Ontem à noite, estava eu a ver o programa noticioso "24 horas" do canal de televisão russo "REN-TV", um dos poucos órgãos de informação independentes que restam na Rússia.
Fui surpreendido, digamos mesmo que "fiquei colocado" ao ecrã, quando foi anunciada uma reportagem de Portugal, coisa muito rara nos órgãos de informação deste país que me alberga há quase 30 anos.
Uma jovem jornalista (não decorei o nome, coisas da idade) realizou uma reportagem sobre os "nossos" (como chamou às pessoas que saíram dos países do antigo espaço soviético para encontrar melhor vida em Portugal). À medida que a reportagem avançava, ia aumentando a minha surpresa, pois passei a conhecer "facetas inesperadas" do meu país.
A reportagem começa com uma visita à casa de uma família de imigrantes ucranianos no Algarve, mais precisamente pela casa de banho, onde estava instalado um alambique para fabricar "samogon" (aguardente caseiro)! A justificação não me surpreendeu: as pessoas não renunciam às tradições. Assim seja!
Depois, a jovem repórter descreve Portugal como um autêntico paraíso para os imigrantes: os portugueses "tratam bem os estrangeiros, porque foi um país de emigrantes"( o que penso que corresponde à verdade), "as pessoas não precisam de contrato, nem de visto de trabalho" para entrar no nosso país, mas "basta um visto de turismo", porque "a polícia não manda parar ninguém na rua para verificar documentos" (coisa impossível de imaginar em Moscovo, onde a polícia trava todo aquele que tem ar de asiático ou caucasiano para verificar os documentos e, com ou sem razão, extorquir dinheiro), "os empregadores também não exigem a apresentação de documentos" e, agora vem algo ainda mais interessante, "depois de se trabalhar em Portugal três anos (nas condições anteriormente descritas), fica-se com direito a receber a autorização de residência"!!!
Todos os exemplos apresentados são de russos e ucranianos que tiveram êxito na sua odisseia portuguesa, como se não existissem muitos outros (pelo menos a repórter não os mostrou) que se viram sem emprego, sem abrigo, numa palavra, na miséria.
Não sei quem informou a jovem repórter russa, mas penso que não foi o Dr. Luís Marques, Alto Comissário para os Refugiados, que faz declarações na citada reportagem. Não se consegue compreender as suas palavras, porque são abafadas pela voz do tradutor, mas a ideia transmitida é que Portugal está muito grato pela vinda de imigrantes, tanto mais que por detrás dele vê-se um cartaz onde está escrito "Obrigado", mensagem dirigida (penso eu) àqueles que vieram de fora e contribuíram para o desenvolvimento do nosso país.
Escusado será dizer que não tenho nada contra os imigrantes, porque, além de ser de uma família de emigrantes portugueses (pescadores de bacalhau, marinheiros da marinha mercante, da pesca de longa distância), sou também emigrante e compreendo como é difícil ser imigrante, mesmo que não tenha trabalhado na construção civil ou na agricultura.
Mas o que me indigna é ver como se faz publicidade grátis de imigração ilegal. O sinal desta estação de televisão ultrapassa as fronteiras da Rússia e chega a outros Estados vizinhos. Por isso, não admira que, depois dos ucranianos e dos moldavos, chegou a vez dos uzbeques e kirguizes e, dentro de algum tempo, comecem a aparecer tadjiques. Todos enganados pela publicidade grátis de um "novo paraíso".
Só não quero acreditar que a jornalista tenha viajado ao nosso país com o apoio de alguma instituição pública portuguesa...
Fui surpreendido, digamos mesmo que "fiquei colocado" ao ecrã, quando foi anunciada uma reportagem de Portugal, coisa muito rara nos órgãos de informação deste país que me alberga há quase 30 anos.
Uma jovem jornalista (não decorei o nome, coisas da idade) realizou uma reportagem sobre os "nossos" (como chamou às pessoas que saíram dos países do antigo espaço soviético para encontrar melhor vida em Portugal). À medida que a reportagem avançava, ia aumentando a minha surpresa, pois passei a conhecer "facetas inesperadas" do meu país.
A reportagem começa com uma visita à casa de uma família de imigrantes ucranianos no Algarve, mais precisamente pela casa de banho, onde estava instalado um alambique para fabricar "samogon" (aguardente caseiro)! A justificação não me surpreendeu: as pessoas não renunciam às tradições. Assim seja!
Depois, a jovem repórter descreve Portugal como um autêntico paraíso para os imigrantes: os portugueses "tratam bem os estrangeiros, porque foi um país de emigrantes"( o que penso que corresponde à verdade), "as pessoas não precisam de contrato, nem de visto de trabalho" para entrar no nosso país, mas "basta um visto de turismo", porque "a polícia não manda parar ninguém na rua para verificar documentos" (coisa impossível de imaginar em Moscovo, onde a polícia trava todo aquele que tem ar de asiático ou caucasiano para verificar os documentos e, com ou sem razão, extorquir dinheiro), "os empregadores também não exigem a apresentação de documentos" e, agora vem algo ainda mais interessante, "depois de se trabalhar em Portugal três anos (nas condições anteriormente descritas), fica-se com direito a receber a autorização de residência"!!!
Todos os exemplos apresentados são de russos e ucranianos que tiveram êxito na sua odisseia portuguesa, como se não existissem muitos outros (pelo menos a repórter não os mostrou) que se viram sem emprego, sem abrigo, numa palavra, na miséria.
Não sei quem informou a jovem repórter russa, mas penso que não foi o Dr. Luís Marques, Alto Comissário para os Refugiados, que faz declarações na citada reportagem. Não se consegue compreender as suas palavras, porque são abafadas pela voz do tradutor, mas a ideia transmitida é que Portugal está muito grato pela vinda de imigrantes, tanto mais que por detrás dele vê-se um cartaz onde está escrito "Obrigado", mensagem dirigida (penso eu) àqueles que vieram de fora e contribuíram para o desenvolvimento do nosso país.
Escusado será dizer que não tenho nada contra os imigrantes, porque, além de ser de uma família de emigrantes portugueses (pescadores de bacalhau, marinheiros da marinha mercante, da pesca de longa distância), sou também emigrante e compreendo como é difícil ser imigrante, mesmo que não tenha trabalhado na construção civil ou na agricultura.
Mas o que me indigna é ver como se faz publicidade grátis de imigração ilegal. O sinal desta estação de televisão ultrapassa as fronteiras da Rússia e chega a outros Estados vizinhos. Por isso, não admira que, depois dos ucranianos e dos moldavos, chegou a vez dos uzbeques e kirguizes e, dentro de algum tempo, comecem a aparecer tadjiques. Todos enganados pela publicidade grátis de um "novo paraíso".
Só não quero acreditar que a jornalista tenha viajado ao nosso país com o apoio de alguma instituição pública portuguesa...
3 comentários:
Caros leitores, faço novamente um apelo: este blog chama-se "darussia" e não "dosestadosunidos". Por isso, comentem o que está escrito neste blog.
artigo recente no Diário Económico:
"Imigração ilegal 2007-05-16 08:05
Portugal é paraíso de exploração de ilegais
Imigração ilegal e falta de penas na lei nacional será o grande desafio do novo ministro, Rui Pereira. Comissário europeu lamenta que António Costa saia agora."
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/994267.html
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