quinta-feira, junho 18, 2015

Até onde pode ir a paranóia “patriótica”?

                                
              Alexandre Prokhanov, um dos mais populares 
       rostos da actual propaganda do Kremlin 

Evgueni Fiedorov e Anton Romanov, deputados do partido “Rússia Unida”, principal pilar político do Presidente Vladimir Putin, decidiram, na terça-feira, pedir ao Procurador-Geral da Rússia, Iúri Tchaika, que analise a legitimidade das decisões tomadas pelo Soviete de Estado da União Soviética em 1991, nomeadamente as que dizem respeito ao reconhecimento da independência da Letónia, Lituânia e Estónia.
Nessa altura, esse órgão e o Presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov, constituíam os poderes máximos na URSS.
Segundo esses parlamentares “semelhantes decisões provocaram graves prejuízos na soberania, inviolabilidade territorial, segurança do Estado e capacidade de defesa do país, fizeram disparar os mecanismos de desintegração de um Estado único”.
Quem conhece minimamente os métodos e formas de tomada de decisão no regime de Vladimir Putin, compreende perfeitamente que esta proposta só podia aparecer graças a um sopro ou ordem do Kremlin, pois os obedientes deputados russos da “Rússia Unida” não são conhecidos pela sua ousadia em sectores tão sensíveis como a política externa.
Pelos vistos, Putin e a sua corte continuam a apostar nas ameaças, por enquanto verbais, em relação aos três países do Báltico que foram ocupadas pelo ditador José Estaline em 1939. Desta vez, parecem ir longe demais, pois, como é sabido, esses países são membros de pleno direito da NATO.
Por isso, a iniciativa dos deputados deverá ser recusada pelo Ministério da Justiça, o que parece ser o mais provável, mas a ameaça fica no ar.
E, depois de tiradas como estas, ainda há pessoas, dentro e fora da Rússia, que ficam ofendidas com os receios manifestados pelos povos da Letónia, Lituânia e Estónia face à ameaça de uma invasão de tanques russos.
Uma coisa é certa: a propaganda militarista, anti-ocidental e xenófoba é uma realidade cada vez maior nos canais públicos de televisão russos, o principal meio de informação da população do país.
Aqui fica um exemplo. No passado 14 de Junho, Alexandre Prokhanov, conhecido escritor e político nacional-comunista, forte apoiante da política externa do Presidente Putin, declarou num popular programa de televisão: “Eu considero que é melhor uma Terceira Guerra Mundial do que uma “perestroika-2” [a “perestroika-1” (reestruturação) constituiu o processo de reformas levado a cabo por Mikhail Gobatchov entre 1985 e 1991]... Durante a “perestroika-2 perecerão a Rússia, a China e todo o resto do mundo...” .
Claro que me podem dizer que se trata das palavras de um “louco extremista”, mas a verdade é que a propaganda oficial está a multiplicar rapidamente o número de pessoas que pensam dessa maneira.




3 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Milhazes na Finlândia há sentimentos semelhantes, infelizmente, muito evidentes. Nato, Rússia, EUA, UE são td doidos e mercenários a soldo de interesses obscuros...
Cá estaremos para ver onde esta ´´ brincadeira`` de parte a parte vai dar.

Ricardo Fernandes

Anónimo disse...

Com tantos lacaios por toda a Europa fica difícil haver suporte a Ucrania:

http://www.voxeurop.eu/pt/content/article/4839331-todos-os-amigos-de-putin

Anónimo disse...

Prokhanov não é militante ou simpatizante do PNB, Partido Nacional Bolchevique? Coloca os ovos todos no mesmo cesto! Assim dá um acervo de radicalismo ao todos os comunistas. O ´J M é habilidoso.