quarta-feira, setembro 30, 2015

Haverá ligação entre a crise na Síria e a queda do Boeing malaio na Ucrânia?

      



        Por muito cínica que possa parecer esta tese, não se pode excluir a possibilidade de toda a intensa actividade do Kremlin em torno da Síria visar também desviar as atenções da opinião pública russa e internacional das conclusões da comissão internacional sobre as causas do derrube do avião malaio nos céus da Ucrânia, em Julho do ano passado.
      O Boeing 777 foi derrubado no espaço aéreo da região controlada pelos separatistas pró-russos, provocando a morte de 298 pessoas.
        Nos últimos dias, foi anunciado que a comissão internacional que investigou a tragédia tenciona entregar ao Conselho de Segurança da ONU, no próximo 13 de Outubro, as conclusões a que chegaram os seus peritos. Os países envolvidos na investigação: Holanda, Ucrânia, Malásia e Austrália, já propuseram a criação de um tribunal internacional com vista a julga e a condenar os autores do crime.
        Ora a Rússia, como parte activa do conflito no Leste da Ucrânia (não obstante todos os desmentidos), recusou imediatamente essa ideia e vetou uma resolução do CS da ONU nesse sentido, alegando a parcialidade de semelhante tribunal.
       Nesta situação, a decisão do Presidente Putin de pedir aautorização ao Conselho de Segurança da Federação da Rússia (Câmara Alta) do Parlamento Russo poderá ser interpretada como mais uma forma de concentrar as atenções nos passos rápidos da direcção russa na Síria. Isso aumenta a popularidade do dirigente russo entre a opinião pública e mundial, surgindo como aquele político que faz aquilo que outros (Barack Obama, François Hollande ou Angela Merkel) não conseguem fazer: tomar medidas reais para travar o Estado Islâmico.
        Rigorosamente falando, Vladimir Putin violou a Constituição do seu país, pois, e isto já não é segredo para ninguém, enviou aviões militares e pilotos para apoiar o regime sírio do Presidente Bashar Assad ainda antes da autorização unânime dos obedientes senadores russos. Claro que Moscovo poderá continuar a alegar que apenas enviou armamentos e conselheiros militares em conformidade com o acordo de ajuda mútua assinado entre a Rússia e a Síria.
        Além do mais, o Kremlin parece estar a repetir no conflito sírio a táctica que empregou e emprega no Leste da Ucrânia. Segundo o diário russo “Kommersant”, na Rússia começou o recrutamento de voluntários que desejem ir combater ao lado das tropas de Assad contra a oposição síria e o Estado Islâmico. Estão prontos a embarcar para o Iraque 12 combatentes com experiência da guerra na Chechénia e de outros conflitos e, em Outubro, poderão ser enviados dezenas para a Síria.
        Desse modo, Putin pretende não só à “vanguarda” da luta contra o terrorismo, mas também suavizar o impacto da notícia sobre o derrube do Boeing, caso ela seja desfavorável ao Kremlin e fique provado que o aparelho malaio foi atingido por um míssil russo fornecido aos separatistas russófonos. Em Moscovo há fortes receios de que esse será o veredicto da organização internacional.

        É evidente que, actualmente, Vladimir Putin está a jogar em vários tabuleiros, em alguns dos quais partidas de alto risco. O futuro próximo irá mostrar a mestria das suas jogadas: a Síria não é a Crimeia, nem a Ucrânia. O conflito sírio traz à memória o “fantasma do Afeganistão”, uma das principais causas do fim da URSS.

3 comentários:

antónio m p disse...

Por muito cínica que possa parecer essa tese, ela é mesmo cínica. O que menos o preocupa é que o "Estado Islâmico" seja derrubado ou não.

johnata lima disse...

esse blog é patrocinado pelos eua. e vc se acaha o dono da verdade tamanho zé mané.

Anónimo disse...

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