quinta-feira, setembro 21, 2006

Jornalista no banco dos réus acusado de insultar o Presidente da Rússia



“Putin como símbolo fálico da Rússia”

Ivanovo, localidade situada a Nordeste de Moscovo, era conhecida por ser um importante centro textil russo, por ser a “cidade das noivas” (assim chamada devido à grande quantidade de mulheres bonitas que trabalham aos teares) e por ser o lugar da Casa Infantil Internacional, onde encontraram refúgio os filhos de militantes comunistas que viviam na clandestinidade nos seus países.
Porém, Ivanovo pode entrar novamente na história devido ao julgamento insólito que começou hoje, 21 de Setembro. Num dos tribunais dessa cidade está a ser julgado o jornalista Vladimir Rakhmankov (na foto) por “insultar um representante das autoridades”, mais precisamente o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
No dia 18 de Maio, Rakhmankov publicou o artigo “Putin como símbolo fálico da Rússia” no seu sítio electrónico http://www.cursiv.ru/ , onde abordava, com ironia e humor, as perspectivas do aumento da natalidade no país.
O jornalista analisava a mensagem anual do Presidente Putin à nação, principalmente o capítulo dedicado à crise demográfica na Rússia, mas o principal motivo que levou à escrita do artigo foi o comunicado do centro de imprensa da Câmara de Ivanovo sobre a reprodução, no jardim zoológico local, de cavalos, póneis e linces. O autor concluiu que os animais responderam operativamente ao apelo do Presidente.
No dia seguinte, funcionários da Pocuradoria-Geral (Ministério Público) invadiram a redacção do jornal, confiscaram os computadores e selaram as instalações. O apartamento do jornalista também foi revistado.
Nem o Presidente Putin, nem a sua administração apresentaram queixa, mas os representantes da Procuradoria-Geral em Ivanovo não deixaram escapar a oportunidade de castigar o “herege”.
A organização internacional “Repórteres sem fronteiras” condenou o encerramento do jornal electrónico e considerou essa acção uma perseguição política.
“A prática jurídica mostra que só o calão pode ser ofensivo. No meu artigo não há palavrões, nem nada que se pareça. Na realidade, a peritagem linguística mostrará tudo” – declarou Rakhmankov antes do início da sessão do tribunal.
Porém, a filóloga Elena Belova, perita convidada pela acusação pública, declarou que realizou a peritagem “exclusivamente do ponto de vista da filosofia ortodoxa”, e concluiu que “símbolo fálico” é um insulto ao Presidente.
Se o jornalista for considerado culpado, poderá ser condenado ao pagamento de uma multa de mais de mil euros ou a trabalhos administrativos.

1 comentário:

Macro disse...

De facto, a liberdade de expressão quer dizer muitas coisas em diferentes sítios do mundo, tamanha é a polissemia da linguagem

Lembra-se do que significava a "Democracias Populares"... eu pensava que eram as pluralistas, mas não, eram as de partido único com o cunho de "populares"..onde não havia nenhuma Liberdade de expressão

Quanto à quadra que ouço agora através da sua inconfundível vox: só digo: bem haja...

podemos tentar aproximar-nos dessa Verdade (queimando a angústia, mas ela sobrevirá com a fronteira da morte) ...

Julgo que era o Vergílio Ferreira q dizia q a "Verdade é um erro a aguardar vez."..

mais outro abraço
vou linkar o seu blog

Rui Paula de Matos