O Presidente da Rússia, Vladimir Putin ordenou a realização de um inventário aos museus nacionais, na sequência do roubo de 221 objectos do Museu do Ermitage, em São Petersburgo. O inventário deverá ser realizado a partir de Setembro por uma comissão composta por membros do Governo e das forças de segurança da Rússia.
A polícia de São Petersburgo já deteve três pessoas, entre as quais o presumível cabecilha do grupo que organizou o roubo e escoamento dos objectos do Ermitage, e anunciou ter recuperado 15 peças, algumas devolvidas voluntariamente por antiquários, outras deixadas nos locais mais insólitos por anónimos. Ontem, foram encontrados uma cruz em ouro e prata e dois ícones, com um valor estimado em 78 mil euros, numa estação ferroviária da cidade. Uns dias antes, algumas das obras furtadas apareceram num caixote do lixo de uma esquadra da polícia que investiga o furto e duas outras foram descobertas no centro de São Petersburgo.
Os peritos do Museu do Ermitage avaliaram o valor das obras desaparecidas em cerca de 4 milhões de euros, mas avaliadores independentes falam de mais de 78 milhões de euros.
Também nesta semana, foi descoberto o roubo de centenas de desenhos do arquitecto russo Iakov Tchernikhov do Arquivo Estatal de Literatura e Arte da Rússia, avaliados em mais de um milhão de euros. Ainda não se sabe ao certo quantas obras deste artista desapareceram, mas as autoridades dizem já ter recuperado 274 desenhos.
Poucos são os que duvidam que se for realizado um rigoroso inventário aos museus russos, surgirão muitas surpresas desagradáveis, porque em alguns não se realizou qualquer tipo de inventarização durante 30 anos.
Iúri Boldirev, um dos antigos responsáveis do Tribunal de Conta da Rússia (TCR), acusou o Governo do país de ter criado um sistema que permite "roubar sem controlo e impunemente" os tesouros do Museu do Ermitage. Durante inspecções realizadas em 1999 nesse museu pelo TCR, peritos descobriram mecanismos que permitiam roubar impunemente e que foram denunciadas violações que "poderiam ter servido para a instauração de um inquérito criminal".
Porém, segundo Bolderiev, "houve uma ordem superior para que os auditores não se envolvessem nesse assunto", concluindo que "o Governo favorece um sistema que "permite roubar tesouros e substituir os originais".
Mikhail Piotrovski, director do Ermitagew, anunciou que irá gastar 4,3 milhões de euros em 2007 em segurança, incluindo o controlo electrónico das entradas e saídas de funcionários, que também irão ver os seus salários aumentados para "não caírem em tentações".
Iúri Bolderiev, pelo seu lado, considera que as investigações irão encontrar "bodes expiatórios", mas o roubo no Ermitage não teria acontecido sem o conhecimento da direcção.
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