Texto publicado na Lusa por Pedro Sousa Pereita:
"Os arquivos da PIDE-DGS sobre as relações entre a
polícia política portuguesa e os serviços secretos ocidentais foram
retirados de Portugal pelo KGB com a colaboração do PCP, escreve o
historiador José Milhazes num livro sobre a revolução.
O autor de
“Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril” escreve que os arquivos da PIDE-DGS
que foram levados para Moscovo permitiram aos serviços secretos
soviéticos não só aceder a informação sobre Portugal mas também
identificar uma “toupeira” da CIA no KGB.
A trama explicada por
Milhazes, historiador e correspondente da Lusa em Moscovo, no livro que
vai ser lançado no dia 13 na Póvoa de Varzim, indica que, em meados dos
anos 1970, quando em Portugal reinava o “caos revolucionário”, o PCP,
com a ajuda dos “correligionários nos serviços de segurança”, roubou
parte dos arquivos da PIDE.
Milhazes escreve que, ao analisar as
fichas dos agentes dos serviços secretos norte–americanos contidas na
documentação da PIDE, o general Oleg Kaluguin, antigo agente do KGB,
descobriu o apelido de “uma dama” (Pilar Suarez Barcala) que conseguiu,
na Colômbia, envolver numa história de amor, e, depois, de espionagem, o
diplomata soviético Ogorodnik, mais tarde desmascarado em Moscovo como
espião da CIA (página 38).
José Milhazes conta ainda o episódio
vivido por um agente soviético, Guenrikh Borovik, que, passando por
jornalista, em maio de 1974, entra com “facilidade” na sede da PIDE em
Lisboa, na companhia de um português, tendo “roubado” o próprio cartão
de identidade de Silva Pais, o diretor da então polícia política, apesar
de ter sido revistado pelos militares do Movimento das Forças Armadas
que guardavam o edifício.
“A tentação de desviar os arquivos da
polícia política portuguesa para a URSS, com a ajuda do PCP, podia ter
surgido devido a relatos” como esse que demonstram a facilidade com que
“se entrava nas instalações da PIDE em Lisboa ou na prisão de Caxias”,
escreve Milhazes no livro “Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril”.
“Os
arquivos (da PIDE) continuam em Moscovo, apesar de a Rússia dizer que
não tem nada, o que é fácil de compreender porque a Rússia naquela
altura fez um ato ilegal. Porque foi um roubo. Eu no meu livro apresento
elementos que mostram que, efetivamente, os arquivos foram para Moscovo
e que foram utilizados pelos serviços secretos soviéticos. A parte que
falta dos arquivos da PIDE - aquela que foi levada para Moscovo - diz
principalmente respeito aos contactos internacionais da polícia política
portuguesa”, disse José Milhazes.
“Cunhal, Brejnev e o 25 de
Abril – Como a União Soviética não quis a revolução socialista em
Portugal” de José Milhazes (Editora D. Quixote, 205 páginas) é
apresentado na Póvoa de Varzim no dia 13 e no dia 24 em Lisboa."
9 comentários:
Comprei o seu livro, já fiz referencia no face, publicando a face do mesmo. Alem de um comentário sobre as contradições da atual direção do pcp sobre o fracasso do regime soviético. Não aprendem nada com os erros. Venham mais livros. Abraço
PS. Tenho aí um filho em Moscovo a trabalhar na Adecco.
Comprei o seu livro, já fiz referencia no face, publicando a face do mesmo. Alem de um comentário sobre as contradições da atual direção do pcp sobre o fracasso do regime soviético. Não aprendem nada com os erros. Venham mais livros. Abraço
PS. Tenho aí um filho em Moscovo a trabalhar na Adecco.
Aqui estão as fontes do genial José Milhazes:
E é assim que, desta vez a pretexto de umas fantasias constantes do livro de um ex-arquivista do KGB que resolveu fazer-se pagar-se em dólares ou libras pela sua conversão, aí está a reposição no essencial da revoada de caluniosas acusações contra o PCP e os comunistas portugueses que, para não ir mais atrás, tiveram largo curso mediático no Outono de 1994, então em torno das alegadas «revelações» contidas no livro do espião Oleg Kaluguin, também ele convertido em assalariado das campanhas anticomunistas.
JM
Anónimo, a velha táctica comunista. Não leu ainda o livro e já está a caluniar, não aprendem mesmo nada.
Ha muitos anos que sigo e leio o seu blog e tenho aprendido imenso. Aprecio a sua objetividade e analise.
Dia 13 estarei na Povoa.
Cumprimentos
A. Martins
Não faça verdades a partir de pressupostos. A velha tese de que os arquivos da PIDE foram para Moscovo é uma falsidade. A leitura do livro nunca pode transformar uma mentira numa verdade.
Para quem se fez à conta do Partido Comunista o que pretende agora na qualidade de arrependido? Renegar o passado? Pode fazê-lo sem se arvorar em "historiador".
JM
No seu livro está datada a operação de transporte dos arquivos de Lisboa para Moscovo? Tenho a informação de que foram da António Maria Cardoso, em duas camionetas, para o aeroporto de Lisboa, onde embarcaram num avião da Aeroflot. Ao dispor
Manuel Bernardo
Caro Manuel Bernardo, não tenho datas precisas, mas penso que teria sido logo a seguir ao 25 de Abril: Maio ou Junho.
Caro José Milhazes:
A minha fonte (grande credibilidade) diz que foi de facto no fim da primavera, princípio do verão, mas de 1975.
Poderá ver aí em Moscovo, se as suas fontes podem confirmar a chegada dos referidos arquivos?
De facto, em 1975, o PCP tinha mais força do que em 1974, sendo assim possível que tal operação tivesse maior êxito neste ano.
Para qualquer contacto mais sigiloso pode usar este meu email:
manuel.bernardo.258@gmail.com
Ab
Manuel Bernardo
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