Quando chegam, contentes e felizes, porque acabou a guerra e se vão colocar os capacetes azuis no terreno, os Russos dizem: “não, não. No Tratado está escrito que os observadores da OSCE ficam, mas só do lado da Geórgia, no território da Ossétia do Sul e da Abecásia não há capacetes azuis para ninguém”.
A Europa, os Estados Unidos e a NATO viram-se obrigados a aceitar, até que, nessa altura, Vladimir Putin faz, paralelamente , uma política internacional bastante ativa e até virada para uma cooperação com a Europa e a NATO, cooperação essa que se intensifica, com a cimeira da NATO-Rússia, em Portugal em 2010, ou com os acordos que foram assinados e a cooperação especial e particular entre a NATO e a Rússia, para se pensar, naquela altura, que as coisas estavam a avançar no bom sentido.
E estavam a avançar no bom sentido, estávamos muito perto de suspender o sistema de vistos entre a Rússia e a União Europeia, medida que defendo porque considero que quanto mais russos viajarem melhor é para eles e para a humanidade: Mas dá-se uma coisa, para muitos inesperada, que se chama a Invasão da Crimeia.
Na minha opinião, a invasão da Crimeia foi uma tentativa da Rússia “esticar a corda sabendo que ela não ia rebentar”, porque a Ucrâni não faz parte da NATO e o artigo quinto não poderia ser acionado.
Há um momento importante ao longo da História que nos esquecemos quando estamos a tratar com a Rússia, há muitos que pensam que a Rússia é um país normal. Mas a Rússia não é um país normal, a Rússia é um continente, a Rússia é um país gigante, cujos cidadãos e dirigentes têm uma estrutura mental um pouco diferente da nossa, podemos chamar de imperialista, podemos chamar de supremacia espacial (no sentido de espaço), mas isso está no ADN dos russos e é com isso que nós devemos trabalhar.
Em 2004, deu-se a chamada revolução laranja na Ucrânia.
Criou-se uma grande “novidade” e “precedente” na democracia ucraniana e mundial, que foi fazer uma terceira volta das eleições presidenciais. E para quem esteve lá e acompanhou esse período, foi um acontecimento completamente surrealista!
Quando os ucranianos pensaram que a União Europeia e os Estado Unidos os iam apoiar economicamente, etc. enganaram-se redondamente, tal como se tinha enganado a Rússia, uns anos antes.
E isto levou a uma segunda revolta, em 2013.
E aqui dá-se um momento muito importante.
O presidente Víktor Ianukovitch, depois de fortes pressões, nomeadamente da Rússia, assina um acordo com três ministros dos negócios estrangeiros da União Europeia, onde garante que os manifestantes vão para casa e ele vai realizar eleições presidenciais e parlamentares antecipadas, que era o que os manifestantes queriam.
Assinou o acordo, mas “ainda a tinta não tinha secado”, ou seja, no dia seguinte, Ianukovitch, teve que fugir para não acabar como acabou Kadafi. Ou seja, a União Europeia, os três representantes da União Europeia que assinaram o acordo, não se responsabilizaram pelo seu cumprimento.
Chega ao poder, na Ucrânia, gente que poderia querer a democracia e a integração europeia, ou aquelas coisas que dizem para aos europeus acreditarem neles, mas não respeitaram o acordado, o que constituiu um verdadeiro insulto à Rússia. E a União Europeia também não garantiu coisa nenhuma.
E Putin deve ter decidido assim: “ai vocês fazem assim, então eu também posso fazer!”, e leva a cabo a operação de ocupação da Crimeia e, posteriormente o Leste da Ucrânia. E isto, na minha opinião, constitui o momento de ruptura nas relações internacionais, porque a Rússia deixou claro que estava disposta a usar a força na defesa da sua zona de influência.
(Continua)
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