A partir de hoje, 7 de Maio, o Governo Russo proibiu a venda de água mineral georgiana Borjomi no território do seu país. A decisão foi assinada pelo chefe dos Serviços Sanitários da Rússia, Guennadi Onischenko, que, umas semanas antes, proibira a entrada de vinhos e conhaques da Geórgia e da Moldávia, dois dos antigos países da União Soviética.
"Esta minha decisão deve-se, antes de tudo, ao facto de, nos últimos dias, além dos lotes de Borjomi já descobertos, terem sido descobertos mais lotes, cuja qualidade da água não corresponde ao que vem escrito nas etiquetas e às normas sanitárias em geral" - justificou Guennadi Onischenko.
O Governo de Tblissi, porém, considerou essas proibições como mais uma medida do Kremlin no sentido de sufocar economicamente a Geórgia. "A decisão de proibir a entrada de água mineral Borjomi na Rússia é claramente política, pois não tem qualquer base real" - declarou Nino Burdjanadzé, presidente do Parlamento da Geórgia.
Esta suposição de Nino Burjanadzé é corroboada por Natália Petrova, especialista no controlo de qualidade de águas minerais do Centro de Medicina de Reabilitação e Balneologia da Rússia.
"Depois de 2000, a regularização do sistema de controlo das águas minerais, desde o produtor até ao consumidor, mudou tudo. As falsificações deixaram de vir da Geórgia e são todas feitas em território russo" - declarou a especialista russa, acrescentando que quaisquer declarações [de Guennadi Onischenko] a tão alto nível não se devem basear em generalizações, mas em factos concretos... Penso que se trata de um passo mau e não muito inteligente".
Segundo a Georgian Glass & Mineral Waters, empresa que produz e exporta a água Borjomi, uma das mais procuradas na Rússia devido às suas qualidades medicinais, o mercado russo absorvia 50% da produção total.
Quanto à proibição da venda de vinhos georgianos na Federação da Rússia, trata-se de mais um duro golpe na economia georgiana. O vinho constitui 10% das exportações anuais da Geórgia, no valor aproximado de 80 milhões de euros, sendo 3/4 vendidos no mercado russo. Após o embargo de Moscovo, os exportadores georgianos procuram desesperadamente novos mercados para os seus produtos.
Deste modo, o Kremlin tenta castigar os governos dos países vizinhos que não pretendem continuar na sua órbitra. O Presidente georgiano, Mikhail Sakaachvili, não esconde a sua vontade de se aproximar da NATO e da União Europeia. Moscovo responde não só com represálias de índole económica, mas também políticas, apoiando, nomeadamente, governos separatistas nas regiões georgianas da Abkházia e da Ossétia do Sul. O mesmo se pode dizer da Moldávia, onde a Rússia apoia os dirigentes separatistas da região moldava de Transdnistria. Em Janeiro passado, o Kremlin tentou castigar a política pró-ocidental da Ucrânia com o aumento brusco do preço do gás.
Hoje, delegações da Geórgia e da Ucrânia estão reunidas em Tbilissi para discutir a questão da saída desses dois países da Comunidade de Estados Independentes, organização que congrega 12 das 15 repúblicas da antiga União Soviética.
2 comentários:
Ao ler estas linhas e ao ouvir várias noticias nos diversos meios de comunicação começo a pensar que o comunismo afinal não está assim tão adormecido como pensava. Talvez não exista o comunismo puro de outrora mas sim uma espécie de neo comunismo. A Rússia e o seu poderio energético começam a ditar certas e determinadas regras aqui e ali. O ocidente já vê isso mas quem sofre as consequencias na pele são os membros da Comunidade de Estados Independentes.
A Ucrânia e a Geórgia querem o melhor de dois mundos, para isso têm mantido uma politica "imoral" de sorrir ao ocidente e estender à mão à Rússia.
A mim o que me causa espanto é este tipo de politicas não ter sido utilizada mais cedo pela Rússia!
Bloqueios e protecionismos económicos, fazem parte da normal politica de todos os países, nomeadamente os EUA, mesmo com a Europa (CEE), por isso não vejo qual a razão para indignação.
São a moderna e pacifica variante à velha imposição pela força militar.
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