quarta-feira, outubro 29, 2014

Ucrânia deu mais um passo em direção à Europa?

As forças da Praça Maidan, que derrubaram o Presidente Victor Ianukovitch em fevereiro, venceram claramente o escrutínio, mas os eleitores deixaram vários recados aos novos dirigentes ucranianos.

Não obstante as eleições parlamentares na Ucrânia se terem realizado num clima de guerra e instabilidade política e económica, elas mostraram que a maioria dos eleitores apoiou as forças políticas pró-europeias e quer uma renovação do sistema político do país.
As forças da Praça Maidan (Independência), que derrubaram o Presidente Victor Ianukovitch em fevereiro passado, venceram claramente o escrutínio, mas os eleitores deixaram vários recados aos novos dirigentes ucranianos.
Primeiro, os ucranianos decidiram não “colocar todos os ovos no mesmo cesto”. O Bloco do Presidente Petro Poroshenko não conseguiu a maioria na Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia e terá de coligar-se para ter uma maioria sólida. Para surpresa de muitos, a Frente Popular, do primeiro-ministro Arseny Yatzenyuk e de Alexandre Turchinov, presidente do Parlamento, aparece em segundo lugar, transformando-se assim na força mais real a participar na nova coligação governamental. Porém, o Partido “Samopomitch” (Auto-ajuda), que surpreendentemente aparece em terceiro lugar, poderá também participar na futura coligação parlamentar.
Depois, as eleições mostraram também que a quase mítica ex-primeira-ministra da Ucrânia, Iúlia Timochenko, começa a passar à história. O seu partido “Pátria” supera com dificuldade a barreira dos 5%, mais um sinal de que os ucranianos querem a renovação da política. Além disso, e tendo em conta que Partido Radical e o Partido Svoboda tiveram também um resultado bem aquém do esperado, isto mostra que os ucranianos se demarcam dos partidos que apoiam abertamente a continuação da guerra no leste da Ucrânia.
O “Bloco da Oposição”, que reúne os dissidentes do Partido das Regiões, força política do ex-Presidente Ianukovitch e que não participou neste escrutínio, superou a barreira dos 5% e deverá ser  o centro de atração da oposição na Rada.
O Partido Comunista da Ucrânia, pela primeira vez nos últimos 96 anos, não elege deputados nos círculos maioritários. Isto deve-se, em parte, ao facto de as eleições não se terem realizado nas zonas ocupadas pelos separatistas e de os comunistas os apoiarem e estarem entre os seus dirigentes.
Piotr Poroshenko e a futura coligação governamental certamente não terão uma vida fácil, pois os problemas a resolver são muito grandes e delicados: no plano interno, é necessário fazer reformas económicas e políticas de forma a arrancar o país da crise em que se encontra, reduzir o poder dos oligarcas e combater a corrupção, mostrar que a Ucrânia é um país viável e não um mero acidente da história, como afirmam muitos dos ideólogos russos.
No plano externo, a tarefa titânica a resolver é normalizar as relações com a vizinha russa. Mais difícil do que a solução do pagamento do gás russo pelos ucranianos (problema que Piotr Poroshenko promete resolver em breve), será a travagem do separatismo no sudeste do país. E, aqui, o papel da Rússia é fulcral.
A reação do Kremlin aos resultados das eleições ucranianas é muito ambígua. Gregori Karassin, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, comentou: “as eleições, não obstante a campanha eleitoral bastante dura e suja, realizaram-se. A disposição de forças que se vislumbra talvez permita à direção da Ucrânia ocupar-se seriamente dos problemas fundamentais da sua sociedade”.
Quanto aos separatistas de Donetsk e Lugansk, estes consideram que as eleições na Ucrânia foram uma “farsa” e preparam-se para realizar os seus próprios escrutínios no próximo domingo, não escondendo que se trata de mais um passo para a separação desses territórios. Vladimir Putin diz ser pela integridade do país vizinho, mas dá horas de antena aos separatistas nos canais de televisão russos. Tantas que, por vezes, se fica com a impressão de que na Rússia já foram resolvidos todos os problemas internos, restando apenas “solucionar” os dos vizinhos.
Por isso, será precipitado esperar resultados positivos rápidos do escrutínio na Ucrânia

1 comentário:

Anónimo disse...

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