos movimentos locais mais parecem "os idiotas úteis" descritos anteriormente por Lenine .

Pippo disse...

Anónimo as 17:08, o Spiegel publicou um artigo onde se confirma, via serviços secretos alemães, a presença de 400 mercenários da Academi ao serviço de Kiev.
Parece que, no meio desta guerra de propaganda, MAIS UMA VEZ os russos andam a dizer a verdade...

Nikita pavlov disse...

Por onde anda o ilustre russófobo Jest nas Wielu? Estará sossegado num café de Obolonskyi ou anda se escondendo dos nazis? Venha Jest, Putin está de braços abertos, ele não lhe guarda mágoas.

chukcha disse...

Caros hoje, é um dia especial! ,

Eu era para comentar o artigo, mas depois da demonstrção de dignidade do povo de Donbass, este domingo, vou-me abster, para já. O referendo por sí é a demonstração da falácia do artigo - Há pessoas, muitas, que não admitem ser tratadas como "colorados" (bicho da batata) e que com Putin ou sem Putin, erguem a cabeça e demonstram a grandeza da sua alma e da sua história!

Caro Paulo, Então não é que os gajos do Donbass votaram massivamente, foram assassinados por forças para-militares nazis (as tais que não existem)porque queriam votar num referendo que representa a expressão da sua dignidade e que Putin achou por bem adiar. E a culpa é do Putin. Você deve sonhar com o Putin pois... PUTIN ESTÁ EM TODO O LADO (rus):
https://www.youtube.com/watch?v=6qMZPkb6LX4

Quanto ao conjunto de clichés das "velhinhas com medo dos soldados gays amaricanos que lhes vão sodomizar os filhos", bom... estou muito bem disposto para lhe dar uma réplica ;)

Para os que falam russo (mais uma vez... nestes dias estou muito emocionado, a sério, para escrever muito) uma versão musicada dos eventos e da heroica luta dos mineiros contra os nazi-festivaleiros :

"Levanta-te Donbass, a Mãe Rússia está contigo."
https://www.youtube.com/watch?v=jNoGW_sbKcY

Esta moda é uma súmula do que vai na alma da generalidade (pelo que se viu no Referendo Heroico) da população de Donetsk, infelizmente em Russo, mas se alguém estiver interessado posso tentar desencantar uma versão legendada, nem que seja em inglês...

E mais uma: Levanta-te Donbass/Não há para onde retirar/Voltará a Pátria/Um Renascido Donbass!

https://www.youtube.com/watch?v=aQrvKgLoEig

chukcha disse...

"O povo votou e fez a sua escolha em Luhansk e Donetsk. De quem é a culpa? De Moscovo ou de Kiev?"

Nem mais. O Putin nem queria o referendo, nem pode ficar com os créditos que são exclusivos da população do Donbass!

Mas há muito tempo que havia avisos que se Kiev não começasse a falar com os Russofonos aquilo ia dar asneira, não só aqui nos comentários, como sempre foi o discurso de Putin e Lavrov - "pareceiros Ocidentais, para que é que vamos rachar o país" - Putin dixt, lembram-se?

Repito: o referendo foi a coisa mais bonita que ví nos últimos tempos, presto a minha sincera homenagem ao povo do Donbass!



BREAKING: Caso alguém não tenha reparado, as eleições são para esquecer, mas mesmo! Donbass já disse que não, nem que Putin mande. Façam-nas vocês, em Washington e Berlim, o Donbass não precisa da vossa democracia, imposta por uma "Junta tipo Esparta" para nada.

Aceitam-se apostas: A seguir Kharkhov, Zaparozhia ou Odessa?

E não é com sanções que lá vamos, se os fascistas atacarem este povo heróico, qualquer presidente Russo será obrigado a agir. Já ouvi um tipo do KPRF afirmar "Se Putin se afasta um passo do Patriotismo, o KPRF toma o Poder". Presumo que Zhirik também não esteja atrás. Ou os imbecis Ocidentais param os idiotas de Kiev ou vamos ver o exercito Russo a libertar novamente Donetsk!

E mais uma moda pra acabar:
https://www.youtube.com/watch?v=cpUrQJsHTdk

Anónimo disse...

Mais um artigo centro-ocidentalista. Recomendo antes este:

http://www.zerohedge.com/news/2014-05-11/400-blackwater-mercs-deployed-ukraine-against-separatists-german-press-reports

Anónimo disse...

Mais um artigo centro-ocidentalista. Recomendo antes este:

http://www.zerohedge.com/news/2014-05-11/400-blackwater-mercs-deployed-ukraine-against-separatists-german-press-reports