Fora
da Rússia, os russos têm direito a tudo, mas, no seu próprio país,
têm direito a cada vez menos, principalmente no que diz respeito a
direitos políticos.
Bastou
que um grupo de pessoas tenha pedido autorização das autoridades
para uma manifestação a favor de maior autonomia, sublinho, nada de
independência, mas apenas autonomia, da Sibéria, para que o Kremlin
lançasse um forte ataque com vista a silenciar essa iniciativa.
Os
organizadores da manifestação, a realizar a 17 de Agosto em
Novossibirsk, a principal cidade da Sibéria, pediram autorização
para uma reunião de até 350 pessoas a fim de, segundo se lê num
comunicado dos organizadores, “realizar o seu direito
constitucional aos próprios órgãos do poder, mais independentes do
centro, e pôr fim à situação idiota quando todas as decisões
são tomadas pelo governo em Moscovo, onde não temos
representantes”.
Todavia,
os organizadores do evento sublinham defender a “criação de uma
República Siberiana Autónoma no seio da Federação da Rússia”.
Porém,
a Procuradoria-geral da Rússia ordenou o bloqueamento nas redes
sociais de qualquer informação sobre essa iniciativa, ordem que foi
cumprida de imediato pelo Facebook e Vkontakte.
Além
disso, o Comité de Controlo das Comunicações da Rússia
“recomendou” a 14 órgãos de informação do país a não
publicitarem “actos ilegais”, Na véspera, o jornal electrónico
Slon.ru retirou da sua página uma entrevista com Artiom Loskutin,
pintor de Novossibirsk e um dos organizadores da marcha.
Segundo
a nova lei recentemente assinada pelo Presidente Putin, os “apelos
ao separatismo” são castigados com penas que vão de trabalho
obrigatório até 480 horas de trabalho ou até seis anos de prisão.
Porém,
os separatistas pró-russos na Crimeia e no leste da Ucrânia
mereceram e merecem todo o apoio do Kemlin.
Ao
ocupar a Crimeia e ingerir-se abertamente no leste da Ucrânia, Putin
abriu uma caixa de Pandora extremamente perigosa para a Rússia.
“Disse
várias vezes que a guerra com a Ucrânia conduzirá a tendências
centrífugas e ao aumento do separatismo na Rússia. O bumerangue
volta sempre”, previne Boris Nemtsov, um dos líderes da oposição
russa.
Uma
clara política de dois pesos e duas medidas que põe e causa a
integridade territorial do país. Caso a Rússia enfraqueça
política, económica e militarmente, o Kremlin deve ter presente que
o país tem litígios territoriais com praticamente todos os
vizinhos.
3 comentários:
Se a Rússia começa a fazer cedências que podem ser perigosas desmembra-se novamente e perigosamente, o que seria o desejo dos EUA.Uma qualquer fragmentação do território russo que todos sabemos ser altamente desejado pelos seus inimigos seria sempre visto como uma vitória ocidental,e era-o de facto.É compreensível que estes problemas sejam vistos com cuidado extremo e caso a caso.É uma questão de sobrevivência.E Putin tem bastante cuidado com isso.É que se não for assim a Grande Rússia desaparece,e é num instante.Viu como caiu o império comunista,e eu até não sou adepto do comunismo,sou por isso completamente insuspeito.Qualquer deslize é o fim. Gorbachov não seria um traidor mas era um completo idiota.Não se mudam as coisas como ele fez.Não teve a menor inteligência nem apurado sentido de Estado e foi completamente "comido" pelo ocidente.Ieltsin sim,era inteligente mas traidor.Com Putin a situação é diferente,e sabe porquê JM,é que Putin para além de inteligente e homem de Estado não é parvo e muito menos idiota e vendido.E democracia não é sinónimo de inépcia e tarouquice.
O jornalista -dizem- que mais depressa vem a Lisboa fazer piadinhas com o expert em terminologia militar, não tém tempo para pegar no bloco de notas e ir até Rostov por exemplo, falar com os observadores OSCE ou dar um têtê a têtê com os militares Ucranianos que pedem asilo ao país agressor...este jornalista ainda, quando escreve Federação Russa, como por artes mágicas esquecesse-se da "Federação" .....
A situação na Ucrânia pode estar a degradar-se rapidamente.Este pedido de uma reunião urgente por parte da Rússia ao Conselho de Segurança da ONU não pronuncia nada de bom.E Maidan resultou nisto,a possibilidade de poder vir a haver uma guerra na Ucrânia que não sabemos como vai acabar.Podemos estar a assistir a um começo de guerra que pode arrastar-se a toda a Europa.Eu que não acreditava num envolvimento directo da Rússia na Ucrânia,pelo menos para já, tenho agora sérias dúvidas.Os EUA são inconscientes, não sabem lidar com o aparecimento de outras potências.Tudo o que está a acontecer tem a ver com a obsessão da América em comandar o mundo.Como isso está a começar a ser posto em causa o cerco começa e a Rússia não vai ficar-se e a China envolver-se-à numa 1ª fase a oriente e posteriormente a ocidente se for necessário ao lado da Rússia,disso não tenho dúvidas.Mas esta COWBOYADA,a acontecer, vai ser mesmo muito perigosa para o mundo e principalmente para a Europa a que pertencemos.
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