Peço
desculpa por esta ausência, mas o dever a isso obrigou: uma viagem a
Rostov no Don, cidade russa a poucas dezenas de quilómetros da
fronteira com a Ucrânia.
Muito
se tem falado do acordo sobre fornecimento de gás assinado entre a
Rússia e a China na véspera. Moscovo e Pequim assinaram um contrato
que prevê que a Gazprom russa irá fornecer anualmente aos clientes
chineses 38 mil milhões de metros cúbicos de gás durante 30 anos.
Se tudo correr bem, a Rússia poderá ganhar 400 mil milhões de
dólares com esse contrato.
Este
passo de Moscovo foi interpretado de várias maneiras pelos analistas
russos. Os mais alinhados com o poder falam da mudança do principal
vector da política externa do Kremlin do Ocidente para o Oriente,
outros falam de uma resposta às sanções europeias e uma tentativa
de diversificar os clientes, mas sem rupturas fundamentais.
O
senador Mikhail Marguelov, dirigente do Comité do Conselho da
Federação da Rússia para Assuntos Internacionais, apoia-se nas
palavras de “alguns peritos” para afirmar que se trata “da
substituição do mercado ocidental russo, que o Ocidente ameaça
reduzir, pelo oriental”.
No
entanto, essa viragem, se vier a ocorrer, não poderá ser brusca,
pois, caso contrário, terá consequências catastróficas para a
economia russa e as economias europeias.
Primeiro,
a Rússia precisa de 4-5 anos para começar a cumprir o contrato com
a China. É verdade que se trata de um período microscópico do
ponto de vista da história, mas, nos nossos dias, muito pode
acontecer até lá.
Além
disso, a quantidade prevista de gás a fornecer pelos russos aos
chineses constitui apenas um terço dos volumes que, hoje, eles
fornecem aos países da União Europeia.
Não
nos podemos esquecer também que as trocas comerciais entre a Rússia
e a UE rondam, anualmente, os 450 mil milhões de dólares, enquanto
que com a China são de 90 mil milhões de dólares.
Por
isso, mais equilibrada e realista parece ser a de Alexandre Lukin,
vice-reitor da Academia Diplomática da Rússia: “penso que se
trata mais da diversificação da nossa geo-economia tendo como alvo
os mercados do Extremo Oriente e da Região Asiática do Pacífico em
geral. No entanto, esse objectivo foi anunciado pela direcção russa
muito antes dos acontecimentos ucranianos.
No
que diz respeito à redução do nosso mercado ocidental, isso é
ainda uma grande interrogação, pois as nossas relações económicas
com a UE são mutuamente vantajosas”.
Estas
movimentações políticas e económicas mais parecem formas de pôr
à prova os nervos da outra parte ou tentar ganhar pontos nas
conversações em torno da Ucrânia depois das eleições
presidenciais. Tudo irá depender de quanto tempo será preciso para
resolver essa crise e dos custos dessa solução.
P.S. Na era de José Estaline, na URSS foi lançada uma palavra de ordem: "Rússia e China, irmãos para sempre!", mas tal não aconteceu, porque Moscovo e Pequim não conseguiram definir quem era o "irmão mais velho".
3 comentários:
Pois, mas entre Moscovo e Washington já se sabe, sem sombra de dúvida, quem é o "irmão mais velho".
E isso é que importa.
Meu caro, a Rússia já tem a China como novo parceiro e a Europa??? De quem a Europa vai ter energia? Esse Jpseé escreve de um jeito parecendo que só a Rússia precisa da Europa, me poupe portuga, vitalmente quem mais depende um do outro é a EU. Jornalista pago e influenciado pela mídia comprada do ocidente é foda, ainda bem que hj existe internet e podemos ver as notícias dos dois lados não é mesmo
O urso pardo dos urais unido ao urso panda das motanhas antigas; esta palhaçada que a dupla dinamica Eua e Ue fizeram na ucrania com a intenção de prejudicar a Russia foi na verdade um verdadeiro tiro no proprio pé;bom para os brics e bom para o meu Brasil que vai vender mais carne para o mercado russo
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