domingo, março 18, 2007

Ocidente perde monopólio na direcção do processo de globalização


A situação internacional actual mostra que o mundo unipolar não se tornou realidade, considerou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, numa reunião do Conselho para a Política Externa e Defesa da Rússia (CPEDR).

“Diminui objectivamente o crescimento hipertrofiado dos Estados Unidos nos assuntos mundiais. Torna-se claro o significado do factor russo na política russa. A situação actual mostra que o mundo unipolar não se tornou realidade, nem se podia tornar” – declarou o dirigente da diplomacia de Moscovo, sublinhando que “a prática mostrou que nenhum potência tem recursos político-militares ou económicos para solucionar os problemas mundiais globais”.

Lavrov considera que “nos Estados Unidos continua a haver muitas pessoas que não podem rever as suas posições e pronunciar a palavra “multipolaridade””, frisando que “ao mesmo tempo, é evidente o aparecimento de novos centros de força que competem pelo aceso aos recursos naturais e à influência na política mundial”.

“O Ocidente perde o monopólio na direcção do processo de globalização” – sentenciou Serguei Lavrov.

O chefe da diplomacia russa voltou a afirmar que carece de fundamento a tese sobre a chantagem energética por parte da Rússia.

“Ninguém e nunca foi provado que a tese sobre a chantagem energética (por parte da Rússia) tem qualquer tipo de fundamento, que nós violámos pelo menos um compromisso, um contrato” – frisou o ministro na reunião do CPEDR, acrescentando: “admito que por detrás disso estejam tentativas de encurralar a Rússia no nicho das matérias-primas energéticas. Devemos não permitir isso.

Segundo o ministro, “a lógica diz que as conhecidas divergências com a Ucrânia e a Bielorrússia deviam ter convencido o Ocidente de que a Rússia não nutre intenções imperiais, mas quer construir relações normais”.

Serguei Lavrov admite que outras potências possam ter interesses nos países da Comunidade dos Estados Independentes, mas adverte, sem avançar pormenores concretos, que “não nos deixaremos embarcar em provocações”.

Ao concluir a sua intervenção, o ministro russo defendeu a criação de “mecanismos de interacção Rússia-União Europeia-Estados Unidos para solucionar as questões internacionais agudas”.

“Já temos o rebento dessa interacção: além da ONU, existem mecanismo como o G-8, o Quarteto para o Médio Oriente e o Sexteto para o Irão”.

O Conselho para a Política Externa e Defesa da Rússia é uma organização não governamental que reune conhecidos analistas políticos, militares e cientistas russos. Nas suas reuniões, os membros do CPEDR elaboram recomendações para os dirigentes do país no campo das relações internacionais e da defesa nacional.

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