Ainda não será desta
A conversa telefónica de Pompeo e Lavrov a nada levou. As posições da Rússia e dos Estados Unidos continuam a ser completamente divergentes. Se os últimos querem que a Rússia saia da Venezuela e leve consigo Maduro, Moscovo exige o fim das ingerências internacionais. Por detrás de Putin está a China que, como sempre, faz o seu próprio jogo.
Uma situação muito semelhante àquela que se formou quando a Rússia interveio militarmente na Síria para salvar o regime de Assad. Embora, desta vez, a operação seja feita "nas barbas" dos Estados Unidos, estes já não são o que eram e, por isso, uma intervenção militar é improvável e perigosa.
No terreno, é evidente que os apoiantes de Gaidó não conseguiram mais uma vez trazer para seu lado as Forças Armadas venezuelanas, mas Maduro parece também não controlar os militares de forma a ordenar-lhes esmagar a oposição.
Esta situação poderia ser a ideal para que os militares venezuelanos façam um "25 de Abril". Tomam o poder, distanciam-se das forças políticas e transformam-se em garante da transição para a democracia na Venezuela, mas as chefias militares parecem estar mergulhadas na corrupção, no tráfico de droga, o que torna difícil este cenário.
Desse modo, o povo venezuelano vai continuar a sofrer por tempo indeterminado, pois a segunda tentativa de Gaidó fracassou: erros de cálculo.
A política da União Europeia neste campo tem sido vergonhosa, pois a diplomacia espanhola não se farta de fazer asneiras e a levar os restantes europeus atrás de si. Os Estados Unidos, no campo da política externa, têm receio dos resultados das suas possíveis acções e Trump já mostrou ser um Presidente que não quer ou não sabe como resolver os graves problemas internacionais.
Do outro lado, a Rússia e a China esfregam as mãos de contentes. A primeira, porque está convencida que os seus interesses estão protegidos e a segunda, porque a Rússia adora fazer a política da "retirada das brasas do fogo".
Realmente, o mundo deixou de ser o que era e estamos perante uma guerra fria estranha e complexa.
2 comentários:
Não é possível comentar um assunto como estes com real seriedade sem referir o brutal embargo a que o país está sujeito, quais as consequências habituais de uma acção militar norte americana (Libia, Iraque, Vietname, etc). Não é possível ser maniqueísta numa questão como esta. Não se condena um extremo para abraçar outro.
Se Guaidó fracassou não foi por um "erro de cálculo" mas sim porque não tem apoio no povo venezuelano. Não é por outra razão que está sempre a apelar ao apoio (ingerência) internacional. É tudo o que tem.
Também por força destas circunstâncias é que agora vão aparecendo cada vez mais as "forças moderadas da oposição" que estiveram até agora adormecidas... à espera dos resultados das tácticas violentas internas e internacionais.
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