quinta-feira, março 15, 2007

Crime organizado controla regiões mais ricas e desenvolvidas da Rússia

A direcção do Ministério do Interior da Rússia reconhece que as regiões mais ricas e economicamente mais desenvolvidas do país se encontram sob o controlo do crime organizado, escreve o diário Novie Izvestia, citando dados apresentados numa reunião fechada da direcção desse ministério.

Segundo este diário de Moscovo, o ministro Rachid Nurgaliev anunciou, nessa reunião, a redução brusca do número de crimes na Rússia, mas reconheceu que “a máfia está mais forte do que nunca”. “Os peritos – continua o Novie Izvestia – calculam que na Rússia actuam até 10 mil grupos criminosos organizados, com 300 mil membros”.

O jornal revela um documento do Ministério do Interior onde se reconhece que a luta contra o crime organizado “é insuficientemente ofensivo” e os dirigentes mafiosos “não recebem a resposta adequada da parte das autoridades policiais em Moscovo, São Petersburgo e na Região de Leninegrado, nas regiões de Krasnodar e Stavropol”. Em regiões como Krasnoiarsk, Novgorod, Volgogrado, Kirov, Samara e Khanti-Mansii, “as acções dos órgãos policiais com vista a retirar as empresas de sob o controlo de grupos criminosos organizados não são complexas e eficazes”.

O documento constata que, no ano passado, a polícia conseguiu descobrir um número menor de crimes cometidos por grupos organizados em 38 regiões da Rússa. Em 25% das regiões do país, entre as quais se encontra a Tchetchénia, não foi descoberto nenhum crime e, em 13 regiões, apenas um.

“Partindo desses dados, pode-se concluir: ou a máfia não existe aí, ou ela tornou-se definitivamente o senhor da situação e, por isso, ninguém a combate” – conclui o Novie Izvestia.

Alexei Mukhin, director do Centro de Informação Política, declara que a luta contra o crime organizado deixou de existir em 2000-2001, quando as direcções regionais de combate ao crime organizado foram dissolvidas e as suas funções passaram para a polícia criminal, que estava ocupada no combate ao delito comum.

“No fundo, ninguém combateu a máfia e os chefes do crime começaram activamente a legalizar-se, a ocupar cargos de direcção em empresas e fundos, bem como a infiltrar-se no poder, principalmente no legislativo” – declara Mukhin, acrescentando que “hoje, raro é o parlamento regional onde não exista pelo menos um deputado com biografia criminal”.

Valeri Diatlenko, vice-presidente do Comité para a Segurança da Duma Estatal (Câmara Baixa) do Parlamento russo, declarou ao Novie Izvestia que tem conhecimento de “casos concretos em que os grupos de crime organizado pagam a eleição ou nomeação de homens seus para órgãos do poder legislativo e executivo”.

Segundo o diário russo, “a “economia subterrânea”, parte significativa da qual é controlada pela máfia, constitui de 20 a 25% do PIB da Rússia, enquanto que, nos países desenvolvidos do mundo, esse número varia entre 5 e 10% do PIB”.

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