Parlamento ucraniano aprova Ianukovitch para Primeiro-ministro
A candidatura de Victor Ianukovitch recebeu os votos de 271 dos 450 deputados da Rada Suprema da Ucrânia, 54 mais do que os necessários para ser confirmado como Chefe do Conselho de Ministros.
A votação foi realizada na presença do Presidente da Ucrânia, Victor Iuschenko, que na véspera assinara um pacto de unidade nacional, que permitiu o acordo de coabitação no poder.
Victor Ianukovitch, político pró-russo e adversário de Iuschenko nas presidenciais de 2004, recebeu o apoio de 184 deputados do Partido das Regiões, por ele dirigido, 30 do Partido Socialista e 21 do Partido Comunista.
Votaram também nele 30 dos 80 deputados da Nossa Ucrânia, partido de Iuschenko, e 6 do Bloco Iúlia Timochenko.
O escrutínio mostrou que a maioria dos deputados da Nossa Ucrânia não apoiou a política do seu líder, tornando iminente uma cisão nesta força política. Quanto aos 6 deputados do Bloco de Timochenko que apoiaram Ianukovitch, deverão ser expulsos dessa força política.
O regresso de Ianukovitch, 52 anos, ao cargo de Primeiro-ministro do segundo maior país da Europa coloca uma série de questões não só políticas, mas também jurídico-morais.
Há pouco mais de um ano atrás, poucos eram aqueles que davam um “tostão” por este político do Leste da Ucrânia: acabara de ser vergonhosamente derrotado por Victor Iuschenko numas eleições presidenciais que o primeiro tentou falsificar e só a presença de centenas de milhar de pessoas nas ruas de Kiev defendeu a vontade real dos eleitores.
Além disso, tem um registo criminal muito pouco invejável, sendo de assinalar o facto de Ianukovitch ter passado duas vezes pela prisão a cumprir penas por “assalto” e “agressão” em 1967 e 1971.
A laranja depressa apodreceu
O rápido renascimento deste “fénix das cinzas políticas” deveu-se, essencialmente, à incapacidade de as forças que realizaram a “revolução laranja” e elegeram Iuschenko Presidente da Ucrânia desenvolver o programa alternativo de reformas, que visava aproximar este país da União Europeia e da Aliança Atlântica.
Em 2004, dizia-se que a “revolução laranja” foi feita pelos “milionários contra os multi-milionários” e estas palavras concretizaram-se no facto de as novas autoridades terem concentrado as suas atenções não na solução dos problemas do país, mas na luta por cargos e “tachos”.
Cegueira europeia
Além disso, a União Europeia também não soube responder aos anseios da população ucraniana. Não é segredo para ninguém que organizações norte-americanas e europeias investiram milhões de euros na vitória de Iuschenko, tendo a Rússia feito o mesmo em relação a Ianukovitch. Milhares de polacos, lituanos, estónios, letãos concentraram-se em Kiev para ajudar a vitória do “campo democrático”. Recorrendo à terminologia trotskista e estalinista, houve momentos em que se parecia tratar da exportação da “revolução democrática mundial”.
Mas, depois da vitória de Iuschenko, cada um foi para o seu país e a Ucrânia ficou entregue à sua sorte, voltando a mergulhar na luta entre clãs e grupos mafiosos e corruptos.
Moscovo sofreu uma pesada derrota, mas não desistiu da luta, tendo até utilizado “artilharia pesada” para castigar a nova direcção ucraniana: no dia 1 de Janeiro de 2006, o preço de mil metros cúbicos de gás russo para a Ucrânia subiu de 40 para mais de 200 euros. A União Europeia protestou, mas de forma pouco convincente para não irritar o Kremlin.
Iuschenko viu-se obrigado a pactuar com o seu mais perigoso rival para não pôr em causa a integridade territorial da Ucrânia. O Kremlin “esfrega as mãos de satisfação” e Bruxelas “respira de alívio” porque a crise passou, mas seria bom que a Europa acordasse para a situação e elaborasse uma política externa sintonizada para com o Leste do Continente, não se esquecesse que a Ucrânia fica no coração do Velho Continente e pode ser mais um infeliz precedente. Que se cuidem os dirigentes da Moldávia e da Geórgia, que tentam afastar-se da órbitra russa para se aproximar do Ocidente. Será que alguém está à espera deles?
Não se admirem, pois, que os países da chamada “Nova Europa”, ou seja, os que saíram da órbitra soviética e russa, sejam tão pró-americanos. Polacos, lituanos, estónios e letãos não duvidam que, caso a Velha Europa precise, eles serão os primeiros a sacrificar, tal como já foram em Agosto de 1939, quando perderam a independência devido ao Pacto de Molotov-Ribbentrop, assinado entre a Alemanha nazi e a União Soviética estalinista. Desta vez, podem ser vendidos ou trocados por hidrocarbonetos.
A candidatura de Victor Ianukovitch recebeu os votos de 271 dos 450 deputados da Rada Suprema da Ucrânia, 54 mais do que os necessários para ser confirmado como Chefe do Conselho de Ministros.
A votação foi realizada na presença do Presidente da Ucrânia, Victor Iuschenko, que na véspera assinara um pacto de unidade nacional, que permitiu o acordo de coabitação no poder.
Victor Ianukovitch, político pró-russo e adversário de Iuschenko nas presidenciais de 2004, recebeu o apoio de 184 deputados do Partido das Regiões, por ele dirigido, 30 do Partido Socialista e 21 do Partido Comunista.
Votaram também nele 30 dos 80 deputados da Nossa Ucrânia, partido de Iuschenko, e 6 do Bloco Iúlia Timochenko.
O escrutínio mostrou que a maioria dos deputados da Nossa Ucrânia não apoiou a política do seu líder, tornando iminente uma cisão nesta força política. Quanto aos 6 deputados do Bloco de Timochenko que apoiaram Ianukovitch, deverão ser expulsos dessa força política.
O regresso de Ianukovitch, 52 anos, ao cargo de Primeiro-ministro do segundo maior país da Europa coloca uma série de questões não só políticas, mas também jurídico-morais.
Há pouco mais de um ano atrás, poucos eram aqueles que davam um “tostão” por este político do Leste da Ucrânia: acabara de ser vergonhosamente derrotado por Victor Iuschenko numas eleições presidenciais que o primeiro tentou falsificar e só a presença de centenas de milhar de pessoas nas ruas de Kiev defendeu a vontade real dos eleitores.
Além disso, tem um registo criminal muito pouco invejável, sendo de assinalar o facto de Ianukovitch ter passado duas vezes pela prisão a cumprir penas por “assalto” e “agressão” em 1967 e 1971.
A laranja depressa apodreceu
O rápido renascimento deste “fénix das cinzas políticas” deveu-se, essencialmente, à incapacidade de as forças que realizaram a “revolução laranja” e elegeram Iuschenko Presidente da Ucrânia desenvolver o programa alternativo de reformas, que visava aproximar este país da União Europeia e da Aliança Atlântica.
Em 2004, dizia-se que a “revolução laranja” foi feita pelos “milionários contra os multi-milionários” e estas palavras concretizaram-se no facto de as novas autoridades terem concentrado as suas atenções não na solução dos problemas do país, mas na luta por cargos e “tachos”.
Cegueira europeia
Além disso, a União Europeia também não soube responder aos anseios da população ucraniana. Não é segredo para ninguém que organizações norte-americanas e europeias investiram milhões de euros na vitória de Iuschenko, tendo a Rússia feito o mesmo em relação a Ianukovitch. Milhares de polacos, lituanos, estónios, letãos concentraram-se em Kiev para ajudar a vitória do “campo democrático”. Recorrendo à terminologia trotskista e estalinista, houve momentos em que se parecia tratar da exportação da “revolução democrática mundial”.
Mas, depois da vitória de Iuschenko, cada um foi para o seu país e a Ucrânia ficou entregue à sua sorte, voltando a mergulhar na luta entre clãs e grupos mafiosos e corruptos.
Moscovo sofreu uma pesada derrota, mas não desistiu da luta, tendo até utilizado “artilharia pesada” para castigar a nova direcção ucraniana: no dia 1 de Janeiro de 2006, o preço de mil metros cúbicos de gás russo para a Ucrânia subiu de 40 para mais de 200 euros. A União Europeia protestou, mas de forma pouco convincente para não irritar o Kremlin.
Iuschenko viu-se obrigado a pactuar com o seu mais perigoso rival para não pôr em causa a integridade territorial da Ucrânia. O Kremlin “esfrega as mãos de satisfação” e Bruxelas “respira de alívio” porque a crise passou, mas seria bom que a Europa acordasse para a situação e elaborasse uma política externa sintonizada para com o Leste do Continente, não se esquecesse que a Ucrânia fica no coração do Velho Continente e pode ser mais um infeliz precedente. Que se cuidem os dirigentes da Moldávia e da Geórgia, que tentam afastar-se da órbitra russa para se aproximar do Ocidente. Será que alguém está à espera deles?
Não se admirem, pois, que os países da chamada “Nova Europa”, ou seja, os que saíram da órbitra soviética e russa, sejam tão pró-americanos. Polacos, lituanos, estónios e letãos não duvidam que, caso a Velha Europa precise, eles serão os primeiros a sacrificar, tal como já foram em Agosto de 1939, quando perderam a independência devido ao Pacto de Molotov-Ribbentrop, assinado entre a Alemanha nazi e a União Soviética estalinista. Desta vez, podem ser vendidos ou trocados por hidrocarbonetos.
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