quinta-feira, agosto 03, 2006

Ícone roubado no Hermitage foi encontrado num caixote do lixo


Um dos ícones mais valiosos roubados recentemente do Museu Hermitage de São Petersburgo foi encontrado dentro de um caixote do lixo dessa cidade russa. "Hoje, às 12 horas, recebemos uma chamada anónima em que nos foi comunicado que o ícone se encontrava num caixote do lixo do centro da cidade" - informaram as autoridades policiais da antiga capital dos czares, acrescentando que "o ícone, "A Catedral de Todos os Santos", estava dentro de um saco plástico e separado da sua moldura, mas encontra-se em bom estado".
O valor da obra de arte - com moldura de prata, ornamentada com ouro, esmalte, cinco esmeraldas, quatro safiras, duas turquesas e outras pedras preciosas - ronda os 300 mil euros.
Este tipo de crime em relação aos ícones russos é muito frequente, pois os ladrões retiram aquilo que pode ser mais facilmente vendido como as pedras e metais preciosos que decoram a pintura, tentando despistar assim as autoridades policiais.
A peça, tal como as restantes 221 desaparecidas dos fundos do Museu Hermitage, não tinha qualquer tipo de seguro. Mikhail Piotrovski, director do museu, declarou que o valor das peças roubadas não supera os cinco milhões de euros, mas avaliadores independentes falam em cem milhões.
Este escândalo traz à memória um triste acontecimento ocorrido em 15 de Julho de 1985, quando Bronius Maigus, lituano de 48 anos, atirou ácido sulfúrico contra a "Danae" de Rembrant, uma das pinturas mais famosas no mundo.
Além disso, em 1994, os ladrões levaram um jarro egípcio de ouro do séc. III a.C., avaliado em quase 500 mil euros, o mesmo tendo acontecido em 2001 ao quadro "Piscina no harém" (1876), de Jean-Léon Gérome, e a um jarro do séc. XIX. Nenhuma das obras foi até hohe recuperada.
É necessário assinalar que, durante "a transição do socialismo para o capitalismo" na Rússia, fizeram-se fortunas gigantescas em poucos anos. Os novos-ricos transformaram o mercado de obras de arte e antiguidades um dos mais rentáveis no país, por isso não é de espantar o aumento significativo de roubos de peças de museus e igrejas.
Ora, na Rússia, não obstante os milhares de obras de arte que os comunistas venderam nos anos 20-30 do séc. XX, ainda há muitas obras-primas mal guardadas. Por exemplo, o Museu Hermitage, fundado em 1764 pela czarina Catarina II, tem na sua exposição e caves cerca de 3 milhões de peças, entre as quais pinturas originais de Leonardo Da Vinci, Pablo Picasso, Francisco de Goya, Rafael. Velazquez, Miguel Angelo, Eduard Manet, Henri Mattisse, além de uma quantidade infindável de peças de joalharia e ícones russos.
Isto porque os czares, imperadores, nobres e burgueses russos podem ser acusados de numerosos "pecados", mas é preciso reconhecer que canalizavam parte dos seus dinheiros para adquirir obras de arte russas e estrangeiras.


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