Mas para extrair o filão é preciso organizar meios e, aqui, os problemas são complicados. Tanto as expectativas, como os problemas neste campo estão reflectidos nos textos e fotos abaixo publicados.
Foto 1. O Secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, ficou mesmo surpreendido com as oportunidades do mercado russo
“A impressão é extremamente positiva, fiquei desde logo com a convicção profunda de que se trata de um mercado com enorme potencialidade para Portugal” – declarou à Lusa Bernardo Trindade, Secretário de Estado do Turismo, no seu primeiro dia da visita oficial à capital russa.
Após uma reunião com dirigentes da Associação de Operadores Turísticos da Rússia, Bernardo Trindade estava optimista: “Actualmente, estamos a falar de 14 mil turistas russos que visitam Portugal por ano, é um número muito baixo, mas há da parte dos operadores a grande convicção de que Portugal é um país que pela sua diversidade, cultura, gastronomia, belas praias, segurança, desperta enorme interesse em ser visitado”.
A nova legislação russa sobre o turismo traz novas garantias às empresas estrangeiras que trabalham no mercado turístico russo.
“Hoje há 16 mil operadores turísticos russos, mas a lei vai limitar o acesso em termos de certificação. Eles terão de dar garantias bancárias, o que cria maior confiança nos parceiros internacionais” – declarou Bernardo Trindade.
Além disso, os turistas russos impõem-se pelo seu forte poder de compra. “Em termos de consumo médio, um turista russo vale quase que dez turistas alemães, que é um dos nossos mercados maiores” – frisou o Secretário de Estado do Turismo, acrescentando que o objectivo é fazer com que o mercado russo de turismo esteja entre “os dez principais para Portugal”.
Estas declarações foram feitas num recinto gigantesco onde decorre a a Feira Internacional de Turismo “Intourmarket-2007”, mas onde é difícil encontrar o pavilhão de Portugal, que tem uma área de 12 metros quadrados (foto 2).
Bernardo Trindade considerou que “hoje, indiscutivelmente, é uma limitação que reconhecemos”, mas acrescentou que se trata da primeira presença de Portugal no certame.
“Foi-nos dito que, no próximo ano, a Intourmarket fará um dia dedicado a Portugal e as autoridades portuguesas irão empenhar-se para que tudo seja diferente nesse aspecto” – sublinhou Bernardo Trindade.
O Secretário de Estado está também a realizar contactos com vista a aumentar o número de ligações aéreas entre a Rússia e Portugal.
“Actualmente há um voo semanal entre Moscovo e Lisboa, sendo, no Verão, alargado para dois voos entre as capitais e um para Faro. A nossa perspectiva é ter uma reunião quer com a Krasair (companhia de aviação russa), quer com o Ministério dos Transportes, quer com a Associação dos Operadores de Turismo para criar condições para que a oferta de transporte aéreo seja alargada” – concluiu o Secretário de Estado.
Além disso, Bernardo Trindade prometeu aumentar a publicidade turística de Portugal em língua russa, nomeadamente através o site www.portugal.com vai estar disponível em russo.
Foto 2. Este pavilhão era mesmo minúsculo, mas prometem um maior para o ano
Foto 3. Na Feira Internacional de Turismo, o pavilhão português era bem maior.
A Feira Internacional de Turismo de Moscovo, que está a decorrer hoje e amanhã, revela as potencialidades cada vez maiores do mercado russo para Portugal, mas os operadores turísticos portugueses são unânimes a afirmar que é preciso superar sérios obstáculos para que se possa atrair um número significativo de turistas russos.
No ano passado, cerca de 14 mil turistas russos visitaram Portugal.
O stand do Turismo de Portugal na Feira (fotos 3 e 4) é bem mais amplo do que nos anos anteriores, apresentando condições dignas de trabalho para os mais de uma dezena de representantes de regiões, empresas de turismo e hotéis portugueses.
“Portugal é um país que está cada vez mais na moda na Rússia, mas o vosso país tem de criar condições para que os russos o possam visitar” – declarou à Lusa Elena, funcionária de uma agência de turismo russo que vende Portugal.
O problema central é a oferta insuficiente de transporte aéreo directo entre a Rússia e Portugal. Presentemente, entre Moscovo e Lisboa existe um voo semanal da companhia aérea russa Krasair, empresa que vai aumentar para dois o número de voos a partir de Julho. Além disso, entre Junho e Setembro, um charter semanal faz a ligação de Moscovo com Faro.
Isabel Ribeiro, operadora de turismo portuguesa, frisa que “se esse problema não for resolvido, corremos o risco de este ano termos menos turistas russos do que nos anos anteriores”, acrescentando que “o preço dos bilhetes Moscovo-Lisboa-Moscovo poderá situar-se, no Verão, entre 600 e 750 euros, o que anula o nosso poder de concorrência em relação a outros países”.
Além disso, alguns operadores de turismo portugueses chamam a atenção para a concorrência desleal por parte da Alto Sol, empresa luso-russa de turismo.
“Há três anos atrás, enviámos uma queixa à Direcção Geral de Turismo contra a Alto Sol por dumping, venda ilegal de bilhetes no aeroporto e instalações ilegais em Albufeira, mas até agora não houve qualquer reacção” – declarou à Lusa Francisco Paulino, representante da Quasar na Feira de Moscovo”.
Isabel Ribeiro apoia essas acusações, acrescentando que “a Alto Sol foi apanhada pelas nossas autoridades a falsificar assinaturas e documentos, mas ninguém faz nada em Portugal”.
O aumento do número de voos da Rússia para Portugal é dificultado pela burocracia portuguesa. O Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC) só concede à Krasair licenças de voo para seis meses, o que não permite à transportadora fazer planos a médio e longo prazo.
“Esse problema irá ser resolvido à medida que os nossos contactos com as autoridades russas se aprofundarem. Estamos a dar passos nesse sentido para conseguir aumentar o fluxo de turistas russos para Portugal” – declarou à Lusa Bernardo Trindade, Secretário de Estado do Turismo, antes de uma reunião com dirigentes da companhia aérea Krasair.
A falta de guias legais portugueses que saibam falar russo é outro obstáculo a superar.
“Quando não temos legais, recorremos a “semi-legais”, não há outra saída” – sublinhou Francisco Paulino.
Segundo os operadores portugueses, em Portugal trabalham legalmente quatro ou cinco guias que sabem falar russo, o que é claramente insuficiente.
“Tivemos um encontro com o vice-reitor de um Instituto de Turismo e acordamos trocar estudantes e organizar estágios. Essa será uma das vias para resolver esse problema” – comentou Bernardo Trindade.
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