O Báltico não faz parte dos planos russos, em termos de zona de influência, por enquanto, e não faz porque o Báltico já faz parte da NATO.
E a partir dessa altura os russos, as Forças Armadas russas, que sofreram um longo processo de modernização realizado por Putin, e de rearmamento, apesar de não ser totalmente convincente a existência dos mísseis invisíveis, a verdade é que as Forças Armadas russas são, hoje, incomparavelmente mais fortes que as Forças Armadas russas de há 10 ou até 20 anos atrás.
Nesta situação, a Rússia viu-se debaixo de sanções. Na minha opinião, se essas sanções duríssimas, tivessem sido tomadas em 2008, nós talvez não estivéssemos agora a falar da invasão da Crimeia, mas como na História não há lugar a Ses, o que está feito, está feito.
Com consciência desta capacidade (mais fortes que há 10 ou até 20 anos atrás) a Rússia começa a tentar entrar nos pontos mais vulneráveis em termos internacionais, e a aproveitar-se das contradições entre os Estados Unidos e a Europa, ou entre os Estados Unidos a Europa e outros aliados em termos locais, para fazer uma nova política internacional. Nova para os russos.
Antes de continuar quero realçar algumas questões importantes, uma questão sobre o Extremo Oriente, o Japão vai-se manter a ver as quatro ilhas Curilhas por um canudo, porque apesar dos russos terem andado muito tempo a “vender” ao Japão a ideia de que até poderia chegar a um acordo, a verdade é que não vai haver acordo nenhum ali, porque a Rússia não vai ceder nada ao Japão; a questão da Coreia do Norte e do Sul, que é uma questão que tem muita importância na diplomacia Russa, porque como sabemos a Rússia tem fronteira com a Coreia do Norte e é uma fronteira vital, até para a própria Coreia do Norte. A questão é que todos dizem que querem a reunificação da Coreia, mas a verdade é que há poucos os que realmente querem a reunificação da Coreia… Claro que a Rússia é daqueles que não quer a reunificação da Coreia, a China também não, e o Japão “idem, idem, aspas, aspas”.
Ou seja, na reunificação da Coreia estarão interessados os EUA e a própria Coreia do Sul. De resto ninguém quer ver uma Coreia poderosa, ao nível de que se acontecer alguma coisa, certamente ninguém quer que aconteça na Coreia o que aconteceu na Alemanha, ou seja, quem vence é a República Federal Alemã e nunca a República Democrática Alemã, porque são duas economias completamente desequilibradas e não havia possibilidade de equidade, e na Coreia também não há, não pode haver uma integração entre iguais.
Aliás, pessoalmente até gostaria de assistir a essa “matrioska”, mas já não deve acontecer “nos meus dias”, que é colar o socialismo coreano com o capitalismo coreano, que deveria ser um acontecimento histórico absolutamente impressionante.
Depois, naquela zona temos a famosa, nos dias de hoje, “aliança” entre a Rússia e a China, o que considero ser uma espécie de “história da carochinha”, e assim o é porque se for uma aliança é uma aliança entre uma potencia gigantesca do ponto de vista económico e militar, e uma potencia militar com pés de barro, que não é potencia económica, não pode haver uma aliança igual entre a Rússia e a China. Claro que a China pode utilizar o trunfo da aliança com a Rússia nas suas relações com os Estados Unidos, o que é normal, mas se Donald Trump tiver a capacidade de chegar a um acordo com a China, esta não vai fazer nenhuma aliança com a Rússia, tendo em conta os interesses norte-americanos na China e os interesses chineses na América do Norte. Essa aliança poderá, eventualmente, ter lugar se se comportarem com a China de tal forma que os chineses fiquem encurralados. Há acordos pontuais entre Moscovo e Pequim. A China tem garantido por parte da Rússia combustíveis e, mais tarde, poderá tê-los até a preços mais favoráveis, quando os gasodutos estiverem construídos e o gás começar a correr para a China, esta terá alguma capacidade de ditar à Rússia o preço do combustível que compra.
(Continua)
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