Enquanto cliente da Caixa Geral de Depósitos e cidadão
português, estou farto de assistir a uma tragicomédia que parece estender-se
sem um fim à vista. É nestes casos que apetece dizer: mete nojo!, até diria: provoca náuseas, vómitos!
Por este andar, fico cada vez mais convencido de que este
Governo diz uma coisa e faz outra, ou seja, diz que quer que a CGD continue a
ser pública, mas faz com que ela se afunde de forma a, depois, ser privatizada
por uns tostões.
Ligo o televisor e a rádio e não há dia que passe sem
revelações sobre o “caso CGD”. Passo os olhos pelos jornais e vejo a mesma
coisa. Se a minha conta na CGD fosse muito recheada, já deveria andar a ver
pesadelos durante a noite e a sentir-me deprimido durante o dia. Mas, mesmo
assim, não há mais paciência para assistir a este espectáculo degradante.
Num Estado que diz ser de direito, anda-se meses a discutir
se se deve cumprir a lei ou não, ou seja, se os novos gerentes da CGD devem
entregar ou não as suas declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional e
se eles ficarão acessíveis a consulta ou não. Mais do que ridículo, isto é
muito grave, pois atira por terra qualquer confiança dos cidadãos nas
instituições. Como se costuma dizer: “quem não deve, não teme!”.
Mas as coisas tornam-se ainda mais vergonhosas quando se vem
a saber que alguém do Governo de António Costa fez promessas à nova equipa de
gerentes que vão contra as leis vigentes.
A telenovela já ia longa quando se veio a saber também que
António Domingues, actual presidente da CGD, foi mandato pelo Governo para ir a
Bruxelas realizar conversações sobre o futuro do banco público quando ainda era
administrador e vice-presidente do BPI, o que pode ter provocado conflitos de
interesses.
E o caso arrasta-se, arrasta-se… Não compreendo que haja
ainda investidores estrangeiros sérios que queiram empregar o seu dinheiro num
país com um sistema bancário que se aproxima do surrealismo. A não ser que não
tenham mais lugar onde empregar os seus capitais. Mas compreendo que esta
situação atraia os “transportadores” de malas com milhões de euros de
proveniência duvidosa, tanto mais que o trabalho destes é facilitado pela
existência de notas de 500 euros e de “homens de negócios” que estão dispostos
a receber qualquer tipo de dinheiro, por muito sujo que seja. Afinal, não foi o
Imperador Vespasiano que disse que “o dinheiro não tem cheiro!” e ainda
existirem “produtos bancários”, peço desculpa, queria dizer “produtos
químicos”, que “lavam mais branco?
E o mais grave é que somos nós os contribuintes que temos de
financiar este circo, e não aqueles que realizaram uma gestão ruinosa da Caixa
Geral de Depósitos. Se eu me atraso um dia no pagamento de um qualquer imposto,
sou imediatamente castigado sem dó, nem apelo.
Mas nada acontece àqueles que devem milhares e milhares de euros à CGD.
Porque razão?
Depois, senhores governantes, não fiquem surpreendidos com as
vitórias de populistas tresloucados nas eleições. Sois vós que criais esses
monstros políticos, só não sei bem porque razão: será que pensais escapar
quando as coisas derem para o torto ou não tendes pena de nós, cidadãos comuns,
nem dos vossos filhos e netos.
Não sei o que será preciso acontecer para que os governantes
olhem para os cidadãos com o mínimo de seriedade e respeito.
Ainda pensei retirar o pouco que tenho da CGD, mas coloco a
pergunta: e onde o vou guardar? Debaixo do colchão?
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