quarta-feira, maio 30, 2007

Moscovo responde com ensaio de míssil balístico ao sistema de defesa anti-míssil americano


A Rússia testou no dia 28 com êxito um novo míssil balístico intercontinental RS-24 com ogiva separavél, que deverá substituir os obsoletos RS-18 “Stilet” e o RS-20 “Satanás”, anunciaram os militares russos.

Serguei Ivanov, primeiro-vice-primeiro-ministro do Governo russo, que esteve presente no ensaio, declarou que o não cumprimento do Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa e a não eficácia do Tratado soviético-americano sobre mísseis de curto e médio alcance “obrigam a Rússia a criar uma nova arma de alta precisão”.

Ivanov, que é visto como o sucessor de Putin no Kremlin em 2008, declarou que a Rússia irá ter em conta o factor da instalação na Europa de Leste de mísseis de curto e médio alcance.

“Tudo isso representa para nós um perigo real e as consequências poderão ser imprevisíveis” – declarou o primeiro vice-primeiro-ministro numa reunião da Comissão Militar-Industrial, realizada no polígono de ensaios de Kapustin-Iar, acrescentando que “nestas condições, é necessário garantir às nossas tropas armas modernas e altamente precisas”.

“O lançamento do protótipo no novo míssil balístico intercontinental R-24, equipado com uma ogiva separável, foi realizado às 14.20 minutos (11.20 em Portugal continental) do Cosmódromo Público de Ensaios Plesetsk (no Norte da Rússia) a partir de uma plataforma móvel” – declarou o ministro da Defesa da Rússia, Anatoli Serdiukov.

Serdiukov sublinhou que “o míssil RS-24 aumentará as possibilidades combativas do grupo de vanguarda das Tropas de Defesa Anti-Aérea da Rússia na superação dos sistemas de defesa anti-mísseis e reforçar o potencial de contenção nuclear das forças nucleares estratégicas russas” – declarou uma fonte militar à agência Interfax.

No mesmo dia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia lançou um apelo para a convocação urgente de uma conferência internacional para discutir a situação criada em torno do Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa.

“A Federação da Rússia espera que na conferência extraordinária será realizada uma série discussão da situação criada em torno do Tratado nos últimos anos” – lê-se num comunicado publicado pela diplomacia russa em Moscovo.

No documento assinala-se que a Rússia dirigiu um pedido ao depositário do Tratado, o Governo holandês, para que seja convocada uma conferência extraordinária dos países participantes no Tratado para 12-15 de Junho em Viena.

Moscovo considera que “os problemas sérios que surgiram no cumprimento do Tratado foram provocados pelos países da NATO, que não o cumprem, nem ratificam o Acordo sobre a Adaptação do Tratado”.

A Aliança Atlântica, pelo seu lado, declara que os seus membros não ratificarão esse documento enquanto Moscovo não retirar as suas tropas da Transdnistria (enclave separatista na Moldávia) e da zona do conflito entre a Geórgia e a região separatista da Ossétia do Sul.

A promessa de retirada de tropas foi feita pelo antigo Presidente da Rússia, Boris Ieltsin, mas revista pelo actual dirigente do Kremlin.

Na conferência de imprensa realizada após o encontro com José Sócrates, o Presidente Putin chamou a atenção para a Europa se poder transformar num “barril de pólvora” com a instalação de novos tipos de armas.

O dirigente russo chamou a atenção do primeiro-ministro português para o facto de o Ocidente não querer ratificar o Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa e para a intenção dos Estados Unidos de instalar elementos de defesa anti-míssil na Europa do Leste.

“A nossa posição é conhecida. Considerámos prejudicial e perigoso transformar a Europa num barril de pólvora com novos tipos de armas” – frisou Putin, e acrescentou: “Repito, isso ctia novos e desnecessários riscos para todo o sistema de relações internacionais e europeias”.

Putin declarou também que, durante as conversações russo-portuguesas, “fiquei satisfeito por ver que as nossas abordagens são, em grande parte, consonantes”.

“Isto é uma boa base para a interação da Rússia e de Portugal no quadro das estruturas e organizações multilaterais” – rematou o dirigente russo.

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