Com a Professora Sandra na hora da despedida
Cheguei hoje
de manhã a Moscovo vindo de Braga, onde participei nos XXXV Colóquios de Relações
Internacional, subordinado ao tema: “A Rússia no século XXI. Que
perspectivas?”, muito satisfeito, mas também muito cansado, pois a
viagem de avião entre Porto-Barcelona-Moscovo foi uma autêntica
odisseia.
Antes de
tudo, gostaria de manifestar aqui o meu agradecimento aos
organizadores dos colóquios pelo convite e pela forma como fui
acolhido na Universidade do Minho. Um especial obrigado à Professora
Sandra Dias Fernandes e aos seus fantásticos alunos, bem como aos professores que tive a honra de conhecer. Foi realmente
uma iniciativa importante, pois despertou a curiosidade de numerosos
alunos (há quem diga em Portugal que os jovens não se interessam
por nada, muito menos por política internacional, mas claro que não
estou de acordo).
Tiveram
lugar interessantes debates sobre o passado, o presente e o futuro da
Rússia e pena foi que o tempo não tenha chegado para aprofundar tudo.
Deixo aqui
um abraço especial ao Sr. Embaixador José Manuel Villas Boas, que
reencontrei quase vinte anos depois de ele ter exercido o cargo de
representante diplomático do nosso país na Rússia.
Mas voltemos
à viagem de regressa em aviões de uma companhia chamada Vueling
Airlines. Até Barcelona tudo correu bem, pena foi que aí chovesse,
o que não me permitiu dar uma volta pela cidade durante as sete
horas que esperei pela ligação.
O embarque
começou mais de meia-hora mais tarde do que o previsto (24 horas de
quarta-feira), mas isso é usual. Também não é raridade que tenham
anunciado para a porta 19 e, no último minuto, mandaram-nos para a
porta 3. Entrámos num autocarro que, depois de dar algumas voltas
pelo meio de aviões, parou junto de um aparelho, mas não nos deixou sair. Após uma espera de cerca de 15 minutos, fomos levados para um local para desconhecido, convidados a sair e a ficar numa sala onde ninguém nos esperava.
Como nessa
sala havia um corredor que conduzia a alguma parte, encaminhámo-nos
para lá, pois queríamos pedir informações a alguém, e constatámos que estávamos junto da polícia de
fronteiras espanhola. Os guardas ficaram a olhar para nós
espantados, como se acabassem de ver um grupo de refugiados a saltar
o arame farpado de uma fronteira.
Falei com
eles em espanhol e o superior prometeu saber o que se passava.
Telefonou várias vezes e, algum tempo depois, foi-nos dito que
esperássemos a vinda de um representante da companhia. Enquanto
isso, os russos discutiam o que fazer para resolver o problema. A
passageira mais velha considerou que o tratamento que nos era dado
devia-se à anexação da Crimeia por Putin, o que provocou alguns
risos entre os passageiros e a polícia, depois de eu ter traduzido
para os agentes.
Passou algum
tempo, talvez meia hora, os ânimos exaltavam-se e não aparecia
ninguém. Finalmente, foi-nos dito que viria ter connosco um
representante da Ibéria para resolver o problema e oferecer-nos
bolos!
E lá
apareceu o homem da Ibéria, pois o voo para Moscovo era conjunto com
a Vueling, que prometeu avião para as duas da manhã e uma sande e
uma bebida o único bar aberto na zona. Ao ver tanta gente
aproximar-se do balcão, o empregado apenas pediu para traduzir que
não se podia pegar em bebidas alcoólicas.
Entretanto,
aproximavam-se as duas da manhã e não havia notícias: os nervos
voltaram a fazer sentir-se e a anciã pensava ter mais um argumento
para fundamentar a sua teoria do “castigo pela Crimeia”, mas
acabámos por ser instalados num avião e chegámos a Moscovo com
várias horas de atraso. A razão do incidente deveu-se ao facto de a
tripulação do voo ter de ser substituída à última da hora, pois
já tinham trabalhado horas demais.
Parece que
este é um mal das empresas low-coast...
9 comentários:
Interessante.
Um colóquio em Braga, sobre perspectivas da Rússia no sec. XXI.
Que perspectivas predominaram nesse colóquio? Alguma ideia sobressaiu de tudo o que tenha sido falado?
Quanto ao low-cost... já tinha voado nesse companhia?
Tem preferência de companhias que voam para Moscovo?
Caro PM, predominaram pwrspectivas pessimistas, pois a situação não está para optimismo. Um sublinhei que a Rússia irá pagar uma dura factura pelos contecimentos na Ucrânia. Houve um optimista: o representante da embaixada russa.
Nunca voei nessa companhia e espero não voar mais. Prefiro voo directo da TAP, mas não o utilizo sempre, porque é muito caro. Há ainda a Lufthansa e a KJM.
"predominaram pwrspectivas pessimistas, pois a situação não está para optimismo."
Está, está! O Bardak dos 90´s já lá vai, agora só faltam 2 planos quinquenais para construir o homem novo euroasiático!
Pippo, recomendaria a Aeroflot, mas já lá vai. Nos últimos anos quase toda a gente que conheço voa pela Lufthansa (via Frankfurt ou Zurich) pois é possivel comprar bilhetes relativamete baratos com 1, 2 meses antecedencia e com ligações/transbordos curtos. Presumo que para lisboa seja igual. A TAP, como disse o Milhazes tem um voo directo (Lis), mas se não for comprado com bastante antcedeência costuma ficar caro. Aqui a estrategia convencional (agencia viagens) costuma ser a mais ecnómica, não há grandes vantagens em Low costs.
Para os aventureiros (e com tempo), é possivel (ou era, agora não sei preços) voar barato para Helsinquia e atravssar a fronteira terrestre para S. Petersburgo (comboio ou "marshrutka").
Estas são as alternativas que conheço, se alguém estiver mais actualizado quanto a low costs e afins, dispare ;)
... e aqui há alguns anos a KLM tinha os melhores preços/ligações, mas agora não sei, nos útimos tempos não tenho informação de que alguem venha or aí. Mas é a tal coisa - agência de viagens, a não ser que alguém tenha informação mais actualizada/interessante. Se calhar via bálticos, mas sempre que procurei viagens para aí, são mais caros que ir directo a moscovo (e depois apanhar o comboio para S. Petersburgo, que tambem convem comprar com a antecedência possivel, graças ao estúpido sistema de pricing via agências, que existe na Rússia)...
E é caro PM e não caro Pippo (peço desculpa, mas foi ler o comentário num dia e responder no dia seguinte, algures pelo meio, uma dissonância cognitiva...)
O meu "nom de guerre" é muito popular! :)
Quando fui para Moscovo voei pela British Airways. A ida foi pacífica, mas à volta tive de passar a noite em Heathrow, o que foi uma experiência.. enfim... "interessante", sobretudo a parte do dormir (se é que se pode chamar aquilo de dormir!) nos bancos de espera do aeroporto.
De manhã fui acordado pelo barulho produzido pelo pessoal da limpeza, indiano, que trabalha no local.
Caros,
Obrigado pelas informações/dicas.
Não me admira que no colóquio tenham predominado as opiniões pessimistas. Afinal, na actual tendência imperialista, era o mesmo que fazer-se na Rússia um colóquio sobre o futuro da UE ou dos EUA. Com o conflito Ucrânia a agudizar-se, é natural que a propaganda dos dois blocos também se centre na componente "desmotivação e desmoralização" do inimigo. Deja Vu, meus caros, Deja vu!
Optimismo por parte de vira-casacas? Nem pensar!
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