A discussão
sobre a presença de militares russos no Leste da Ucrânia voltou a
acender-se depois das tropas ucranianas terem capturado dois cidadãos
russos armados na região de Lugansk a 17 de Maio.
Kiev
difundiu vídeos onde eles reconhecem ser oficiais de uma brigada de
tropas especiais russas, aquartelada na cidade de Togliati, que
combatem ao lado dos separatistas pró-Moscovo.
O serviço
russo da BBC encontrou soldados que confirmaram que os dois
capturados são dois oficiais russos no activo.
Desta vez, o
Ministério da Defesa da Rússia volta a repetir o habitual
desmentido: reconhece que esses combatentes pertenceram às suas
forças armadas, mas que, actualmente, já não fazem parte delas.
O Presidente
da Ucrânia, Petro Poroshenko, declarou que, nos últimos meses, as
tropas ucranianas aprisionaram 80 militares russos em Donetsk e
considera que o conflito que tem lugar no Leste do seu país é uma
guerra entre a Ucrânia e a Rússia, e não contra separatistas.
Segundo ele, a guerra provocou a morte de 1800 soldados ucranianos e
mais de 7000 civis.
Dmitri
Peskov, porta-voz do Kremlin, apressou-se a desmentir as palavras do
presidente ucraniano num tom “lírico-dramático”: “Kiev conduz
uma guerra contra os seus próprios cidadãos, estes é que são
alvos dos tiros, morrem; talvez se deva falar disso em primeiro
lugar”.
Na
quarta-feira, activistas de um movimento anti-bélico russo
publicaram fotos de campas de três militares das tropas especiais
russas que morreram em combate no passado dia 5 de Maio no Leste da
Ucrânia.
Pelos
vistos, estes três “também já foram militares” e, como
comentou o Ministério da Defesa da Rússia em casos anteriores, eles
tiraram férias para irem combater no país vizinho.
Para cúmulo
do cinismo, o Presidente Vladimir Putin frisa que se trata de
“voluntários” e não de mercenários, pois não combatem por
dinheiro, mas sim por ideias.
Perante uma
Europa incapaz de resolver o que quer que seja, alguns analistas
consideram que o encontro do secretário de Estado norte americano
John Kerry com Vladimir Putin podia ter dado um novo impulso ao
processo de normalização na Ucrânia, levando Moscovo a recuar. Por
exemplo, na quarta-feira, foi congelado o projecto de criação da
“Novorrosia”, Estado que deveria juntar todas as regiões da
Ucrânia que alegadamente se querem separar desse país. Os seus
organizadores explicaram esse passo com o facto de ele não “se
enquadrar nos Acordos de Minsk-2”.
Porém, no
mínimo, é do interesse do Kremlin manter o conflito congelado. Fica
com uma alavanca de pressão sobre Kiev sempre que os dirigentes
ucranianos tencionem aderir à NATO e à UE. Além disso, o estado
actual do conflito não permite à Ucrânia concentrar-se na solução
dos seus problemas internos.
Quanto à
adesão à NATO e à UE, é curioso analisar as recentes declarações
de Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
Segundo ele, “os próprios países europeus falam disso com
bastante pouca vontade. Recentemente, na cimeira da Ucrânia-UE em
Kiev, foram aprovados documentos finais onde não há sequer uma
palavras sobre a perspectiva de adesão da Ucrânia à UE”.
Além disso,
Lavrov frisou que “nós não temos o monopólio da actividade no
espaço pós-soviético. Reconhecemos o direito dos nossos vizinhos,
antigas repúblicas soviéticas, mas hoje Estados soberanos, a uma
política externa multissectorial”.
Se assim é,
pergunta-se: então porque é que o Kremlin ocupou a Crimeia e parte
do Leste da Ucrânia?
P.S. O
chefe da Polícia de Trânsito da Ucrânia demitiu-se depois de terem
sido divulgadas fotografias sobre a vida de luxo da sua esposa e
filhas. Será que desta vez irão sanear uma das instituições mais
corruptas do país?
2 comentários:
Essa foto é fraca. fique antes com estas:
http://4.bp.blogspot.com/-CbBUQHuHVw0/VVtRlhK-7GI/AAAAAAAAEpY/WoYF8ewe1kY/s640/1778898406f25bfd475fc2e75960b48d.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-ScTgnmtkPXg/VVtcktrMLpI/AAAAAAAAEqE/W8bfjdeFpVY/s640/11136640_767388390045565_9212723292206034395_n.jpg
O que foi Kerry fazer a Sochi e Miss Cookies a Moscovo ? É retórica, não precisa de responder...
Se estes dois cidadãos eram militares Russos como diz. E qual o estatuto que atribui aos Georgianos que regressaram do Afeganistão e estão a combater no Donbass ?
“Se assim é, pergunta-se: então porque é que o Kremlin ocupou a Crimeia e parte do Leste da Ucrânia?”
Consegue contar isso melhor? Ocupar significa invadir !
Então explique qual o contingente militar Russo que participou na invasão da Crimeia e do Donbass, o numero de prisioneiros, de mortos, material destruído e capturado?
Os satélites ficaram todos cegos e os espiões foram de férias? Em falta desses meios de informação o jornalista José Milhazes como o cidadão mais bem documentado do mundo presta-se generosamente esclarecer os patetas .
Tanta competência é razão para exigir um aumento de passadio aos seus patrocinadores. Merece.
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