O
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou, em Fevereiro de 2013,
a criação de um compêndio único sobre a História da Rússia.
Agora, dá ordens para, até 15 de Agosto, que o novo livro seja
complementado com informações sobre Sevastopol e a Crimeia.
Em
Abril passado, numa reunião da Frente Popular Unida, um
representante de Sevastopol pediu a Putin que não se esquecesse
desse pormenor e o Presidente cumpre a palavra: “Estou convencido
de que assim será e os nossos historiadores não se esquecerão da
Crimeia e de Sebastopol em particular. Podemos e devemos educar os
nossos jovens nisso...”.
Ao
apresentar a ideia do compêndio único, Putin frisou que ele deve
estar “escrito em bom russo, não ter contradições internas e
interpretações duplas”.
Um
mês depois, o dirigente russo acrescenta que o compêndio deve ser
“uma versão canónica da nossa história” e chamou a atenção
para o perigo da “destruição do espaço humanitário uno da nossa
nação multinacional”.
Numerosos
historiadores têm feito duras críticas ao novo compêndio,
sublinhando que ele contém “eufemismos”, “falhas” e
incongruências. Por exemplo, o termo “jugo tártaro-mongol” foi
substituído foi substituído por jugo da Horda de Ouro, claro que o
objectivo é não insultar os tártaros e mongóis actuais!
No
compêndio não se fala da segunda guerra da Chechénia, dirigida por
Vladimir Putin entre 1998 e 2004, período em que o Presidente russo
considerava que os chechenos não tinham direito à autodeterminação,
como têm hoje os habitantes da Crimeia.
Entre
os actuais políticos russos, só Guennady Ziuganov, dirigente do
Partido Comunista da Rússia, e Vladimir Jirinovski, nacional-palhaço
e nazi, tiveram honra de serem lembrados. O magnata Mikhail
Khodorkovski aparece e escusado será dizer que adjectivos o
acompanham.
No
campo da cultura, figura o nacional cancionista Iossif Kobson, mas
esqueceu-se de Mstislav Rostropovitch.
Escusado
será dizer que, segundo o novo manual, na Rússia não há oposição.
Irina
Iarovaia, deputada patriótica histérica, já pediu compêndios
únicos de literatura e língua russa, que “visem não só dar
conhecimentos, mas formar a ideologia correcta”.
6 comentários:
Rússia, um país com um passado imprevisível.
Deve ser excelente ! Assim como o ocidente diz que venceu os alemaes...
Começo a pensar que as certezas dos ditadores valem na história mais do que as ideais dos efémeros intelectuais liberais.
O revisionismo não é típico da Rússia. Vejamos as versões da direita Portuguesa sobre o 25 de Abril e a ditadura fascista. Tal como sucede com a vitória dos EUA e ocidente sobre os Alemães (limitaram-se a deixar a URSS fazer o trabalho árduo), ou o que não se diz, nos compêndios ocidentais actuais, sobre a brutal repressão fascista na América Latina promovida pela CIA. Já para não falar da verdade única de que o governo "austeritário" e ultra liberal" é o único possível, aceitável e viável. O poder não aceita outra visão. Ou o que dizer da formatação ideológica que os nossos jovens sofrem nas universidades quando saem de lá a chamar "colaboradores" aos trabalhadores e "serviço" ao trabalho. Ou, o que dizer da jornalista da TVI que foi despedida por fazer uma reportagem sobre o financiamento governamental às escolas privadas em vez de investirem na escola pública. Não, meus caros, não é preciso ir tão longe. Basta ficar por cá... Agora, o nosso espelho é sempre "fosco"!
Não estou a ver bem onde está a falha.
Há incorrecções históricas?
Há "lavagens"?
Substitui-se o termo “jugo tártaro-mongol” pelo "jugo da Horda de Ouro". E então? O primeiro é mais correcto?
Nos nossos livros de História fala-se na escravatura dos "negros" ou dos "africanos", e não na escravatura dos "pretos". E nem pensar em falar na escravatura dos brancos cristãos às mãos dos muçulmanos peninsulares, aos quais só se tecem loas (as execuções e escravização em massa dos prisioneiros cristãos, cruxificações dos muçulmanos heréticos ou dos apóstatas, etc., são totalmente omitidas).
Não se fala na oposição? Ok, e daí? É um livro de História.
Se se trata de um manuel escolar, acho normal que seja único para todo o espaço russo. Os indivíduos que quiserem prosseguir o estudo e a investigação terão todas as oportunidades para confirmar e/ou desmentir o que aprenderam de antemão, tal como eu o fiz relativamente à História que é ensinada nas nossas escolas.
A mim parece-me bem!
- Horda de Ouro é um bom termo (e até "liberalmente" politicamente correcto.
- Acho que Sevastopol, cidade de Marinheiros Russos, nunca saiu dos progrmas de história na Rússia, apesar de ser desprezada pelos da Ucrânia Banderista. Alías, durante 2 décadas, Sevastopol Ucrâniâna, era uma cidade igual às outras na Ucrânia, e uma Cidade Militar Heróica da rússia. Diz Muito!
- No texto não ví nada que minimamente estranho, programas únicos, há aos monte neste mundo, patriotismo também (mouros escorraçados, françeses maus, ingleses bons até ao ultimato, ingleses maus, 1ªGM françeses bons, 2ª GM, todos maus e nós assim-assim, ultramar bom, colónias más, dependendo do ano em análise).
E acredito que o manual também não negue o genocidio arménio e o holocausto. E em Portugal? Genoquê??
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