Este tema sofreu um forte impulso depois da chegada ao Kremlin do Presidente Putin, em 2000, quando na Rússia se começa a discutir o rumo a tomar pelo país.
Vou limitar-me a publicar textos escritos sobre o tema, sem qualquer tipo de comentário, porque as conclusões são tiradas pelos meus leitores. Publicarei também os dados sobre as obras de onde foram retirados textos e citações para puderem ser utilizados por estudiosos que se interessam por esta matéria.
Estas notas ajudarão também a compreender que tipo de imagem de Portugal chega à Rússia.
"Cravos Vermelhos para António Salazar".
Dan Medovnikov. In revista "Ekspert" Nº 22 (282) de 11 de Junho de 2001
“...Chegado ao poder em 1932, o professor de economia António Salazar coloca perante si a tarefa de renascimento do Grande Portugal. Na base do Estado Novo são colocados vários axiomas simples: a unidade da nação, a organização corporativa do Estado, o apoio no mercado interno e o catolicismo extremo. Por estranho que pareça, no país começou um crescimento económico nunca visto. Desenvolveram-se as indústrias ligeira e pesada, a moeda nacional reforçou-se, Lisboa transformou-se num grande estaleiro, foi construída a famosa ponta no rio Tejo e apreceram novas praças e bairros, que continuam a definir em grande parte o rosto da capital portuguesa. Salazar, não obstante a sua simpatia para com Mussolini, conseguiu conservar a neutralidade na Segunda Guerra Mundial e conceder atempadamente as ilhas dos Açores como base naval da Armada da Grã-Bretanha.
A tentativa de modernização de Portugal terminou em 1974 com a revolução dos “cravos vermelhos” e com a chegada da esquerda ao poder. A economia nacional começa novamente a degradar-se e os sonhos de aproximação ao primeiro mundo mostram ser cada vez mais ilusórios. Portugal transforma-se num dos país europeus mais pobres. Em parte, a salvação está nos subsíduos da UE (em 1986, Portugal ingressou nessa organização), mas, em geral, a saúde económica do país deixa muito a desejar: as docas, que se estendem ao longo do cais lisboeta, estão paradas; o país, situado numa faixa climatérica favorável, tem de importar carne e trigo. E não só trigo! A falta de peixe no mercado interno é compensada por fornecimentos da Islandia, Noruega e Rússia. O parque automóvel de Portugal está fortemente estragado e nos velhos bairros da cidade não há canalização. Tentem subir pelas ruelas sinuosas de Lisboa até ao castelo principal da cidade (que sobreviveu ao terramoto): Sao Jorge Castle (sic)! O turista distraído, durante todo o caminho, arrisca-se a pisar excrementos humanos.
Porém, agora, as prostitutas lisboetas de segmento médio e alto satisfazem as suas “ambições coloniais” de forma bastante original. Uma das herdeiras do Grande Portugal que prefere trabalhar com estrangeiros abastados, respondeu-me sinceramente sobre os motivos que a levaram a escolher essa profissão: “Compreendes, eu trabalho o ano inteiro e, depois, vou passar um mês a gozar na nossa antiga colônia: Brasil. Aí sinto-me como uma senhora de respeito e, imagina, as prostitutas locais são bem mais baratas”.
Henry Kissinger, recentemente, declarou que a Rússia de Putin será semelhante a Portugal da era da ditadura de António Salazar. Mesmo se não entrarmos em pormenores da politilogia comparativa, compreendemos que o antigo Secretário de Estado dos EUA nos queria ofender. O vosso correspondente (o autor do texto) já tinha ficado indignado na prática, mas, no mês passado, teve a oportunidade de visitar Lisboa e conhecer Portugal mais pormenorizadamente. Afinal, não há motivos para ficar indignado”.
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