terça-feira, outubro 17, 2006

As portas da pátria

A recuperação de uma viagem Moscovo-Lisboa, via Talin e Francfurt, está a demorar algum tempo. Tanto mais quando as dificuldades surgem nos lugares mais previsíveis, mas onde mais nada se pode fazer do que deixar uma mensagem de indignação.
Quando um português se encontra no estrangeiro, pelo menos é o meu caso, não se cansa de dizer bem do país, e claro que existem motivos mais do que suficientes para isso. Mas quando chegamos às portas de Portugal, mais precisamente, ao Aeroporto da Portela, parece que tudo aí é feito para estragar a imagem de que estamos felizes por receber quem chega. Ou será que estamos a fazer um "frete"? Muitas obras e melhoramentos têm sido feitos nesse aeroporto, mas continua a faltar a atenção para com os passageiros.
Ontem, 16 de Outubro de 2006, chego no voo da Luthansa Francfurt-Lisboa com cerca de meia hora de atraso, mas isso acontece a qualquer companhia de aviação, até a uma alemã, conhecida pela pontualidade. Não é isso que me faz escrever. Chegados ao Aeroporto da Portela, um ecrã informa-nos que devemos recuperar a nossa bagagem na passadeira Nº7 e várias centenas de pessoas (o avião era bem grande) acreditam nisso e aguardam junto da dita passadeira. Depois de uma espera de cerca de meia hora, a boca da passadeira começou a "vomitar" malas de Francfurt, mas rapidamente parou.
Continuamos à espera, até que um alemão mais atento deu conta de ter visto a sua mala circular na passadeira Nº6. Toda a gente corre para lá e aguarda a chegada da sua bagagem. Estudei alemão no 6º e 7º do liceu e não posso gabar-me de conhecer minimamente a língua de Goethe, mas deu para entender que os rostos dos hóspedes alemães mostravam ser difícil compreender a lógica da mudança de passadeiras.
O mais surpreendente, porém, é que recomeçaram a sair malas de Francfurt pela passadeira Nº7, ou seja, os passageiros deviam acompanhar os movimentos das duas passadeiras para descobrir a sua bagagem. Tudo isso sem qualquer tipo de aviso ou anúncio.
Não sei quanto tempo estivemos à espera e à procura de malas, mas deu para fazer longos comentários. Uns jovens portugueses que esperavam ao meu lado, atribuíam a culpa ao facto de os "conservadores" resistirem à construção de um novo aeroporto na OTA, mas eu pensei: "maior aeroporto, maiores sarilhos!". Bastava um pequeno aviso sonoro para esclarecer a confusão, mas não.
Não sei quem está encarregado do bom funcionamento do Aeroporto de Lisboa: se a TAP, se a ANA, ou se alguma outra empresa, mas assim não vamos muito longe na tarefa de atrair mais turistas e fazer mais amigos do nosso país. Não custa nada, é só fazer um pequeno esforço para não fazer os passageiros, que pagaram o seu bilhete, andarem a correr de uma passadeira para a outra, como autênticos idiotas.
Quanto a fazer queixas, já as fiz anteriormente, e por escrito, mas continuo à espera de resposta. E que ninguém me venha com a justificação de que "na Rússia, as coisas ainda são piores!" e, como quem diz Rússia, diz outro país qualquer. O melhor é mesmo não confundir as passadeiras, afinal, se não me enganei nas contas, são apenas nove.
Entre os leitores assíduos deste blog está o Sr. Mikolik (pseudónimo, mas pessoa real) que é controlador aéreo na Portela. Caro leitor, eu sei que o tráfego aéreo tem muito pouco de comum com o tráfego de malas. Mas se as coisas funcionam muito bem nos "corredores celestes", por que é que não podem também correr numa tarefa muito mais simples como a entrega atempada da bagagem? Dê lá uma palavrinha aos senhores que dirigem os movimentos das malas...

3 comentários:

Mikolik disse...

Eu quando trabalhava no Porto Santo, chegava a Lisboa à 01:00, a viagem demorava 1h20min, as malas chegavam a demorar hora e meia, e nunca menos de 30 minutos. Porquê? Falta de pessoal é a razão principal, aliada ao obsoleto e ineficaz layout do aeroporto. Nos grande aeroportos existe maior automatismo, também porque os aviões ficam quase sempre em mangas de embarque junto à aerogare, cá em Lisboa é quase sempre preciso transporte de autocarro. Além disso nos grandes aeroportos é sempre preciso andar um pouco até chegar à saída, no nosso esse percurso é muito rápido, pelo que inevitavelmente as pessoas chegam primeiro que a bagagem. Também desconfio que eles em Lisboa são mais rigorosos na vistoria das malas por cães antes da saída no tapete, mas isso é apenas um palpite. Lisboa é um dos aeroportos com maior apreensão de droga, louve-se o trabalho da guarda fiscal..

Mas para mim a cereja em cima do bolo foi aquele período áureo em que a ANA teve a brilhante ideia de fazer o passageiro pagar 1 euro pelos carrinhos para transportar as malas, lembram-se disso? Acho que acabou por altura do Euro, talvez por vergonha...

Resumindo, a culpa dos atrasos da chegada das malas, não é tanto da ANA, mas das operadoras que fazem o chamado serviço de handling à companhias de aviação, são empresas sub-contratadas, em Lisboa só a TAP faz o seu próprio handling.

Para mais algum esclarecimento é só pedir.

Galv_BL disse...

Não posso dizer que seja uma pessoa muito viajada, mas em todos os aeroportos diferentes em que estive o único onde tive de esperar "eternamente" pelas malas foi mesmo no de Lisboa.
Na minha última viagem à Madeira as malas demoraram tanto tempo a chegar como a própria viagem.
E naturalmente a culpa morre solteira ...

VFernandes disse...

Nos dois ultimos anos e a viajar de tres em tres meses, essa situacao ja me aconteceu quatro vezes. Ou tenho muito azar ou isto acontece com frequencia. Posso queixar-me de muitos aspectos do Sheremetyevo ou do Demodedovo mas nao das passadeiras de bagagem. Ou talvez possa...